Texto porJuliana Duarte
Jornalista, Praia Grande

Graziela Sterque: a professora que revolucionou a cultura de Praia Grande

Cultura é substantivo feminino. E, em Praia Grande, o significado vai além de gramática.

Hoje em dia, é automático associar a cultura praia-grandense ao Palácio das Artes, o nosso PDA. É no equipamento que estão abrigados espaços como o Museu da Cidade, Galeria Nilton Zanotti, Teatro de Bolso Leni Morato, Teatro Serafim Gonzalez e a biblioteca. Esta última, inclusive, teve uma longa jornada até chegar ali.

E talvez você saiba parte dela. Afinal, o imóvel desocupado na Avenida São Paulo ainda guarda pequenos elementos do Porto do Saber, que funcionava ali até poucos anos atrás. Era comum estranhar o comitê político que ficou no lugar por algumas semanas ou até mesmo o atual desuso. Morador ou visitante, qualquer um ficava impressionado com o grande espaço dedicado à leitura. Principalmente quando consideramos que o local está em uma das principais avenidas da cidade e a falta de livrarias por aqui, né?

Mas por que é importante relembrar que o Porto do Saber já ocupou um lugar tão amplo? Porque a primeira biblioteca praia-grandense foi dentro de casa. E ela só existiu graças a uma mulher.

Tudo começou na casa de Graziela Sterque

O legado deixado pela professora, pesquisadora e poetisa percorre a cultura de Praia Grande até hoje.

Era década de 1960 quando Graziela Sterque abriu sua própria casa para receber moradores que desejavam ler. O espaço contava com uma grande variedade de livros de todos os gêneros. Não só isso: ela ainda ajudava estudantes que frequentavam o local. E foi, assim, que tivemos a primeira biblioteca em terras praia-grandenses. Dentro de casa, criada por uma mulher que já carregava um background inspirador.

De Belem do Pará a Praia Grande

Graziela Sterque nasceu no dia 24 de março de 1928, em Belém do Pará. Ainda jovem, prestou concurso público para dar aulas na comunidade ribeirinha de Terra Roxa. Era Graziela que guiava a própria canoa todos os dias, recebendo o título de “Professora do Ano” do Pará por tal bravura.

Após se casar com o militar Elson Sterque, o casal se mudou para a capital paulista. Juntos, montaram uma loja de armarinhos e uma indústria de graxas. A permanência em terras paulistanas se estendeu até os anos 1960, quando decidiram criar os 6 filhos no litoral. Foi então que a família chegou em Praia Grande, antes mesmo da emancipação.

A cultura de Praia Grande tem muito de Graziela Sterque

Ter criado a primeira biblioteca da cidade em sua própria casa é uma grande contribuição para a cultura praia-grandense. Mas a professora não parou por aí.

Ela fez muito pelo cenário cultural do município e sua atuação foi fundamental para o que temos hoje. Isso porque a professora montou o primeiro museu da cidade com sua coleção de peças indígenas. Também colaborou com a abertura da primeira Biblioteca Municipal, agora oficialmente da Prefeitura.

Sua história com a cultura de Praia Grande também foi marcada por projetos, como o Circuito Cultural. O objetivo era promover palestras e campanhas educativas para alunos do ensino fundamental e médio. Graziela ainda editou, por 30 anos, a Revista Informativo Cultural, que foi referência em pesquisas da história de PG.

Além disso, foi correspondente do jornal Folha de São Paulo e professora titular de Folclore Brasileiro na Faculdade de Artes e Comunicação, da Universidade Santa Cecília (UNISANTA). Exerceu também o cargo de assessora parlamentar na Câmara Municipal de Praia Grande.

Eterna em Praia Grande

Graziela Sterque faleceu em 2003, aos 74 anos. Sua história é um exemplo de dedicação à cultura e à educação, com um legado que continua a inspirar gerações de praia-grandenses.

Hoje em dia, a professora é homenageada no Foyer do Palácio das Artes – onde se encontra o Porto do Saber atualmente. Além disso, nomeia o diploma fornecido pela Câmara Municipal como homenagem a mulheres escolhidas durante a semana da mulher.

Mas existe uma outra forma de valorizar e celebrar o que Graziela Sterque fez pela cidade. É lembrar de seu nome em cada equipamento ou ação cultural que acontece em Praia Grande. E claro: espalhar sua história e legado por aí. Ter um nome gravado na parede ou em um papel só eterniza alguém quando sabemos o significado por trás.

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