Coroação dos Reis Negros na 13ª Mostra de Arte Quiloa

O Brasil é conhecido como um território que acolheu uma diversidade gigantesca de culturas do mundo.

Por sua extensão de terra, pela promessa de encontrar novas terras na época das grandes navegações, depois pelo pau brasil, a cana de açúcar e o café. A partir do século 20, pelo samba e futebol, não é mesmo?

Pois é, a partir da década de 90, com a globalização a toda, pudemos ter contato com tradições e costumes de outros países e, acho que a parte mais interessante, conhecer mais sobre nosso país e a cultura que aqui se construiu.

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Eu já tive contato com grupos de maracatu e coco lá na minha terra natal, em São Carlos, no interior de São Paulo. Aqui em Santos, conheci o Maracatu Quiloa.

Posso dizer que estou encantada com a forma de trabalho desse grupo – em especial com essa proposta de “não querer impor um jeito de pensar ou se colocar como os donos da verdade histórica”. Pelo contrário, a ideia dessa grande família tipicamente brasileira é trocar, conhecer e experimentar.

E é isso que vai acontecer nesta semana, entre quarta-feira e domingo (24 a 28 de janeiro).

A 13ª Mostra de Artes e Cortejo do Maracatu Quiloa direciona o olhar para trazer para os dias de hoje o Ritual de Coroação dos Reis Negros.

Nos 5 dias de evento, Santos se tornará um polo propagador de cultura popular com atividades em diferentes espaços da cidade, em uma programação bem diversa e abrangente que inclui exposição, música, cinema, debates e um encerramento muito especial com o Cortejo Maracatu Quiloa.

A Mostra Quiloa terá início nesta quarta-feira, no Sesc Santos, com o show de Sergio Pererê, um dos cantores e compositores de maior expressão e representatividade da cultura do maracatu.

A escolha de enfatizar a Coroação dos Rei Negros busca por um diálogo entre as manifestações culturais que têm origem nas Irmandades do Rosário do Sudeste ao Nordeste do Brasil, através das congadas e maracatus. A curadoria do festival foi realizada com minúcia e as atrações, escolhidas a partir da força da sua representatividade.

Programação da Mostra de Arte Quiloa 2018

Para abrir as atividades, o show de Sérgio Pererê, músico e compositor, promete abordar a músicas do projeto Aparecida, Reinos Negros e também algumas composições de seu disco mais recente Via Mão, entre outras canções de sua carreira.

Pererê se diz um devoto da arte e que a leva por onde passa. Felipe Romano, coordenador do Maracatu Quiloa, esclarece a escolha de trazer Sérgio Pererê.

“Ele é um compositor mineiro que buscou seu grupo étnico africano e tem grande relação com as congadas mineiras, representante de Chico Rei e traduz bem as questões das religiões de matrizes africanas”.

Outra atração confirmada é a presença de Mestra Joana, que representa o empoderamento feminino, segundo Romano.

Mestra Joana é a primeira e única mulher a coordenar e apitar o batuque de um maracatu de baque virado, o Nação do Maracatu Encanto do Pina, além de liderar os grupos Coco Mazuca da Quixaba e Grupo Baque Mulher.

Gaspar ZAfrica Brasil é um dos rappers que se destaca no cenário nacional por aliar sua vivência na Zona Leste da capital paulista com a cultura nordestina, herança familiar e cultura afro-indígena. Gaspar acumula uma bela discografia e um livro publicado, com o título O Brasil é um Quilombo. A obra faz um resgate da cultura popular por meio de ritmo e poesia e do Universo do Canto Falado.

O encerramento da Mostra de Arte Quiloa acontece no domingo, 28 de janeiro, com o cortejo do Maracatu Quiloa, na praça Mauá Santos, que é sempre um evento muito bacana e animado.

Maracatu Quiloa

Fundado em 5 de outubro de 2003, trata-se do primeiro maracatu da Baixada Santista.

O grupo fomenta a arte por meio de pesquisas, estudos, intercâmbios e produção cultural. O Quiloa tem fortes ligações com as Nações Pernambucanas, como a Nação Maracatu Encanto do Pina e Nação Porto Rico, e é o 1° Maracatu, fora do estado de Pernambuco, a participar do Carnaval de Recife e Olinda.

A Mostra de Arte Cortejo Quiloa começou em 2006. Além desse festival e outros eventos culturais, o grupo promove atividades formativas como oficinas de dança, música, culinária, adereços, artes plásticas para crianças, jovens e terceira idade.

Por Sarah Mascarenhas, mãe da Letícia, fissurada nos Simpsons, Pottermaníaca, uma magrela de magrela, amante de desenhos animados, uma caipira do interior paulista que resolveu descer a serra há pouco tempo e apaixonada por arte. Se quiser me conhecer melhor, siga no Instagram @_sarah_mascarenhas, no Facebook na página ou no blog sarahcura.blogspot.com.br