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Gus Martinez conta sua experiência em Londres

Gus Martinez é um engenheiro santista que sempre sonhou em trabalhar com cinema. Tinha um negócio bem estabelecido em Santos (uma produtora de vídeo), e abriu mão de tudo – do conforto de um apartamento próprio e de ser dono de um negócio – para se aventurar pela Europa, mais precisamente em Londres. Abaixo, Gustavo divide sua experiência aqui no Juicy Santos.

Ainda lembro bem de quando cheguei em Londres pela primeira vez, vim em um vôo da Ryanair, compania aerea bem barata na Europa, que teve partida na cidade do Porto, em Portugal, onde fui por duas semanas, tirar documentos Portugueses.

Lembro quando depois de duas horas em um ônibus apertado vindo de Stansted vi o Big Ben pela primeira vez, a noite, pela janela do ônibus. Nesse momento que tive certeza de que o que eu havia planejado por meses e sonhado por anos havia se concretizado.

Fui morar em uma casa numa região bem ruinzinha, dividindo a casa em onze pessoas. Foi muito difícil me adaptar ao padrão de vida do imigrante recém chegado.

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Minha irmã, que já estava em Londres há quase um ano me ajudou a entender como a vida funcionava por aqui.

Eu tinha juntado uma grana bem legal antes de vir pra cá, mas na incerteza de quando eu arrumaria um trampo, economizava o maximo que eu podia, enquanto corria atrás de fazer contatos.

Menos de um mês depois já estava trabalhando – só que de graça. Apenas me deram acomodação e um sanduíche por dia enquanto eu trabalhava 12 horas por dia em um curta metragem na cidade de Brighton. Eu achei que fazer uns trampos na faixa iria me ajudar a fazer contatos e arrumar trampos pagos, mas decobri que o máximo que você consegue é a fama de ser o cara que trabalha bem e de graça, e muitos outros trampos sem remuneração chovem pra você.

Ainda nessa época, tive a oportunidade de tomar um café com Ronaldo Vasconcelos, um produtor muito grande de cinema e que veio de Santos para Londres há mais de 40 anos. Ele é tio de uma amiga minha de infância, que foi muito bacana em me apresentar para ele.

O meu primeiro trampo pago foi depois de uns 6 meses aqui, pra uns diretores que estavam começando, Mat Whitecross e Eran Creevy.

Eu estava em um periodo muito difícil na minha vida pessoal, que culminou no meu divórcio, mas eu não deixei isso afetar (muito) meu desempenho profissional. Eles curtiram bastante o meu trabalho e cresceram muito nos anos que se seguiram.

A partir deste trampo que as coisas começaram realmente a acontecer pra mim. O Mat e o Eran recomendavam meu trabalho para muita gente, inclusive para Michael Winterbottom e ainda trabalho para todos eles desde então.

O fato de ser brasileiro, nunca foi um obstáculo pessoal ou profissional para mim, pelo contrário, no primeiro trabalho que realizei para um de meus maiores clientes, eles me disseram que o visual era inspirado nas curvas de Oscar Niemeyer. Em outro trabalho, me pediram para incorporar algo de Brasil no filme, algo tropical.

Os trampos começaram a ficar maiores e eu já não tinha como dar conta sozinho então comecei uma parceria com Marc Knapton, um inglês gente boa e muito talentoso que eu conheci em uma mesa de pub.


Hoje estamos abrindo uma empresa juntos, cujo nome é inspirado na forma com que nos conhecemos. The Brewery (A Cervejaria) Efeitos e Animação.

Apesar de estarmos abrindo a empresa só agora, já estamos indo para o sexto longa em que trabalhamos juntos, além de diversos clipes para bandas de grande porte.

Ludmilla Rossi
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