Tatiana Aguena fala sobre fotografia e carreira para o Juicy Santos
“Uma imagem vale mais que mil palavras”, com certeza você já ouviu essa frase, que por mais clichê que seja tem muita razão. A fotografia eterniza momentos que podem ser esquecidos, mas relembrados através de um álbum ou de uma foto perdida no meio das gavetas.
A fotógrafa, Tatiana Aguena de 31 anos, já trabalhou em grandes publicações e produtoras, “eternizou” monumentos históricos e cartões postais de Santos para nossos wallpapers, e conversou conosco, contando um pouquinho da profissão de fotógrafa – e de quebra sobre o mercado publicitário.
Você é bastante jovem e já tem um portfólio bem extenso, incluindo fotografias para publicidade e inúmeras revistas. Com que idade começou e qual foi o momento em que sentiu que poderia trabalhar com fotografia?
Comecei a fotografar um pouco mais tarde, trabalho com produção de foto há quase 10 anos e com muitos fotógrafos também, tudo o que aconteceu como uma extensão de algo que já fazia. Sou publicitária e sempre fui produtora de filmes publicitários e todos os diretores de fotografia são fotógrafos, logo eles começaram a me chamar para produzir suas fotos, e foi assim que começou meu caminho na fotografia. Comecei a fotografar com 28 anos hoje estou com 31. O começo era basicamente foto publicitária, tudo o que imaginar: restaurantes, lançamentos imobiliários, shoppings center e até mesmo revistas de nu feminino, que para um produtor era um super desafio, afinal estamos acostumados a produzir a roupa de alguém e como se faz quando não tem roupa? foi uma experiência bem marcante na época, mas nada constrangedora ao contrário do que muita gente pensa.
Você se formou em publicidade. Você acredita que a faculdade influenciou na sua decisão?
Sou formada em publicidade e não teria feito outra faculdade, gosto muito de ter me formado em comunicação e acho que a formação acadêmica influencia, pois estou sempre envolvida com publicidade. Na foto você exerce muito o lado publicitário eu sempre tenho um olhar mais voltado pra publicidade nas minhas fotos.
Você acha essencial um diploma universitário para ser fotógrafa?
Sim, sou a favor, pois sou contra a banalização do mercado e em anos trabalhando em grandes empresas aprendi que empresas sérias não contratam mão de obra que não seja especializada. Acho que é uma forma de não banalizar a profissão, nem os mercados, muitas pessoas me perguntam se numa faculdade hoje,aprenderia alguma coisa, digo que sempre tem o que aprender, e quem dispensa a formação acadêmica o faz por pura ignorância.
Onde e para quem você trabalha atualmente?
Trabalho em uma editora de publicações corporativas, tenho quatro clientes fixos de campanhas publicitárias, atendo 10 agências de comunicação e fora os meus queridos casais (casamentos) e aniversariantes.
Qual sua experiência profissional mais marcante até o momento?
A experiência mais marcante… são tantas! Bom, namoro todas as minhas fotos, mas o evento social ele tem um fator tocante para o fotógrafo, uma experiência única que você partilha com um casal, com uma criança ou adolescente, é muito sério fotografar eventos sociais, você trabalha com sonho e não com foto, logo tem que ser bom no que faz, mas tem que ouvir, enxergar e prestar atenção a tudo que está a sua volta, para particularizar cada instante.
Quais são as técnicas e estilo que usa?
Quando aprendemos fotografia, você aprende termos técnicos, mas tenho um grande amigo fotógrafo, Henrique Teixeira que me ensinou muita coisa. Ele me disse, um dia: “ A técnica nunca vai superar a arte”, todo mundo pode tirar uma foto tecnicamente perfeita, mas ela não será tão boa se não tiver o “olhar” para que aquilo funcione. E é verdade, tem fotos que estão claras, com boa profundidade de campo, com o desfoque correto, mas não dizem nada. Sobre estilo é difícil definir um estilo, até mesmo por que sou uma profissional que acaba fazendo quase tudo em fotografia, mas acho que se for definir um estilo, tenho um olhar publicitário até mesmo para fotos que não são publicitárias. Uma vez reparei nisso quando um casal escolheu a foto de abertura do álbum dizendo: “vamos ficar com essa pois parece até foto de anúncio”.
Você trabalhou bastante tempo em São Paulo em produtoras de vídeo, como foi?
Trabalhava em São Paulo em campanha política, quando estava fazendo o encerramento dessa campanha e quando terminei, recebi um convite de uma produtora de cinema em São Paulo para produzir documentários, para uma ONG do Rio de Janeiro. sse projeto tem o patrocínio da USIMINAS com sede em Cubatão. Voltei para Santos para começar a trabalhar com documentários e subia para SP e ia ao RIO todas as semanas. O projeto deu tão certo que a USIMINAS se interessou em patrocinar no ano seguinte! Fiquei muito tempo fazendo isso.
Por que decidiu voltar para Santos?
Gosto muito de Santos e fui muito bem acolhida, não nasci aqui e mudei pra cá tarde também. É difícil dizer um lugar que eu goste, acho essa cidade demais, gosto de muitos lugares cada um com uma beleza diferente. Santos reúne coisas incríveis para quem fotografa. Devido a estrutura cosmopolita , natural, a história, enfim é uma bela cidade.
Seu trabalho está diretamente ligado ao universo da moda. Você acompanha tendências, editoriais? Qual a relação da Tatiana Aguena com a moda?
A Tatiana mesmo já foi mais antenada, na época que só produzia moda pra revista. Hoje em dia leio diariamente os sites de moda, como FFW, a VOGUE PARIS, GNT, LILIAN PACE. Tenho que acompanhar a moda adolescente por que faço 15 anos, books, então tenho que entender de moda fora da minha idade para indicar coisas bacanas. Porém, particularmente, é um BOM SENSO, e nesse bom senso tem duas divisões – o que vestir de acordo com o seu corpo e – o que vestir de acordo com sua idade.
Qual sua rotina em relação a profissão?
Rotina só tenho a tarde na Editora que trabalho em termos de horário, pois existem dias em que acordo muito cedo para fazer fotos, tudo depende do que estiver agendado, não tem hora para começar e para acabar também não.
Hoje todo mundo pode ser fotógrafo, devido a popularização da tecnologia e o acesso às mesmas. Como você enxerga a transformação do mercado de fotografia nos últimos 10 anos?
Não digo nem a popularização dos equipamentos, mas digo que o cara que fazia o filme, que fotografava em filme tinha muito mais a manha do que a galera do digital, por que hoje – além de ter a técnica você tem que manjar de eletrônico né? Eu vejo que muita gente que compra uma câmera e sai por ai fotografando causa “dor de cotovelo” em muito fotógrafo, eu não penso dessa forma, eu acredito que como em qualquer mercado o sol é pra todo mundo. Assim como o público é muito criterioso, fica sempre quem é bom e sobrevive quem é melhor, portanto quem quer comprar máquina e sair fotografando acho bacana, todo mundo tem o direito de tentar.
Como você enxerga o mercado santista para os fotógrafos iniciantes? Alguma dica?
Acho que pra quem tá começando o importante é ir atrás de gente bacana – eu só trabalhei com fotógrafo fera. Gente muito boa é a melhor escola que você tem. Defina uma linha para seguir e depois comece a conhecer outras, eu por exemplo trabalhei muito tempo com o Jorge Antivilo que é ferissíma em produto e foto publicitária. Siga uma linha de raciocínio, acho que atirar para muitos lugares faz com que você não acerte a mira – #ficaadica.
Texto por Letícia Fontes