Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

Saúde mental na quarentena: como não surtar durante o isolamento

Já estamos caminhando para a segunda semana em isolamento social.

Por isso, queremos saber: como está a sua rotina? Você está cuidando da sua saúde mental na quarentena?

A experiência de muitas pessoas envolve esgotamento psicológico e, às vezes, crises de ansiedade. Seja por não poder sair de casa ou mesmo por todas as incertezas que rondam esse momento. E tudo isso já era esperado – tanto que, na última semana, a Organização Mundial da Saúde lançou um guia para a população enfrentar as consequências psicológicas e mentais do novo coronavírus.

Então vamos todos enlouquecer? Não!

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Mas é preciso cuidar da saúde mental na quarentena

E isso não significa apenas fazer sessões de terapia online. De acordo com Adriana Braz, psicóloga da Orienterapias, evitar a sobrecarga de informações é essencial neste momento. Pois o excesso de notícias pode levar a uma condição de vulnerabilidade.

“Uma vez por dia se informar, para saber das medidas governamentais, é suficiente. Mais do que isso pode gerar excesso de pensamentos difíceis de se administrar, já que a condição da mente é a de querer ter controle sobre tudo, o que se torna praticamente impossível no momento”, indica.

Além disso, manter o contato com amigos (de maneira remota) e uma rotina o mais próxima possível de como era antes do isolamento.

Quando procurar ajuda médica

Ainda assim, existem situações nas quais o indicado é procurar ajuda médica.

Neste período de isolamento social, as sessões de terapia online têm sido uma saída (recomendada pelo Conselho Federal de Psicologia) tanto para pacientes quanto para psicólogos se manterem protegidos. Se você está na dúvida se precisa ou não de uma consulta com um profissional, vale a pena ficar atento a sinais como:

  • Dificuldade para dormir;
  • Mudanças nos padrões alimentares;
  • Dificuldade em se concentrar em tarefas normais;
  • Sentimentos de desamparo, desesperança, tristeza prolongada ou preocupação avassaladora;

Tem sentido algum deles? Então é uma boa marcar um horário com a um psicólogo ou psicóloga e também tirar um tempo do seu dia para atividades como, por exemplo, meditação e exercícios físicos.

Atendimento psicológico online e gratuito

Você não tinha um psicólogo antes da quarentena começar? Calma, vários profissionais têm oferecido atendimento gratuito em todo o Brasil e uma rede de apoio também surgiu aqui na Baixada Santista.

No Instagram, o projeto Psicologia Solidária – COVID19 reúne profissionais de todo o Brasil que se dispuseram a atender voluntariamente e tem santistas por lá, viu? Aliás, a Jacicleide Aragão é santista e também uma das organizadoras da iniciativa. De acordo com a ela, cerca de 800 profissionais se mobilizaram nos quatro cantos do país. Os atendimentos começam hoje, segunda-feira (30 de março).

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Além disso, outra iniciativa super legal é a Vizinho do Bem, que conecta quem precisa de ajuda para, por exemplo, compras no mercado e farmácia, com pessoas que não são do grupo de risco e estão dispostas a ajudar.

As santistas Elis Borsoi, terapeuta sistêmica familiar, e Mariana Luiz, terapeuta holística, também estão oferecendo atendimento online gratuito (mediante agendamento prévio). Neste caso, as sessões são indicadas para as pessoas que estão vivenciando quadros de ansiedade, estresse e medo.

“Eu senti a necessidade de oferecer meu trabalho neste momento. Pois estar confinado, lidar com o medo e não ter perspectivas faz com que muitas pessoas precisem de ajuda, de falar e ouvir palavras de acolhimento”, comenta Elis.

Se você tem interesse, pode solicitar uma sessão (30 minutos, com Mariana e 45, com Elis) clicando aqui.

De Santos, profissionais como Luiza Canato, psicanalista da clínica Setting Terapêutico, e Camila Bugada, estão entre as que disponibilizam alguns horários voluntariamente para falar sobre o assunto.

Há, ainda, serviços especializados em terapia online que representam uma alternativa perfeita para o momento que estamos vivendo, como Vittude, ZenClub e Fala Freud.

Solidão dos idosos em quarentena

Além de cuidar da nossa própria saúde, também precisamos ter atenção às pessoas que estão à nossa volta. Como, por exemplo, os idosos – o grupo de maior risco. Acontece que não é tão fácil fazê-los ficar em casa. E quando eles ficam, outro problema pode vir à tona: a solidão.

“Nesse momento, é importante ter calma e esclarecer ao idoso que essas medidas são para que a vida dele seja preservada”, orienta o coordenador de saúde mental da SMS, psicólogo Paulo Muniz.

“Explique que ficar em casa ajuda a interromper a escala de contaminação do vírus, que se propaga facilmente”.

Além disso, ele diz que trabalhos manuais, leitura, filmes e jogos online podem ajudar na distração dos idosos. E conversar com parentes, amigos e vizinhos – seja por telefone, vídeo-chamada ou redes sociais – também ajuda a preservar a segurança dos idosos sem que se sintam mais isolados.

Já a geriatra e clínica geral Karen Kiss, também da SMS, ressalta que neste período é importante dar atenção redobrada aos idosos, mesmo à distância.

“Outra atitude é combinar de fazer compras para essas pessoas, ao invés de deixá-las sair”, comenta.

Essa atitude, aliás, não precisa ser restrita apenas aos idosos da família. Muitas pessoas estão se disponibilizando para fazer compras para os idosos do condomínio e da vizinhança, por exemplo.

Fique em casa. Fique bem.

Conta pra gente: o que você tem feito para manter sua saúde mental na quarentena e também a dos seus familiares?