Jardim Botânico de Santos: a homenagem da cidade a Chico Mendes

Em 1988, morreu o seringueiro Chico Mendes. Sindicalista, ecologista, defensor dos povos da floresta (e dela própria, a Floresta Amazônica), assassinado justamente pela sua incansável luta. Em Santos, desde os anos 1990, um dos espaços mais importantes da cidade presta uma homenagem ao ativista ambiental: o Jardim Botânico de Santos, que se chama Jardim Botânico Chico Mendes.

Inaugurado há quase 30 anos – em 25 de setembro de 1994 – o Jardim Botânico de Santos fica no Bom Retiro, na Zona Noroeste.

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Conforme já nos contou tempos atrás, aqui no Juicy Santos, a jornalista Victória Silva, “são mais de 90 mil metros quadrados de puro verde; um local ótimo para respirar ar puro, sair do ritmo frenético da rotina e entrar em contato com a natureza”.

A origem no horto florestal, há 50 anos

O parque nasce a partir da transformação do antigo horto florestal, instalado na Zona Noroeste em 1973 (portanto há 50 anos), em jardim botânico. Por sinal, desde fevereiro de 1989, o horto já se chamava oficialmente Horto Municipal Chico Mendes. Ou seja, a homenagem se deu pouco depois de um mês da morte de Chico Mendes, ocorrida em 22 de dezembro de 1988.

 

Em entrevista ao Jornal do Brasil 13 dias antes de ser assassinado, Chico Mendes alerto para o risco que sofria

Morte de Chico Mendes causou comoção nacional; caso repercutiu em todo o mundo. Foto: reprodução Jornal do Brasil

A alteração de horto para jardim botânico não se tratou apenas de uma mudança de nomenclatura. Há uma diferença de concepção e atuação, entre um e outro. Enquanto hortos florestais se configuram como espaços de viveiros de mudas utilizadas para arborização e paisagismo das cidades, jardins botânicos incorporam atividades de preservação, educação, estudos e pesquisas.

Quando surge o Jardim Botânico de Santos

A mudança de status começou a ser pensada ainda em 1989. Foi em 1994 que se iniciaram as intervenções físicas que transformariam definitivamente o horto em jardim botânico. Notícias da época (A Tribuna) dão conta de US$ 100 mil em investimentos em infraestrutura.

Houve reformas e ampliações de viveiros, estufas e outras instalações. Também aumentou-se a produção de mudas. Um programa de educação ambiental foi desenvolvido, assim como estudos em torno de espécies de plantas nativas da Mata Atlântica.

O Jardim Botânico de Santos Chico Mendes passou, então, a integrar a rede brasileira e latino-americana de jardins botânicos e a Botanic Garden Conservation International (hoje, infelizmente, não aparece mais listado em nenhuma das duas redes).

Tornou-se o 17º jardim botânico do Brasil, um dos 1,5 mil que existiam no mundo, 30 anos atrás.

Bloquinho de Carnaval de crianças da rede municipal de ensino, no Jardim Botânico de Santos, em fevereiro último. Foto: Raimundo Rosa/ Prefeitura de Santos

Atualmente, além de referência em meio ambiente, é espaço de lazer, convivência, prática de atividades físicas e de atividades culturais e de economia criativa. É um dos principais pontos turísticos da cidade.

Especialmente, é um dos símbolos da Zona Noroeste, cuja população tem uma relação de carinho e pertencimento enorme com esse pedacinho verde de Santos.

*A coluna Santos90, dedicada a resgatar a memória da cidade e da região na década mais divertida do século XX, tem autoria de Wagner de Alcântara Aragão, em colaboração para o Juicy Santos.