Texto porFlávia Saad
Santos (SP)

Leonardo Santiago: revelação santista nos palcos

A peça Canção de Amor em Rosa transpõe as músicas de Noel Rosa para o universo infantil. A fórmula deu certo e o espetáculo, em cartaz no Teatro Augusta, tem o santista Leonardo Santiago como o protagonista Chico. Chico é o típico malandro carioca, vive de trambiques junto ao amigo Mário e sonha ganhar a vida com o samba. Ele se apaixona por Isabel e precisa competir em provas inusitadas para conquistar seu amor.  

Além do teatro infantil, Leonardo está no musical dramático Lamartine Babo, de Antunes Filho. A montagem acaba de ganhar o prêmio Shell de Teatro e vai fazer, ainda no primeiro semestre, o circuito dos festivais internacionais, incluindo Argentina e Portugal. 

Leia a entrevista que o Leonardo concedeu ao Juicy Santos por e-mail.

Como começou sua carreira no teatro?
Comecei já em São Paulo com teatro amador. Na época, eu não tinha dinheiro pra fazer um curso pago, então fui em busca dos gratuitos. Fiz oficina do Estado e depois entrei para o Centro de Pesquisa Teatral no Sesc Consolação. Em Santos, meu caminho era a música, que sigo, e o esporte. Fui atleta muito tempo e me formei em Educação Física, mas não segui a carreira. A música me abriu portas no teatro também.

Foi uma escolha ou coincidência trabalhar com teatro infantil?
O teatro infantil foi um presente. É um universo muito importante de retratar e um compromisso com o desenvolvimento das crianças. Não pensava em fazer teatro infantil e quando recebi o convite pensei em como poderia somar à proposta do projeto. Fizemos a leitura da peça e muita coisa fazia parte da minha vivência musical, o que facilitou minha escolha. As crianças são honestas, espontâneas, e é muito gostoso ouvi-las participando da peça, com gargalhadas, comentários, onomatopéias.

Como você enxerga hoje a cena teatral no Brasil?
O teatro está em constante transformação. Penso que ainda é falha a valorização do artista brasileiro e isso é decorrência da educação, as referências das crianças estão na televisão, por conta dos pais, não há hábito de ir ao teatro, ao circo. Ainda é uma profissão interpretada erroneamente. São poucos os nichos de teatro reconhecidos e os trabalhos desenvolvidos com ajuda do governo que se solidificam, se pensarmos no tamanho do Brasil e no tamanho da riqueza cultural que temos. Admiro o Sesc pela maneira como trata os artistas, pela real e palpável democracia e pelo comprometimento com a população, mas é uma entre as poucas instituições que dão acesso à cultura por preços populares e com qualidade.

Você falou que quer trazer a peça pra Santos, mas está difícil. Por que?
Quero levar as peças pra Santos e para isso precisamos de financiamento, patrocínios, apoios. O samba em Santos é muito forte e as duas peças falam e defendem essa bandeira. Lamartine Babo foi o rei do carnaval, junto com Noel, criou canções que até hoje são cantadas e não reconhecidas pelos autores, mas pelos intérpretes. Quero ter o orgulho de fazer arte na minha terra, literalmente!

Você vem sempre pra Santos? O que sente mais saudades na cidade?
Hoje em dia vou pouco à Santos porque trabalho aos fins de semana e viajo com as peças. Mês que vem vou com o Lamartine pra Argentina e em junho iremos pra Portugal, nos apresentar em festivais de teatro. Tenho muita saudade das ruas de Santos, da brisa, do meu querido bairro Marapé, de andar de bicicleta, da padaria da esquina de casa, de jogar futebol na rua, empinar pipa na praia, do mar, do samba do Ouro Verde.