Texto porLudmilla Rossi
Santos

Parabéns, você mora em Santos!

Santos completa hoje 469 anos. Um aniversário abençoado com um final de semana que se esticou – só não mais que o nosso amor por essa cidade. Nasci em Santos, moro aqui desde 1993 e me orgulho desde muito cedo por ter percebido o valor que a cidade já tinha. Amo Santos mas já reclamei muito de muitas coisas por aqui.

Reclamar entretanto não tira muitos problemas da nossa frente. A contemplação, talvez. Ela permite que olhemos as coisas por um ponto de vista mais otimista, mas apreciativo e isso sempre nos causa uma química positiva no cérebro. Serotonina despejada tão boa quanto comer um pastel de Laka no Toninho.

Amo Santos, sem nunca me limitar a Santos. São Paulo é ali do lado e ela sempre te leva ao vôo para sua próxima segunda cidade favorita. Aqui não dá pra deixar de citar o Chorão: “Eu sou como sou / Já falei pra todo mundo / Santos é meu lugar / Mas eu vivo pelo mundo”.

A apreciação que eu menciono tem a ver com a origem desse blog. Tem a ver com a facilidade de ir e vir e a tendência de viver uma vida um pouco mais simples. Realmente a cebola do Outback é deliciosa, mas ela não me faz tanta falta assim.

Acredito que um dos aspectos mais interessantes da geografia santista é que a serra do mar nos dá o privilégio da independência e o bônus da oportunidade. A principal cidade do quinto maior país do mundo é nossa vizinha, que  sempre abre suas portas para os fretados, para milhares de rodas e santistas em trânsito.

Esse trânsito figurativamente se encerra quando o Monumento do Peixe aparece. Aí a sensação de home sweet home despeja a serotonina novamente e eu lembro do filme do Karim Aïnouz.

Cada vez mais vejo as pessoas compartilharem essa sensação. O burnout dos meus contemporâneos: mesmo alguns que não são santistas de nascimento pisam aqui e se sentem “santistas de alma” por um dia que seja. Acham Santos uma cidade espetacular pois tem aquele olhar estrangeiro. “É tudo meio perto, né?”. A praia, a ciclovia, o acesso, o chinelo.

Aliás, de um tempo pra cá passei a adotar sapatilhas como primeira opção, por me deixarem mais perto do nível do mar e por serem tão planas quanto a cidade. E justamente por me fazerem aproveitar o melhor dela, a sorte de caminhar ou pedalar livremente.

Me dou parabéns toda vez que lembro que posso fazer isso.

Me dou parabéns quando percebo que escolhi a cidade certa para construir alguma(s) coisa(s).

Me dou parabéns quando a cidade que escolhi me dá o privilégio de conhecer gente que também pensa assim.

O Juicy Santos é fruto de todas essas pessoas que insistem em compartilhar as coisas boas que temos por aqui. Sim, damos aquela reclamada de vez em quando: as oportunidades que faltam se não as construirmos, o provincianismo que persistirá se não pensarmos diferente e o nosso neologismo favorito: a Man-ha-ti-za-ção dos canais.

No fundo só queria cantar parabéns pra você. Por você morar aqui.

Apaga as velinhas comigo. Hoje o brinde é com água de côco.

Assopra com a mesma alegria que traz a lembrança mais doce do seu aniversário de 6 anos no quintal da casa da sua avó, naquele terreno que já foi tomado por algum novo arranha-céu. Comemora essa segunda-feira de folga. Comemora esse pôr-do-sol do seu Instagram toda semana que mata de inveja seus amigos de São Paulo.

bolo-aniversario-santos-469

Essa obra de arte em forma de bolo foi um presente da GastronoBia, de Bia Benatti. Ela nos fez essa surpresa linda, que inspirou esse texto. Um bolo DELICIOSO com corações e as muretas de Santos. Ficamos emocionadas com a sensibilidade,  delicadeza e capricho da Bia.

Ei, Bia, obrigada por ter escrito esse texto – telepaticamente – junto comigo.

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