Texto porLuiz Gomes Otero

Santana: de volta as raízes dos anos 70

O guitarrista mexicano Carlos Santana alcançou um patamar que poucos músicos conseguiram.

Fundindo sua latinidade com o rock, ele atingiu uma grande massa de ouvintes em 3 gerações e trouxe uma gama de possibilidades para os estilos musicais que toca.

Há algum tempo, ele acalentava o desejo de retomar um ponto da carreira, em 1971, quando lançou o disco Santana III.

Mantendo contato com os integrantes da banda na época, entre eles Gregg Rolie (teclados e vocais) e Neal Schon (guitarrista que fundou a banda Journey, da qual faz parte atualmente).

E não é que todos aceitaram o desafio de entrar no estúdio e tocar junto ao vivo com o antigo líder? Isso resultou no álbum Santana IV, com composições inéditas que recriam aquele clima mágico do início dos anos 70.

O ouvinte pode até desconfiar no início. Afinal de contas, passados mais de 40 anos, os caras teriam o que mostrar juntos?

A dúvida é respondida logo nas faixas Yambu, Sakeke It e Anywhere You Want To Go, que abrem o disco de forma magistral. Todos estão em plena forma e demonstram alegria por estarem tocando juntos novamente.

As faixas Love Makes The World Go Round e Freedom In Your Mind têm participação especial do vocalista Ronald Isley, que deu um toque soul interessante na latinidade das canções – uma mescla que Santana sempre soube fazer com maestria em seus trabalhos.

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Sueños é uma balada instrumental solada ao violão elétrico que tem a marca do lirismo latino de Santana, assim como a ótima Filmore East (em homenagem ao local no qual muitas bandas tocavam nos Estados Unidos nos anos 60/70).

As animadas Come As You Are (com refrão que gruda nos ouvidos na primeira audição) e Caminando trazem o som que Santana fazia nos anos 70, mais enraizado no rock e na música latina. Gostei bastante da faixa Blues Magic, com aquele clímax que só Santana sabe fazer ao vivo e em estúdio.

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Santana IV pode até não ser uma obra prima como seus discos lançados nas décadas de 60 e 70. Mas não deixa de ser uma ótima pedida para 2016. E também representa um ato de coragem, pois reunir uma turma que não tocava junto há mais de 40 anos para produzir algo inédito é um desafio para poucos. Mas, para Carlos Santana, foi apenas puro prazer musical.