Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

Por onde anda Rodney Dy?

Panfletos de vende-se ouro são entregues a cada dois passos.

Em todos os postes, um homem-cartaz anuncia uma grande oportunidade e, a ao passar pelas calçadas, o volume do fone de ouvido ou da conversa precisa competir com o som das lojas.

Bem-vindo ao centro de São Vicente!

Praticamente a 25 de março caiçara, a área central da nossa cidade vizinha tem uma voz oficial.

É o timbre que divulga a promoção de bolsas, convida os passantes a entrar nas lojas que vendem de tudo e diz o valor dos remédios mais procurados.

O dono do centro se chama Rodney Dy.

E o cara também tem o título de verdadeira lenda santista. Lembram-se dele?

Rodney Dy

“Já faz quase 20 anos… fiz um sucesso danado, foram seis meses em evidência”, lembra o intérprete do Funk da Pamonha.

Vai pamonha? Vai curau?

Antes de o Youtube existir, o gaúcho (que sempre viveu aqui na região) foi um dos primeiros virais que o Brasil viu!

O clipe, gravado na orla santista, foi uma produção própria e com objetivo definido: ser enviado para o programa Piores Clipes do Mundo, da MTV. No início dos anos 2000, essa era uma das poucas portas abertas para anônimos que sonhavam com o estrelato.

Tamanho planejamento surtiu efeito: algumas semanas depois, Marcos Mion, um moleque zoeira da emissora musical, sem os músculos e a barba que exibe hoje na Record, estava “analisando” a filmagem #013 e Rodney se tornou a primeira celebridade instantânea da Baixada Santista.

“As pessoas tiravam sarro na rua, mas o meu telefone não parava de tocar”, lembra o locutor de vendas, que trabalhava no antigo supermercado BIG, na Aparecida (onde hoje fica o Carrefour, no Praiamar Shopping).

Segundo ele, as ligações chegavam de todos os cantos do Brasil e renderam viagens a Salvador, um contrato de três meses com o SBT, participação no trio elétrico da Ivete Sangalo, programa da Xuxa e várias participações como atração de programas de TV naquela época.

Atualmente

Rodney acha engraçado pensar que há duas décadas tinha uma agenda de shows lotada. Mas conta que, na época em que começou a ser esquecido, a fama se tornou uma obsessão.

Ele lembra que estava sempre tentando bolar alguma coisa para voltar a ser evidência. Um dos projetos foi o Funk do Orkut.

O trabalho repercutiu, rendeu alguns shows e foi esquecido em cerca de 3 meses.

Em sua rotina atual, divide a caixa de som com grandes nomes da música internacional.

Depois de cada refrão, a voz, que continua idêntica, lembra a clientela onde encontrar os produtos e seus valores.

Vez ou outra, alguém o reconhece e vai conferir se é realmente o cara quem está falando.

“É mais o pessoal das antigas. Já aconteceu de eu ir fazer uma proposta a um gerente e ele dizer que ficava me imitando em frente à TV”, diz, entre risadas.

Quem quer com os próprios olhos o que aconteceu com Rodney Dy, a lenda santista, só precisa ir à 25 de março caiçara. Ele fica sempre na Av. Martin Afonso, 463, entre homens-cartazes e outras formas de anúncio, tentando chamar a sua atenção.

Momento nostalgia: