Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

4 personalidades falam da importância da primeira parada LGBT de Santos

No dia 23 de setembro de 2018, Praia Grande teve sua primeira parada LGBT.

Nesta semana, é a vez dos santistas mostrarem o orgulho de serem quem são e fazer uma parada que vai entrar para a história.. 

www.juicysantos.com.br - parada lgbt em santosFotos: Dois Pontos Filmes

E isso não é uma novidade para os leitores do Juicy. Afinal, a parada LGBT de Santos foi pauta por aqui mais de uma vez. Acontece que quem não faz parte da comunidade LGBT ou da militância, às vezes, não entende a importância deste tipo de evento.

Em alguns casos, inclusive, acredita que é um Carnaval fora de época. Se você é uma dessas pessoas, essa matéria vai te explicar porque seu pensamento não condiz com a realidade. Se você não é, mas conhece alguém que pensa assim, vale enviar o link.

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Qual a importância da parada LGBT de Santos?

Então, se prepara para uma aula sobre o tema.

Afinal, a parada é muito mais do que uma festa com uma bandeira LGBT. Mas, quem vai te explicar isso não somos nós, e sim pessoas com gabarito para falar sobre o assunto: convidamos alguns dos nomes mais influentes do cenário LGBT de Santos para responder.

Estamos falando de um dia que vai ficar guardado na memória da cidade.

1. Flávia Bianco

“A Parada do Orgulho LGBT representa um marco para que essa significativa parcela de nossa sociedade tenha visibilidade. Afim, além de ser uma festa popular, é também um espaço de voz para que nossas demandas sejam apresentadas e discutidas com o poder público.

Quando deixamos de ser invisíveis, conseguimos a atenção das autoridades e da sociedade como um todo, bem como os problemas que afetam diretamente os LGBTQs, como, por exemplo, a violência, discursos de ódio, LGBTfobia, discriminação e outras demandas importantes.

Acredito que esse evento mostrará à cidade que a comunidade LGBT existe e pode propiciar uma celebração de respeito a diversidade e aos direitos LGBT”.

Sobre Flávia Bianco: Flávia é uma mulher trans de 44 anos. Blogueira, ela também é membro do Grupo de Trabalho da Organização da Primeira Parada do Orgulho LGBT; colaboradora na Comissão Municipal de Diversidade Sexual; Membro da Comissão  de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB Santos; e Associada ao IBDFAM – Instituto Brasileiro de Defesa da Família.

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2. Junior Brassalotti

“É um momento histórico este em que surge a primeira parada. A vontade de realização de um ato assim em Santos é antiga. Aliás, eu não sei porque nunca fizeram… Ações como a Parada LGBT em Santos são ainda mais urgentes ao somar com o levante das mulheres e da população negra e periférica, na luta por direitos iguais, justiça e respeito.

Nosso país é o que mais mata LGBTs no mundo. Além disso, temos acompanhado o pensamento, falas e práticas neofascistas se proliferarem sem freios nem pudor. Nossa região não é diferente, dado o alto índice de crimes por homofobia e os vários assassinatos  de LGBTs sem solução. Santos está num grande armário ainda. Estamos na cidade que aprovou o retrógrado projeto de lei Escola sem partido sem discussão com a sociedade, o que é gravíssimo.

Neste sentido, um evento que proporcione um momento para nos reconhecer, entender enquanto agentes políticos e sociais e ocupar os espaços públicos com nossos corpos, amor e pluralidades é um ato revolucionário”.

Sobre Júnior: Atualmente, preside o Conselho de Cultura e uma das pautas que estão norteando sua gestão é da moradia social para LGBTs expulsos de casa. Além disso, é ator de projetos como, por exemplo, o ZONA! (que fala sobre a realidade das travestis e garotas de programa) e atuou na criação da mostra Curta Cris, sobre diversidade sexual, que, em seguida, deu vida ao Sansex – Mostra de Filmes sobre Diversidade.

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3. Lívia Louzada

“Eu fico feliz, claro, de a gente ter conseguido ter uma parada em Santos. Até então éramos, acredito, uma das únicas cidades a não ter um evento desse. Acho que é um avanço para o povo da cidade abrir a mente. Digo isso porque sofri MUITO preconceito aqui e até hoje sofro, porque tenho uma casa de entretenimento LGBT.

De todo modo, fico chateada de o evento ser no Centro Histórico… Eu acho que o impacto vai ser muito menor (pela localização). A parada serve como um protesto, para a gente levantar a bandeira LGBT e tudo mais. Nós vamos apresentar isso pra quem no Centro de Santos? Sendo que aos domingos, as lojas estão fechadas.

Mas, de todo modo, estou feliz por termos conseguido fazer o evento. Quem sabe, na segunda edição, a gente consiga mais visibilidade, né? O evento está bem organizado, acho que vai ser legal”.

Sobre a Lívia: Lívia trabalha com entretenimento e é dona da única balada LGBT de Santos, a Tribal – que inclusive foi onde boa parte dos artistas da parada começaram. Além disso, ela também organiza trabalhos voluntários em épocas como Páscoa, inverno e Dia das Crianças. Mas, no momento, a casa está fechada por questões burocráticas com a administração municipal 🙁

4. Magenta

“A comunidade LGBT da Baixada Santista sempre foi muito grande e diversa. Mas essa é a primeira vez que eu vejo todos envolvidos em um projeto só. Estamos todos juntos pela mesma causa, querendo as mesmas coisas e lutando pela mesmas conquistas. Não sei de que forma a Parada de Santos vai impactar o futuro da nossa comunidade – talvez ninguém saiba. No entanto, só de ver essa união entre a gente, eu já sinto que o evento não foi em vão e fico muito feliz.

Ainda falta muito conhecimento aqui na região em relação à comunidade LGBT. Ainda somos muito marginalizados e não temos voz para cobrar nossos direitos aqui. Acredito que (a parada) vai trazer uma visibilidade muito grande para nós, vai nos dar essa voz e vai mostrar para as pessoas de fora que nós somos humanos, merecemos respeito e que a nossa comunidade é linda e acolhedora”.

Sobre a Magenta: Drag queen, Magenta diz que seu envolvimento com a comunidade LGBT sempre foi por conta de sua arte. De acordo com ela, sair de casa montada é um desafio, pois há sempre o medo de sofrer algum tipo de ataque preconceituoso. E ela vê também como uma oportunidade de mostrar para o resto do mundo que ser gay e drag é normal.

Animou? Então vem ver tudo o que vai rolar na Parada LGBT de Santos

Assista ao vídeo incrível do evento e bora abraçar a diversidade!

EQUIPE TÉCNICA

Criação e Roteiro: Dois Pontos Filmes
Direção: Victor Allencar
Produção: Ana Paula Terra
Cinegrafistas: Lucas Rodrigues e Ariel Quintela
Drone: Darshan Foto e Vídeo
Locução: Gabriella Drummond e Bruno Arrivabene
Identidade Visual: Ludmila Rossi
Edição e Finalização: Victor Allencar

EQUIPE ARTÍSTICA

Alex Oliveira
Ana Carolina Moretto
Ana Flávia Bertuci
Ana Paula Terra
Andrey Haag
Barbara Rossmann
Bento Araujo
Chris Cinelli
Diego Bueno
Geni Souza
Isabella Graça
Jéssica Patrine
João Rafael
Marcela Sanches
Rafael Santos Oliveira
Raphael Pedro de Sousa
Raphael Marques
Victor Allencar
Victor Braghetto
Victor Martins

AGRADECIMENTOS

Jéssica Santos
Santos Film Comission