Animais das Aldeias da Baixada Santista: conheça o projeto
Espalhadas pela Baixada Santista, as aldeias indígenas preservam costumes e a cultura do povo que originou o Brasil. E, dentro delas, uma outra população ainda mais invisibilizada existe: a dos animais das aldeias.
Enquanto os pets nas regiões ricas das nove cidades da região ganham mimos e dengos, os cachorros e gatos que vivem nas aldeias estão quase sempre debilitados, extremamente magros e sem um plano de controle populacional.
Foi observando essa necessidade que surgiu o grupo voluntário Animais das Aldeias.
Fotos: Larissa Reis/divulgação
O que é o projeto Animais das Aldeias
Larissa Reis, idealizadora do Animais das Aldeias, contou para o Juicy Santos sobre a necessidade de dar atenção a esses bichos.
“Há 4 anos, realizo de forma autônoma e voluntária, junto a amigos, um projeto social com as crianças indígenas. Levamos roupas, alimentos, brinquedos e kits de higiene. Durante nossas ações, percebemos a extrema necessidade de ajudar também aos animais que ali vivem. Isso porque havia muitos (bichos) debilitados, extremamente magros, com feridas por todos o corpo. Também vimos muitas cadelas prenhas e com filhotes. A maioria morria de forma lenta e sofrida”, relata.
Com pouco recurso, Larissa começou dando prioridade à castração das cadelas. Porém, em pouco tempo, ficou claro que a necessidade era bem maior do que isso.
Em maio de 2018, um apoio providencial chegou para dar fôlego ao Animais das Aldeias. Veterinários se dispuseram a ir até as comunidades indígenas para castrar, vacinar, tratar e acompanhar os cães e gatos.
Hoje, além de Larissa, trabalham voluntariamente os veterinários Águeda Duarte, Paloma Vergine, Ana Claudia Gonçalves e Rafael Novaes. Além deles, outros profissionais vêm oferecendo seu conhecimento em áreas como Mariana Vasques, em dermatologia (os casos de problemas de pele são bem graves) e Rodrigo Begueldo, da Clínica Opmam, com as castrações a baixo custo.
A primeira localidade atendida foi a aldeia Paranapuã, em São Vicente. Lá, o grupo conseguiu castrar 100% das cadelas e gatas. E ainda todos os animais receberam 2 doses da vacina polivalente importada e irão receber a anti-rábica.
Os filhotes nascidos lá foram doados para famílias que possuem mais recursos e que poderão dar uma qualidade de vida melhor a eles. E animais feridos também receberam tratamento.
Mudança pra melhor
Em Paranapuã, Larissa diz, orgulhosamente, que o cenário mudou totalmente em relação à primeira visita.
“Alguns animais continuam tratamento e sempre se faz necessário uma visita mensal dos veterinários. Mas, para essa aldeia, o que precisamos agora é o aporte mensal de ração”, explica.
Agora, o Animais das Aldeias foca na comunidade de Rio Branco, em Itanhaém. Nesse local, faltam 4 cadelas para serem castradas, metade já tomou as vacinas (os outros estão em tratamento médico) e 11 filhotes em lares temporários aguardando uma família para chamar de sua.
Se você quiser adotar um animal na Baixada Santista, procure com o pessoal do Animais das Aldeias.
“Vemos uma mudança incrível na vida do animal. De fato, não vamos conseguir mudar o mundo e salvar todos, mas estamos mudando o mundo daquele bichinho e isso com certeza não tem preço”.
Um desses casos emocionantes é a Bopi (foto acima). A filhotinha, agora com 4 meses, foi resgatada na aldeia Rio Branco. Estava desnutrida e quase sem pelos, aos 2 meses. Chorava e se coçava muito. O diagnóstico revelou sarna sarcóptica e fungos. Além disso, tinha verminoses.
Por serem doenças contagiosas a outros animais e também a humanos, ela ficou mais de um mês isolada para o tratamento.
Todos os irmãos dela morreram. E ela sobreviveu. Hoje, brinca feliz e espera por uma família para adota-la e dar muito amor e carinho.
Esta é a Bopi atualmente:
Pedido de ajuda
Caciques e lideranças indígenas já notaram a importância desse trabalho. Eles recorreram ao projeto para pedir ajuda, em especial para as aldeias de Itaoca, em Mongaguá, e Tekoa Mirim, em Praia Grande.
O projeto precisa de 600 kg de ração para cães e 60 kg de ração para gatos por mês para manter os animais destas duas aldeias.
E a sua colaboração faz toda a diferença.
Padrinhos e madrinhas que possam doar mensalmente qualquer quantia são bem-vindos.
“A alimentação deles é importante para que não voltem a ficar debilitados. E, para que os que ainda estão, fiquem bem para que possam ser vacinados e castrados. Precisamos também da ajuda financeira para custear a compra das caixas de vacinas, medicamentos e castrações”, enumera.
Quer ajudar? Então entre em contato pelas redes sociais no Facebook ou no Instagram do Animais das Aldeias. Ou ainda pelo Whatsapp (13) 99162-9709. O donativo pode ser feito por meio de boleto bancário.
Em Santos e Praia Grande, há pontos de recebimento de ração. Basta acionar a equipe pra saber qual fica mais perto de você.