Viajando pelo mundo da literatura com Ignácio de Loyola Brandão

Acostumado a ser o autor de contos e livros que buscam na realidade do dia a dia a sua principal inspiração, o escritor Ignácio de Loyola Brandão pôde compartilhar suas ricas experiências em um projeto desenvolvido em Itanhaém, com parceria do Governo do Estado.

O Viagem Literária promove encontros entre autores e o público leitor, em espaços com entrada franca.

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(crédito das fotos: Mariana Rodrigues – PMI)

Loyola Brandão proferiu uma divertida palestra sobre o processo de produção, que no seu caso é bem simples e direto. Ele se baseia no dia a dia, na observação do que ocorre ao seu redor. “O que vejo pode servir como ponto de partida para uma história, um conto ou uma crônica. Não há um parâmetro ou situação específica que possa ser estabelecida”.

Sua formação teve influência de mestres como Monteiro Lobato, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e de autores internacionais como Alexandre Dumas. “Eu sempre li muito na infância e na juventude. E isso foi determinante para descobrir essa veia literária que tinha em minha mente”.

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Até mesmo a cirurgia que ele fez no cérebro, para eliminar um eventual aneurisma, serviu como tema de uma famosa obra de sua autoria. “O título surgiu quando a enfermeira tentava introduzir o cateter em meu braço. Como havia dificuldade, ela disse que eu tinha uma veia bailarina. Foi o que bastou para eu definir a ideia que se tornou o título do livro (Veia Bailarina) que hoje em dia vocês conhecem”.

Zero, outra obra famosa, foi editada inicialmente na Itália nos anos 70. “O Brasil vivia o regime militar e essa obra era fruto de material que não pôde ser aproveitado no trabalho que eu desenvolvia como jornalista. Este livro foi lançado em 1975 e foi proibido pela censura até 1979”.

Completados 50 anos desde o lançamento de seu primeiro conto, “Depois Do Sol”, Loyola Brandão disse que aionda mantém a mesma disposição do início. “Enquanto a mente continuar ativa, creio que continuarei escrevendo. E lendo também, que é fundamental para todos nós”.

Loyola Brandão não faz distinção entre o público infantojuvenil e adulto. Quem coloca esses rótulos, segundo ele, são as editoras. “Eu escrevo para pessoas, acima de tudo, que gostam de ler. Qualquer criança ou jovem pode entender o que escrevo porque é o que vivemos no dia a dia. Não há segredos para isso”.

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Sobre a questão do mercado literário atual, Loyola Brandão reconhece que houve um crescimento do público infantojuvenil nos livros de ficção. “Tivemos uma verdadeira enxurrada de lançamentos nessa linha, mas nem todos contam com uma qualidade literária aceitável. O ponto positivo é que houve um interesse maior pela leitura por parte desse público”.

Loyola Brandão vem percorrendo várias cidades do Estado dentro do programa Viagem Literária, que é desenvolvido em parceria com prefeituras, que oferecem espaços públicos, geralmente bibliotecas. “Faço questão de participar, porque essa proximidade com o público é uma oportunidade para podermos interagir com o leitor e, mais do que isso, cativar novos leitores para que descubram a magia que há nos livros”.