Texto porSuzane G. Frutuoso
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Magoar alguém que se ama pode ser a única saída

Você já ouviu. Eu também.

Naquele final de relação, um clássico: “o problema não é você, sou eu”. Pode ser mesmo que quem termina um relacionamento seja o problema. Mas a experiência mostra que assumir toda essa culpa aí, que nunca é de um só, é também o caminho para tentar não machucar quem um dia a gente amou. Ou até que ainda ama, mas agora de outro jeito, com outro tipo de afeto.

Verdade seja dita, uma tentativa que quase sempre falha.

Magoar alguém que se ama pode ser a única saída para a roda da vida girar. Para os dois. O ciclo que se fecha é a abertura para um novo. Por pior que pareça o cenário no momento de um fim, com o tempo a gente entende quanto era necessário.

E não. Não vai dar pra ser legal com quem a gente obriga a encarar um final. Porque se deixar ela vem, a esperança. Que aqui nada ajuda. Fica o fio que nunca separa em definitivo as coisas. Em suspenso. Se torna entrave para que os recomeços de fato se iniciem.

Então, talvez você precise agir com uma firmeza gelada, como a manhã de um domingo de inverno, e quebrar um coração. Porque só assim ele vai passar por todos os estágios do renascimento: dor, raiva, aceitação, superação. A gente só sabe o que é alegria depois da tristeza profunda.

Nenhuma história especial é apagada. De uma maneira ou de outra, tudo o que aprendemos com alguém que um dia foi tão essencial vai nos acompanhar por toda a vida. Apenas é justo, com o outro, comigo e com você, sermos bem-vindos em diferentes braços para construir mais uma parte das nossas histórias.

Fique firme. Nos relacionamentos verdadeiros, sejam quais forem, ninguém é vilão. Um dia todo mundo vai entender o inevitável. Despedaçar o bem querer de alguém por nós para que ele seja novamente feliz não deixa de ser um jeito corajoso de amar.

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Suzane G. Frutuoso é escritora, jornalista, professora universitária e empreendedora. Cofundadora da plataforma Mulheres Ágeis e da consultoria ComunicaMAG. Autora do livro “Tem Dia Que Dói – mas não precisa doer todo dia e nem o dia todo”. Mãe orgulhosa da vira-latinha Charlotte