Texto porJuicy Santos
Santos

É mó boi

Dias destes, aqui em Curitiba, falando aos meus alunos sobre a facilidade que lhes estava dando para realizarem seus trabalhos, soltei um “tô dando mó boi pra vocês, hein!”. Percebi que, dado o contexto, a turma até compreendeu o sentido da frase, mas que estranhou, estranhou esse “boi”.

Fiquei na dúvida se, além de demodê, a expressão que resgatei não era mais uma do santistês. Pensei, então, em compartilhar com vocês leitores do Juicy Santos, sempre ligados nas coisas da nossa terra, e, mais que isso, pedir ajuda: quais são – ou foram – aquelas tiradas típicas da gente santista? Relaciono algumas que, em algum momento da vida, fizeram (ou ainda fazem) parte da minha comunicação oral. Vamos lá:

1- Pra começar, o ‘mó’. Não me lembro se conheço alguém que não seja de Santos que utilize o ‘mó’ com tanta desenvoltura, com tanta frequência. “Tá mó calor”, “Fiquei esperando mó tempão”, “Mó legal isso”.

2- O “mó” com o “boi”. “Mó boi essa prova” (quando é algo no plural ou no coletivo, era comum utilizar “boiada”. “Mó boiada esses exercícios”). Talvez nem se fale assim mas, quando se falou, sei não se se falava além dos limites da Baixada Santista.

3- O chamar pão francês de “média”, dúvido que algum canto deste Brasil acima de Bertioga e abaixo de Peruíbe se peça “duas médias” em vez de “dois pãezinhos”.

4- O “Cidade” para designar o “Centro”, que inclusive já abordei em post aqui no blog, não é exclusividade santista, mas é bem (já foi mais) característico nosso.

5- “Tá rateando”, referindo-se a alguém que esteja a vacilar, nunca escutei fora de Santos. Também ouvia um “tá mosqueando”, no entanto não no sentido preciso de vacilo; mais de estar meio perdido, atrapalhando-se.

6- Quando da vacilada se originava uma trapalhada, ou por causa dela se deixava de fazer algo ou se fazia errado, havia “pô, chupou manga”.

E aí, gente, fica rateando aí não; esse post parece coisa de quem saiu do Anchieta, mas ajuda a tirar essas dúvidas – afinal, tá mó boi, não tá não?

Post enviado por Wagner de Alcântara Aragão
@waasantista