A história de Jeny Pavani: 8% de visão, 100% de superação

“Se você não viesse de carro, eu iria embora de ônibus. Aí, eu pego a bengala para o motorista entender que eu tenho deficiência. Vejo o ônibus, mas o número da linha, não. E preciso perguntar para saber se embarco ou não. Nem todos os motoristas param no ponto. A bengala é meio que um código para eu ser compreendida”.

É tarde de quarta-feira e Jenifer, ou melhor, Jeny Pavani, deixa o Museu De Vaney, na Praça Rebouças, na Ponta da Praia.

É o fim de mais um dia de trabalho.

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A oficial de administração da Prefeitura de Santos se dedica a pesquisar e redigir biografias de atletas amadores da cidade e cuidar do acervo de fotos, além de arquivos pessoais e troféus.

Essa tem sido sua rotina nos últimos 10 anos. Quando vai embora, Jeny empunha a bengala e segue para o ponto de ônibus, aguardando a boa vontade dos motoristas. E, a partir daquele instante, dará sequência à vida pessoal, com as limitações de quem tem apenas 8% de visão.

Como fez nos últimos 12 anos.

Conheça Jeny Pavani

Jeny Pavani sabia desde os nove anos de idade que tinha diabetes. Portanto, deveria ter cuidados, principalmente com a alimentação, para manter a qualidade de vida. Não quis tomar esses cuidados, sobretudo na adolescência.

Ela nunca foi de beber ou frequentar baladas. Mas admite que não cuidou da saúde como os médicos recomendaram. Comidas hipercalóricas e açúcar estavam presentes no dia a dia. A conta chegou anos mais tarde.

“Foi uma escolha minha. Eu segui esse caminho. Ninguém tem culpa”.

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Jeny já vinha sentindo que algo estava errado com a visão. No entanto, foi em 2006 que as coisas ficaram bem mais difíceis. Incapaz de enxergar um prédio construído em frente à casa onde morava, ela procurou orientação médica e o diagnóstico foi de fotofobia. Ou seja, uma aversão da vista à luminosidade.

Exames mostraram algo mais sério: Jeny havia desenvolvido uma retinopatia diabética proliferativa.

Tratamento e cirurgia

Passou um ano e meio entre sessões a laser, ardência e dores nos olhos. Até que o descolamento da retina a obrigou a enfrentar uma vitrectomia (procedimento cirúrgico pelo qual o vítreo é removido em um olho e substituído, geralmente com um gás ou líquido).

Uma cirurgia mal-sucedida provocou o desenvolvimento do glaucoma. O que desencadeou a cegueira total da vista esquerda e o limite de 8% na direita.

Durante sete anos, Jeny dependeu quase totalmente da mãe, Myriam. Nos últimos cinco, tem caminhado com as próprias pernas, menos quando a noite chega. No escuro, sair sozinha é tarefa impossível.

Para conviver com a baixa visão, Jeny escolheu duas frentes: o esporte e a escrita.

No primeiro, aprendeu a ter autonomia e independência, além de ver que era possível seguir adiante. Chegou a competir por Santos no atletismo.

Com a segunda, acredita que pode ajudar pessoas que sofram com diabetes, especialmente os mais jovens.

“Eu percebi que há a possibilidade de eu me superar. E eu superei meus limites, mas tenho muito o que superar”.

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O desejo de escrever sua própria história para que outras histórias não tivessem o mesmo final veio junto com as primeiras complicações decorrentes da doença.

Jeny escrevia ideias e juntava palavras baseadas em sua própria história. Até que surgiu o interesse em transformar tudo em livro.

Vida que Segue

Vida que Segue vai além de uma autobiografia. A ideia é que seja uma motivação para a vida. Por isso, Jeny busca um grande alcance com a obra.

“Minha vontade é de que as pessoas possam se conscientizar de o que a diabetes pode causar. No meu caso, houve imprudência da minha parte. Quando somos jovens não ouvimos os mais velhos. Não ouvi os médicos nem meus pais. Hoje vejo a vida de outra maneira. Quero mostrar aos jovens que as coisas podem acontecer conosco e temos de nos precaver, antes que seja tarde”.

Para que Vida que Segue seja publicado Jeny conta com o apoio de empresários e todo mundo que esteja disposto a torná-lo realidade.

Os maiores custos são de gráfica. A ideia é que pelo menos 1 mil exemplares sejam rodados.

Insuficiência renal

Enquanto luta para publicar sua história, Jeny enfrenta outra batalha.

Por consequência da doença, seus rins operam com 35% da capacidade. Se houver redução para 20% ela começa a passar por sessões de hemodiálise. Uma redução para 15% a coloca na fila do transplante. Antes que tudo isso seja necessário, Jeny busca um doador compatível.

“O transplante não é imediato. só acontecerá se eu precisar entrar na hemodiálise”.

Na sua página no Facebook, você acompanha, em vídeos e textos, não apenas os desafios da guerreira Jeny Pavani, mas também essa história linda de amor à vida.

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