Paquera no Facebook: ajuda pros tímidos ou cultura stalker?

E se o amor da sua vida (ou daquele dia) estivesse ali, bem na sua frente: o que você faria?

O receio de não ser recíproco, de levar um não, de soar ridículo e tantas outras paranóias fazem com que muitas pessoas simplesmente deixem o momento passar. Ou, com um smartphone em mãos, tire uma foto e a poste no Facebook.

As páginas de paquera, que já eram moda nas universidades desde 2013, agora ganham o espaço público santista, como os ônibus.

Aqui em Santos existem as páginas Te Vi no Santa, Te Vi na Unimonte, Te Vi Na Esamc, Te Vi na UniSantos, Te Vi no Senac Santos e, agora, Te Vi no Ônibus – Santos.

fbImagem: El Hombre

Enquanto os usuários se respaldam no argumento da timidez, muitas pessoas desaprovam a ideia. “Nossa, isso parece aqueles cartazes de procurado dos filmes de bang bang, horrível”, argumenta Roberta Toledo, 65 anos, ao ouvir sua neta de 17 ser questionada.

Leia matéria sobre a página Te Vi no Ônibus em Santos no jornal A Tribuna

A jovem, no entanto, tem suas opiniões a respeito. “Eu sou bem envergonhada, não teria coragem de puxar assunto com o garoto, então acho válido pra mim. Mas não ia gostar de ver a minha foto publicada, o cara tem que ter atitude, né?”.

Bom, direito iguais, os rapazes também fotografam a crush do buzão, do barzinho da faculdade ou onde estiverem.

Cultura Stalker

Para muitos usuários, a atitude salienta a cultura stalker (perseguição), invade a privacidade, expõe em excesso e, pior, sem autorização. “Além de ter que me preocupar em conseguir ir sentada ou ficar num canto do ônibus para não se encoxada por ninguém, ainda tenho que prever que podem tirar uma foto minha e publicar na internet?”, questiona Karina Bueno.

“Na faculdade do meu namorado, tem uma página assim, e na minha também. Já publicaram foto dele me ofendendo, falando pra me largar e tudo mais. Nós reclamamos e a foto saiu do ar, mas já tinha circulado, né? Foi bem chato”, continua.

Não teríamos nos conhecido

Enquanto a Karina teve uma experiência negativa, um relacionamento de pouco mais de um ano começou numa página do tipo.

“Eu mandei uma foto e postaram no mesmo dia. Os amigos dele começaram a marcar, o adicionei no Facebook. Conversamos por inbox, no mesmo dia nos encontramos na faculdade e ficamos. Duas semanas, depois já tínhamos trocado alianças”, lembra Byanca Bonilha.

“Acho a página o máximo, tem muita gente na faculdade, é difícil saber se a pessoa é comprometida, como chegar, conhecer e tal. Se não fosse o Te Vi no Santa, talvez eu nunca tivesse namorado com ele, ambos éramos bem tímidos”, finaliza.

“Já postaram foto minha e eu não me incomodei, não conheci a garota nem nada, acho que era zueira da galera, sabe? Fazem muito isso”, confessa Pedro Mariano. “Mas, ao mesmo tempo, tem gente que pega pesado nas legendas, não ia gostar se mandassem algo do tipo que escrevem para minha irmã ou namorada. O pessoal podia ser mais respeitoso e ter mais atitude também”. 

Todas as páginas do tipo, tanto de ambientes universitários quanto do ônibus, apagam as imagens caso a pessoa se sinta ofendida com a postagem. Os administradores também dizem não postar legendas com teor ofensivo, uma vez que as páginas têm como objetivo atuar como cupidos online.

E você, acha que as páginas são cupidos ou stalkers?