Cine Comunidade: levando cinema para todas as partes de Santos

“Que filme é hoje, tio?” perguntam, em coro, as 31 crianças sentadas na sala de multimídia da Ação de Recuperação Social do Saboó, assim que o cartaz o Cine Comunidade é pendurado num canto do local.

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O projeto, que teve início em 2011 – realizado pela SECULT com apoio Vídeo Paradiso (que oferece os DVDs) –  já passou por mais de 18 bairros da Zona Noroeste, Morros e Zona Leste, em cerca de 60 sessões. “No início, seria só em Caruara, área continental da cidade. Mas a população abraçou a ideia. Desde o primeiro filme, a sala ficava lotada. Em 2013, passou a integrar a programação da Coordenadoria de Cinemas da Secretaria de Cultura”, explica André Azenha, coordenador.

Em cerca de 1h35, as crianças assistem a diversos curtas-metragens da Pixar e Disney.

A intenção é levar produções inéditas para os expectadores, mas não apenas isso: em cartaz, estão filmes com mensagens positivas.

Se, para as crianças, a graça é ver os personagens de seus desenhos favoritos passando por situações que fogem de seus roteiros, com o público adulto as mensagens são captadas de outra forma.

“Varia muito de acordo com a sessão. Quando a plateia é composta por idosos, por pessoas que buscam largar algum vício ou moradores de rua, o bate-papo após a exibição costuma ser banhado às lagrimas, – as deles e as nossas”, comenta Azenha.

Cine ZN abril 2015Imagem: Cine ZN | Divulgação

Na Ação de Recuperação Social do Saboó, no entanto, as crianças mostram-se atentas aos detalhes. “Eu gostei muito de todos os filmes, porque aprendi alguma coisa diferente em cada um deles”, diz Ana Beatriz, de 9 anos.

“É verdade. No filme do Toy Story eles ajudaram a Barbie e o Ken porque são todos amigos, não queriam ver eles tristes, né? Igual à gente”, completa Wilian Nascimento, de 10 anos.

A cada aluno que mostra que entendeu a mensagem, assim como a Ana e o Wilian, o semblante de Azenha mostra-se orgulhoso.

“O nosso objetivo é democratizar o acesso à cultura, formar público para produções audiovisuais, desenvolver um olhar mais crítico por parte do espectador e a discussão sobre aspectos do cotidiano a partir dos filmes”.

Sessão em Caruara Setembro de 2013Imagem: Sessão em Caruara | Divulgação

É só o cartaz ser recolhido e André se despedir para que as crianças começarem os sussurros. Perguntam baixinho: “quando será que ele volta?”.

É mais uma prova de que o cinema pode, sim, ser agente de transformação por onde passa.

Escolas, ONGs, entidades de bairro e comunidades interessado em receber o projeto devem entrar em contato com o Museu da Imagem e do Som (MISS) pelo telefone (13) 3226-8016, diretamente na Av. Pinheiro Machado, 48, Vila Mathias ou pelo Facebook.