Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

As rosinhas da ASI e uma história linda de combate ao câncer em Santos

Todos os dias, alguém vê seu mundo virar de ponta cabeça. A razão da inversão, porém, é única em cada história.

Mas, quem caminha pelos gélidos corredores da Santa Casa de Santos, às vezes tem um diagnóstico nas mãos e mil dúvidas na cabeça.

CÂNCER.

Falta o chão. Lágrimas escorrem pelo rosto e o medo tem tudo para se tornar um companheiro na jornada que irá começar.

O mundo que está ao contrário precisa ser salvo.

Nestas histórias, que são cotidianas no hospital referência na região, a Associação Santa Isabel (ASI) é quem ajuda a colocar as coisas em ordem. Afinal, são as rosinhas da Santa Casa de Santos que dão cor a um período monocromático que se inicia.

Rosinhas da ASI e uma história de amor pelas pessoas

Essa é a história de uma mulher apaixonada pelas pessoas.

O olhar caridoso nasceu em São Paulo, há 88 anos. Mas Nelli Valente Cavallucci é uma cidadã santista cheia de orgulho. A sala rosa, onde trabalha na ASI, tem em uma das paredes a cópia do documento que a oficializa como santista – enquanto o original está bem guardado em sua casa. Na sala, também ficam brinquedos em cima da mesa que, de acordo com ela, são para as crianças acolhidas na ala pediátrica da Santa Casa de Santos.

“Todos são como meus netos. É uma família pra mim. Então, busco deixar essa caixinha cheia de coisas para eles. Hoje já levaram quase tudo, mas amanhã trago mais”, explica.

Para quem não conhece, a Associação Santa Isabel de Combate ao Câncer é uma instituição filantrópica que oferece apoio ao setor de oncologia da SCS. Em resumo, é onde as rosinhas e os cavalheiros da rosa trabalham como voluntários. Certamente você já os viu, vestidos de rosa, pelos corredores do hospital.

Quem fundou a instituição foi Nelli. Antes, atuou como voluntária durante mais de 20 anos no presídio feminino do Carandiru e no Hospital A.C. Camargo.

“Nós viemos morar em Santos. Todos os dias, eu ia para São Paulo trabalhar e passava aqui em frente”, lembra.

“Um dia, falei para o meu marido que queria conhecer o interior do hospital e decidi usar a experiência que já tinha para fazer algo em Santos”.

De acordo com ela, os pacientes daquela época encontravam uma realidade totalmente diferente da atual.

www.juicysantos.com.br - ASI

“Tinha as amarelinhas, mas elas não cuidavam do câncer. Então eu decidi fazer isso e estou aqui desde 1994. Era tudo muito sujo, não tinha a casamata (local onde fica o acelerador linear da radioterapia), por exemplo, e nem auxílio humano para eles”.

O que faz a ASI

Atualmente, os pacientes contam com apoio da ASI para questões como, por exemplo:

  • Suporte emocional
  • Cestas básicas
  • Fraldas
  • Vale Transporte
  • Cadeiras de roda
  • Porth-a-cath
  • Ajuda de custo para remédios (caso necessário)
  • Aulas de artesanato, para criação de renda extra para mães e pais
  • Assessoria jurídica

Além disso, é a ASI que cuida das brinquedotecas onde as crianças que estão internadas ou em processo de diagnóstico passam boa parte do tempo. Também fornece o lanche e almoço para as famílias que precisam ficar o dia inteiro no hospital.

Nós estivemos lá conhecendo o Guilherme, um menino doce que faz tratamento na Santa Casa e precisa de um transplante de medula óssea.

“A Santa Casa é um hospital de referência e o único da região que atende crianças com câncer. Por isso, pessoas de toda a Baixada Santista e até do Vale do Ribeira são atendidas por aqui. Eles são transportados por carros públicos, então chegam cedo e só vão embora depois que todos passam pelo atendimento”, explica o diretor da ASI, Edson Cavalcante.

Neste sentido, são recebidos no Centro de Apoio da ASI (construído com a verba do Mc Dia Feliz, do Mc Donald’s) e têm uma série de atividades para fazer no período de espera. Tudo pensando na inclusão dos pacientes e com o objetivo de faze-los se sentirem em casa.

Vale dizer que o atendimento é tanto para crianças e suas famílias quanto para pacientes adultos.

Como ajudar a ASI

Esse é um trabalho lindo de solidariedade e voluntariado em Santos. E, mais do que isso, impacta diretamente a vida de pessoas em Santos e toda a região. Mas, mesmo assim, muita gente desconhece o trabalho de mais de duas décadas ou preferem ajudar instituições de São Paulo, por exemplo.

“As pessoas precisam entender que, ao ajudar instituições de fora, elas estão deixando as pessoas daqui na mão. Afinal, quem é paciente do SUS recebe tratamento aqui. Não é fácil conseguir uma transferência para São Paulo e, na maioria dos casos, não é necessário. A não ser para transplantes, por exemplo, feitos em hospitais específicos”, esclarece Regina Pimentel, que dá assessoria jurídica e é, ela mesma, ex-paciente de câncer.

Em outras palavras: precisamos apoiar instituições locais, seja a ASI ou qualquer outra da sua preferência.

E ajudar é bem simples. Atualmente, além de ser voluntário (processo aberto trimestralmente) na ASI, você também pode apoia-los de outras maneiras.

De acordo com Cavalcante, a maior parte da verba da instituição vem da Pitol – a empresa destina parte do valor da venda dos sacos de lixo para a instituição. Então, você pode ajudar comprando os sacos de lixo da empresa ou sendo um parceiro, como eles fazem.

Também é possível fazer doação em dinheiro ou dos utensílios que a ASI precisa em seu cotidiano, como:

  • Sabonete em barra
  • Sabonete líquido
  • Shampoo
  • Hidratante
  • Pasta de dente
  • Escova de dente
  • Fraldas de adulto tamanhos M, G e GG
  • Leite em pó
  • Suplementos alimentares, como Sustagem Adulto e Criança

Todos os dias, na Santa Casa de Santos, alguém vê o mundo virar de cabeça para baixo. As rosinhas e os cavalheiros de rosa estendem as mãos e ajudam a colocar as coisas no lugar. Mas, para que isso seja feito com maestria, a sua ajuda é importante.

Então, coloque cor nos corredores do setor oncológico e na vida de quem está sem chão.

* Imagens: Victória Silva para Juicy Santos