Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

Mulheres nas ruas de Santos: 9 nomes que deveriam ser eternizados

Santos, 2023.

O mapa da cidade contabiliza 1.306 ruas oficiais. Das quais 968 têm nomes masculinos, 153 levam nomes de cidades, países ou santos católicos, 133 simplesmente não foram nomeadas e 52 homenageiam mulheres.

A cidade com a maior população feminina do país tem menos de 4% de seu mapa com o nome delas. Não por falta de opções, é claro.

Mulheres que poderiam ser eternizadas nas ruas de Santos

1. Alzira dos Santos Rufino

Ativista na luta pela igualdade racial e enfermeira, Alzira nasceu em Santos e, em resumo, é uma batalhadora incansável na luta pelos direitos da mulher, sobretudo da mulher negra.

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Entre outras coisas, foi precursora do Coletivo de Mulheres Negras da Baixada Santista. Também foi a primeira escritora negra a ter seu depoimento registrado pelo Museu de Literatura Mário de Andrade, de São Paulo, precursora do Afro empreendedorismo em Santos e Fundadora da Casa de Cultura da Mulher Negra em Santos.

Em 2021, ela nomeou a Feira de Afrompreendedorismo. Faleceu em 2023, sempre lutando. Por isso, a homenagem seria mais do que justa.

2. Lydia Federici

Apesar de nascida em São Paulo, Lydia viveu em Santos desde a infância.

Por aqui, deu início a carreira de atleta de voleibol e chegou a treinar equipes que defenderam a cidade nos Jogos Abertos do Interior. Mas, por conta de uma contusão precisou largar o esporte. Começa, então, a trabalhar com jornalismo em A Tribuna de Santos.
Tornou-se uma figura conhecida e querida pelos santistas.

Entre seus textos, uma das pautas mais populares era suas propostas criativas para a promoção de ações em causas sociais. Entre as quais está, por exemplo, a montagem de uma árvore de natal solitária na qual 1.200 lâmpadas seriam acesas, desde fossem compradas por quem passava pelo local.

O valor seria destinado às entidades sociais de Santos.

3. Renata Agondi

A natação em àguas abertas ainda estava começando no Brasil e Renata Agondi já era vista como uma promessa da modalidade. Assim como Ana Marcela, que ganhou o ouro nas Olimpíadas de Tóquio, ela treinava aqui em Santos e era patrocinada pela Unisanta.

A história da atleta santista, no entanto, não teve um final feliz.

Em 23 de agosto de 1988, ela tentou atravessar o Canal da Mancha (entre a Inglaterra e a França) e também queria quebrar o recorde nacional feminino. Mas acabou morta no meio do desafio, por conta das baixas temperaturas da água.

Clique aqui para conferir a história completa

4. Gilze Francisco

Conhecida por fundar e presidir o Instituto Neo Mama, Gilze Maria da Costa Francisco batalhou pelo bem estar das pacientes de câncer de mama de Santos e região. O Neo Mama, inclusive, é uma referência nacional quando o assunto é a luta contra o câncer de mama e assistência às pacientes.

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Também foi ela que, em 2007, introduziu no Brasil o movimento popular mundial de conscientização do câncer de mama, Outubro Rosa.

Em 2021, foi uma das vítimas da COVID-19.

5. Antonieta Dias de Morais

A autora ganhou prêmios em países europeus, traduziu sua literatura e levou um pouco de Santos para o mundo.

Começou a publicar seus livros e obter sucesso e prêmios na Europa, onde viveu alguns anos. Ao voltar para o Brasil, começou a publicar e ganhar prêmios por aqui. Seus mais de 30 livros publicados em prosa ou poesia têm endereço certo: crianças e jovens, e todos eles quase sempre numa linguagem muito bem humorada.

6. Maria Baccarat

Maria Arruda Baccarat, em resumo, foi a primeira mulher santista a se formar em direito. Ela finalizou o curso, na Faculdade de Direito de São Paulo, em 1939. E, logo em seguida, em 1940, passou no exame da Ordem. Ou seja, uma inovadora.

7. Ana Lúcia Felix

Ana Lúcia criou, em 2012, o grupo Acolhe Autismo. Com o qual acolheu mães e pais de crianças autistas de Santos e região. Além disso, desde então lutava pela visibilidade e o respeito aos autistas na região. Ao lado de outras mães, incansáveis como ela, conquistou a Carteira de Identificação para autistas na cidade e também a construção da Clínica Escola de Autistas em Santos.

Em 2021, faleceu em decorrência de COVID-19.

8. Zeny de Sá Goular

Zeny foi a primeira vereadora eleita de Santos, em 1936. Além disso, era professora, lutava pelos direitos das mulheres e atuava em benefício das causas sociais.

9. Dudu do Gonzaga

Luiz Eduardo D’Agrella Teixeira nasceu em Santos, no ano de 1947.

Não é possível dizer em que momento passou a ser conhecido como a Dudu do Gonzaga. Mas uma coisa é certa: a partir do momento em que ganhou o apelido, não havia quem não soubesse quem era a Dudu – fosse no Gonzaga ou em qualquer outro bairro de Santos. Ela era um dos personagens mais famosos da cidade na época.

Além de não esconder sua homossexualidade, o que por si só já causava um grande choque na sociedade, Dudu ainda viveu como queria. E queria usar saia, andar de salto alto, vestir rosa e ter cabelos grandes. E ela não ficou na vontade. Andava pelas ruas de Santos vestindo-se como desejava e deixando claro os rapazes de desejava, sempre que o bonde passava por seu caminho.

Também merecem homenagem

Além destas, também é possível pensar em muitas outras mulheres de Santos ou que escolheram Santos para viver que poderiam dar nome às ruas que ainda não têm um.

Patrícia Galvão é um exemplo.

Mas, outras que ainda estão entre nós e poderiam receber a homenagem em vida não podem deixar de ser citadas. Só para ilustrar,  podemos citar Djamilla Ribeiro, Ana Marcela Cunha e Maria Valéria Rezende, entre tantas outras.

Porque, em Santos, o que não faltam são mulheres incríveis.