Texto porFlávia Saad
Santos (SP)

Fotos aéreas de Santos eram os “drones” do passado

Ver fotos incríveis de Santos de cima é super comum hoje em dia. No Instagram, vários perfis incríveis se dedicam a registrar, com a ajuda de drones, um ângulo diferente da cidade em que circulamos todos os dias. Mas sabia que, há mais de 100 anos, os fotógrafos já arriscavam fazer fotos aéreas de Santos?

Em 15 de maio de 1921, o fotógrafo Agnello Santos da revista Flamma embarcou em um pequeno hidroavião para registrar a cidade de um jeito nunca antes visto.

E é muito legal ver como essas imagens mostram que a cidade ainda estava em crescimento.

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Fotos aéreas: como tudo começou

A prática de fotografar as paisagens de cima começou em 1858, quando o francês Félix Nadar voou sobre Paris em um balão de ar quente com uma câmera escura. Ele apontou o equipamento para o solo e conseguiu o registro da cidade-luz. Dois anos depois, James Black e Samuel King conseguiram, após várias tentativas fracassadas, registrar uma bela imagem panorâmica da cidade de Boston, tornando-a a primeira aerofotografia feita nas Américas. A partir daí, outras experiências foram desenvolvidas, mas sempre a partir de voos em balões. Somente em 1908 o avião passou a ser utilizado para este tipo de atividade.

No Brasil, o ano era 1916 quando o repórter Jorge Kfuri produziu a primeira foto aérea, no Rio de Janeiro. A partir dessa experiência, o país iniciou uma ampla campanha para levantar material para a produção de cartas geográficas e mapas.

E onde entra Santos nessa história? Bom, já éramos um importante centro de aviação nos anos 1910. Na década seguinte, uma base aeronaval surgiu aqui.

Então, o capitão-tenente Virginius de Lamare – o mesmo que fez o voo pioneiro no Rio – convidou a imprensa para fazer um voo e Agnello aceitou a missão de capturar as primeiras imagens aéreas da cidade. Ou seja, mais um inovador em nosso território.

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E como foi a viagem?

Era um domingo de tempo bom, dia 15 de maio, quando o jovem fotógrafo da Flamma embarcou na aeronave.

Ele levou sua “folding camera” (câmera dobrável que gerava negativos de 4 a 5 polegadas, perfeita para fazer cartões postais) e fotografou do cockpit da aeronave. Esse modelo é similar aos utilizados naquele tempo:

O capitão-tenente partiu de perto da Alfândega e subiu na direção da cidade vizinha de Cubatão. Em seguida, partiu rumo aos morros de Santos.

Agnello estava preparado para a missão: levou consigo dez filmes para capturar as imagens aéreas da cidade. A maior dificuldade? Não tremer e, acima de tudo, apertar o botão no momento certo. O fotógrafo tomou coragem e mirou sua câmera para a paisagem do Porto de Santos, a mais de 1.000 metros de altura, de onde dave pra ver toda a cidade.

Imagina só: O Monte Serrat parecia uma formiguinha aos olhos dos viajantes aéreos. Mas o que realmente impressionava eram os cursos dos rios que cortavam a ilha Barnabé e parte da Santos continental. Relatos da época dão conta de que era possível até ver peixes nadando!

De Lamare deu algumas voltas antes de retornar em direção à Barra. Ao passar pela linha da orla praiana, Agnello tirou fotos em duas direções. Primeiro, para os lados do Itararé, sobrevoando nas proximidades da Ilha Urubuqueçaba. Depois, virou para o lado oposto, na direção do José Menino e Gonzaga, e capturou uma imagem de tirar o fôlego da cidade.

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Visão privilegiada

Rolaram outras fotos, mas apenas três acabaram sendo publicadas na edição de junho de 1921 da revista Flamma. Naquela época, elas causaram um baita rebuliço entre os santistas, que nunca tinham visto a cidade de cima. Algumas delas até viraram cartões postais.

Agora, a gente conta com visões belíssimas no Instagram que mantém vivo o legado de Agnello Santos, como os perfis Drone 013 e Malta Drone.

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Gostou desse conteúdo? Ele foi inspirado pelo Memória Santista, um arquivo delicioso de histórias de Santos.