Texto porLudmilla Rossi
Santos
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Viajar pelo Brasil: o que vi depois de rodar 3.200 km

Em 2016, tive a oportunidade de fazer uma viagem que me ensinou muito sobre o nosso país. Quem me conhece sabe que eu amo viajar, mas que acabo quase sempre escolhendo novos países para conhecer.

Só que depois de viajar pelo Brasil 3.200 kilômetros via estradas pela costa brasileira eu trago uma grande conclusão: conhecer o Brasil é um verdadeiro presente.

Pouca gente sabe que até o final de 1993 eu morei no Nordeste, mais precisamente em Salvador, Bahia.

Passei minha infância por lá e hoje vejo o quão valioso isso foi para minha vida. Os hábitos do nordeste, o acolhimento do povo e a maneira que os nordestinos nos recebem são de uma humanidade sem tamanho. Quando cheguei a Santos, no meio da década de 90m eu estranhava muito o hábito que tinham por aqui de chamar as pessoas de maneira depreciativa de “baiano”.  Pra mim, isso é elogio.

Não é a toa que temos aquela frase “o Brasil são muitos países em um”.

Fazer essa viagem ao longo de uma semana conhecendo 8 cidades, começando em Santos, passando por São Paulo, Rio de Janeiro, Búzios, São Mateus, Porto Seguro, Salvador e Recife deu para sentir o quando o Brasil é especial em cada um dos seus “países”. É triste admitir que parece que os gringos reconhecem mais o que é nosso do que nós mesmos.

Escrevo esse conteúdo informativo através do convite do Expedia Brasil.

Viajar de ônibus pelo Brasil é algo que a gente nem sempre cogita, mas essa oportunidade me proporcionou uma logística diferente e divertida. Era um convite irrecusável.

Santos, São Paulo e Rio de Janeiro

O trecho Santos e São Paulo não é novidade para mim. Faço isso no mínimo duas vezes por semana. A viagem começou mesmo pra mim ao chegar no Rio de Janeiro, que é uma das minhas cidades favoritas no mundo. Turistar no Rio de Janeiro é algo que todo mundo PRECISA FAZER e precisa estar na sua bucket list, independente do tempo que se tem na cidade. Um roteiro de três dias é uma delícia, e se você estiver no Rio de Janeiro num domingo recomendo que visite a Feira Hippie de Ipanema, que acontece na Praça General Osório. É um programa delicioso: a feira traz vários tipos de comidinhas, produtos feitos por artesãos e arte.

Onde eu amo comer lá?  Na barraca da baiana que vende bolinho de estudante, quitute típico da Bahia, que eu apelido carinhosamente de churrasco de tapioca. Imperdível.

Veja também as dicas de roteiro no Rio de janeiro da Expedia Brasil.

Búzios

Eu ainda não conhecia Búzios e apesar de ter ficado pouquíssimo tempo lá, saí gamada no charme da cidade, na Rua das Pedras e nas lendas Bardotianas. Quero voltar!

Rua das Pedras em Búzios

São Mateus

São Mateus é uma cidadezinha onde paramos entre Búzios e Porto Seguro. Simples de tudo, mas com aquela arquitetura charmosa e muito antiga. A cidade foi fundada em 1544, inicialmente chamada de Povoado do Cricaré. A cidade tem um peso gigante na história do Brasil, apesar de não ser tão conhecida assim.  São Mateus foi um relevante porto de escravos e hoje boa parte de sua população é afrodescendente.

Cidade de São Mateus no Espírito Santo

Em São Mateus também foi rodado o documentário Espírito São, que traz personagens mestres da sabedoria popular. Em São Mateus vivi uma experiência linda ao conhecer a Dona Antônia, uma senhora cheia de alegria e histórias, que nos recebeu com ladainhas e suas tradições. Foi um daqueles dias especiais, para guardar na memória mesmo. Segundo ela: “O que manda é a fé, nosso santo faz milagre pra nós, mas não são esses de madeira… É o espírito.”

Essa é a dona Antônia. <3

Dona Antonia de São Mateus

Bahia, minha amada Bahia

De São Mateus parei em Porto Seguro. Apesar do pouco tempo na cidade foi mágico. Eu não voltava lá desde 1985 e foi incrível colocar os pés naquela areia e me conectar novamente com a minha infância. A cidade mantém aquele aspecto rústico, de vila, com aquele solzão do nordeste abençoando tudo.

Ludmilla em Porto Seguro

Pouco depois chegamos em Salvador, que foi a cidade onde passei 1/3 da minha vida. Quanta nostalgia e que saudades. Passei por alguns bairros onde vivi, fiquei um tempo no Parque da Cidade e o dia acabou no Pelourinho.

Foi muito engraçado isso, pois quando morávamos por lá meus pais nunca tinham me levado ao Pelourinho. Acabamos indo fazer turismo lá nos últimos dias morando na Bahia. Voltei lá em 1996, para fazer turismo novamente. E depois só voltei 20 anos depois. O Pelourinho é parada obrigatória e não acredite mais nos mitos de violência que fizeram a fama do lugar nas décadas pregressas. Como em qualquer lugar do Brasil é só ficar esperto. A noite no Pelourinho é linda, policiada e com acarajés disponíveis até altas horas.

Recife

Minha paixão pelo estado de Pernambuco só aumenta. Estive por lá comemorando minha vigésima lua de mel no Nannai, que foi sem palavras. Recife é uma cidade mágica e por lá tem um lugar que eu considero muito especial: o museu Brennand. Dessa vez não fui ao museu e sim no espaço anexo à oficina Francisco Brennand, um lugar fantástico que fica perto do museu e precisa ser visitado. Quem olha as fotos pensa: “nem parece o Brasil”, mas é sim, o melhor lado do Brasil.

Francisco Brennand é um artista extremamente aclamado no estado e no mundo, mas ainda não tão conhecido pelo Brasil inteiro. Ele é conhecido por esculturas espalhadas pela cidade, pelo trabalho em conjunto realizado com Ariano Suassuna (eles estudaram juntos e se tornaram amigos) e por sua oficina no bairro da Várzea onde algumas de suas obras estão expostas  espalhadas pelo jardim.

Oficina Francisco Brennand

Depois de viajar 3.200 kilômetros eu só vejo uma coisa: como esse país é incrível e como vale a pena viajar pelo Brasil.