Santistas mortos em 1932: as ruas da cidade lembram seus nomes
Em 9 de julho de 1932, uma revolução teve início em São Paulo, no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do Sul.
Trata-se da Revolução Constitucionalista que, em São Paulo, se tornou feriado em 1997.
Aqui em Santos, para além disso, tem monumento e nada menos do que 26 ruas em homenagem à data. Afinal, existe uma grande ligação entre a cidade e a batalha pela queda do governo provisório de Getúlio Vargas.
Fotos: Memória Santista
Santos na Revolução de 1932: a cidade portuária virou palco de guerra
Em julho de 1932, Santos se transformou em um epicentro estratégico da maior guerra civil brasileira do século XX.
Aqui, a Revolução Constitucionalista encontrou na cidade portuária um de seus cenários mais dramáticos.
Logo nos primeiros dias do conflito, a Marinha brasileira estabeleceu um bloqueio naval rigoroso ao porto santista. Navios de guerra cercaram a costa, impedindo a entrada de armas e suprimentos para os revolucionários paulistas. A estratégia era clara: estrangular economicamente São Paulo através de sua principal porta de entrada e saída.
O impacto foi devastador. A movimentação portuária despencou 25,8% em relação ao ano anterior, paralisando o comércio de café e prejudicando milhares de trabalhadores. **Santos sangrava economicamente** enquanto seus filhos partiam para o front.
A resposta santista foi imediata. Cerca de 700 voluntários civis, entre médicos, advogados, comerciantes e operários, alistaram-se nos primeiros dias. O Batalhão da Reserva de Santos partiu em 18 de julho sob aclamação popular na estação ferroviária.
A Associação Comercial garantiu salários aos voluntários, enquanto a Cruz Vermelha local mantinha “cozinhas volantes” para alimentar os combatentes. O padre João Baptista de Carvalho inflamava os fiéis com sermões radiofônicos, comparado pelos jornais ao revolucionário Frei Caneca.
Pelos céus
Em setembro, a guerra chegou literalmente aos céus santistas. A Fortaleza de Itaipu, que havia aderido aos constitucionalistas, foi bombardeada por cinco hidroaviões governistas, o único ataque aéreo direto na costa paulista durante o conflito.
Aviões rebeldes tentaram furar o bloqueio naval, travando combates aéreos sobre o Guarujá. Um avião constitucionalista foi abatido nas proximidades da Ilha da Moela, episódio que marca até hoje a memória local.
Embora derrotados militarmente em outubro de 1932, os paulistas conquistaram a convocação da Assembleia Constituinte. Para Santos, o conflito deixou marcas profundas: fortaleceu a identidade paulista, modernizou a defesa costeira e consolidou o 9 de julho como data magna da cidade.
Se você não sabia disso, contamos aqui essa história.
Santistas mortos em 1932 homenageados pela cidade
No total, mais de 3 mil combatentes saíram de Santos para essa batalha entre julho e outubro de 1932.
A Rua dos Voluntários Santistas, no Boqueirão, é uma referência a eles. Além disso, a cidade também tem a Rua 9 de julho, no Marapé, e o Monumento ao Soldado Constitucionalista de São Paulo, na Praça José Bonifácio. Mas, essas não são as únicas referências a esse período histórico.
Por aqui, 24 ruas têm o nome de combatentes que perderam a vida durante a revolução. Se acaso você passar por uma rua com um desses nomes, são heróis da revolução:
- Alfredo Albertini
- Alfredo Shammass
- Alfredo Ximenes
- Álvaro Peres
- Antonio Damin
- Bento de Barros
- Abel Simões de Carvalho
- Quincio Peirão
- Carolino Rodrigues
- Tenente Américo Moretti
- Dagoberto de Gasgon
- Eloy Fernandes
- Firmino Barbosa
- Ivampa Lisboa
- Januário dos Santos
- João Pinho
- Tenente Durval do Amaral
- Armando Erbisti
- Rua Indalécio de Arruda Costa
- Rua General Miguel Costa
- Rua Coronel Francisco Júlio Cesar Alfieri
- Rua Eduardo Alves
- Rua Almirante Moraes Rego
- Rua Thiago Ferreira
Em resumo, as histórias são bem parecidas. Todos viviam em Santos e tinham uma profissão quando souberam da revolução.
Decidiram, então, se voluntariar para ir até São Paulo combater. De diferentes modos, não resistiram e voltaram à cidade sem vida.
Se você se interessa sobre as histórias dos nomes por trás das ruas, vale a pena ler essas duas matérias:
- De dono de senzala para quilombola, travessa muda de nome para reparação histórica
- Menos de 4% das ruas de Santos têm nomes de mulheres