Texto porLuiz Fernando Almeida

A homofobia nossa de cada dia

Essa foi uma semana puxada, cheia de atos homofóbicos que reverberaram internet afora.

Graças a Deus (pra quem acredita, claro!), as pessoas têm usado as plataformas digitais, não somente pra fazer live sem ter o que dizer, ficar te marcando em flyer de festa que você não vai ou fiscalizar a sua vida.

Os jovens adotaram as plataformas digitais como uma poderosa ferramenta de combate ao preconceito.

Falamos exatamente disso na coluna da semana passada.

homofobia-nao1
Nesta terça-feira, as redes sociais foram inundadas de compartilhamentos de um vídeo de uma travesti sendo agredida covardemente por três homens.

Ela levou chutes, socos, facadas e pauladas. A irmã da jovem tentou impedir as agressões e também foi vítima.

Dezenas de pessoas assistiram à cena sem fazer nada para tentar impedir tamanha barbárie.

Alguns apenas filmaram e colocaram as imagens em páginas de internet (tem vídeo com a tag “entretenimento”!).

O  vídeo que assisti, até o momento em que escrevo este post, já tinha mais de 4 milhões de visualizações, 22 mil comentários, 18 mil curtidas e 45,5 mil compartilhamentos.

A parte dos comentários eu vou pular, porque a regra é clara: se você não quer passar mal, nunca leia os comentários em noticias com grande visibilidade. Não vou linkar o vídeo aqui porque não sou sádico neste nível.

Os “suspeitos” foram detidos para averiguação, mas como transfobia não é crime, sabemos que não deve acontecer nada demais com esses caras. Além do mais, se eles forem soltos ou presos, a probabilidade de a travesti ser perseguida é muito grande.

Em seis anos, de 2008 a 2014, 604 travestis e transexuais foram assassinadas no Brasil, que se tornou o país mais transfóbico do mundo. Os dados foram divulgados pela organização não-governamental Transgender Europe, rede europeia de organizações que apoiam os direitos da população transgênero.

Os números vão ao encontro do relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil, publicado em 2012, pela Secretaria de Direitos Humanos, que registrou ao menos 3.084 denúncias de violações relacionadas à população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros), envolvendo 4.851 vítimas.

homofobia-nao2

Homofobia na escola

Também na terça-feira, um aluno do colégio Sigma, em Brasília, teria sido surpreendido beijando outro jovem nas proximidades da escola. Por isso, acabou recebendo uma advertência da escola de forma homofóbica.

O colégio nega que tenha havido qualquer tipo de discriminação e afirma que adotou um procedimento padrão quanto a relacionamentos afetivos de seus alunos, independentemente de gêneros, “que são separados em ambiente escolar”.

Mas parece que o garoto foi visto chorando no recreio porque ligaram para os pais dele e contaram. Oi? Com que direito alguém liga pros seus pais pra contar que você é gay? E com que direito uma instituição de ” ensino” se mete na vida privada de um aluno que beijava outro garoto FORA das dependências da escola? Que tipo de coisas ensinam nessa escola?  Me ajuda? Por favor!

Aqui, você consegue ver um post que ajudou a viralizar o assunto.

As escolas chamam sexualidade de “ideologia de gênero” como se nós quiséssemos doutrinar pessoas.

Chega a ser patético o nível de hipocrisia com a quantidade de docentes gays espalhados por este país. Não falamos a respeito: eu te contrato, você fica fria ou vai dar merda, tá? E, assim, vamos nos sujeitando a tantas barbaridades porque homofobia AINDA não é crime neste país.

Faça alguma coisa

Esta semana, o Senado Federal abriu uma consulta pública sobre um projeto para criminalizar a homofobia no Brasil. Segundo a proposta, terá o mesmo peso do crime de racismo.

Tudo o que você precisa fazer é entrar no site e votar A FAVOR. Não perde nem dois minutos do seu tempo pra ajudar a levar em frente este projeto tão importante e necessário nesse lugar que tem se mostrado muito intolerante às questões de gênero e sexualidade.

homofobia-nao3

Após ler essa enxurrada de barbaridades, não interessa a sua condição sexual, gênero, raça, etc.

Você quer continuar vivendo num país onde as pessoas agem como se estivessem na Idade Média e matam outras simplesmente porque se sentem incomodadas? Não é justo! Faça a diferença, ajude este projeto a avançar no Senado, para que possamos viver numa nação que não tolera crimes motivados pelo ódio.

Todas as imagens deste post foram criadas pelo designer Sam Poeta e podem ser impressas e compartilhadas.