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Santos Invisível, a cidade que o seu Facebook não mostra

O ponteiro do relógio se movimenta, silencioso, sem chamar a atenção de ninguém.

Quando nos damos conta, já está na hora de desligar o computador, bater o cartão e ir embora – provavelmente depressa – para o compromisso da noite.

As folhas do calendário são arrancadas e “nossa, já tem panetone no mercado!”.

A vida passa e a gente nem vê. Ninguém se dá conta das coisas que se tornam invisíveis em meio à rotina, que insiste em apreciar as paisagens através de filtros eletrônicos e não de janelas.

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Estaríamos nós vivendo em uma Santos Invisível ou esquecendo uma parte da cidade?

Como forma de responder essa pergunta, os estudantes de jornalismo Felipe Silva e Marcio Lacerda decidiram encarar as ruas da cidade, sair da orla e ir à busca de uma realidade esquecida por grande parte dos munícipes e governantes. Assim, nasceu a página Santos Invisível.

Santos invisivelImagem: Reprodução/Santos invisível

“Sou do Rio de Janeiro e me mudei para Santos há dois anos. Desde que chegamos aqui, a minha mãe trabalha na Zona Noroeste. E comecei a observar que a mídia não tem como costume falar muito de lá e, por isso, decidi contar as histórias até então adormecidas”, explica Felipe.

Apesar de o projeto ter sido conversado diversas vezes, ele só se concretizou em agosto de 2016, durante a ressaca que se tornou notícia nacional. O motivo? Todas as imagens mostravam os prédios da Ponta da Praia sendo invadidos pelo mar ou o barco quebrando as tão queridas muretas santistas.

“Meu feed estava cheio de vídeos do ocorrido, mas todos mostravam o mesmo ângulo da cidade”, conta o jornalista que decidiu ver qual era o cenário ‘do outro lado’ da cidade.

Assim nasceu o primeiro vídeo, o depoimento de uma moradora da ZN sobre as enchentes, que ocorrem mesmo sem chuva.

A repercussão foi grande, mais de 370 compartilhamentos e 160 reações na rede social. Agora, a página segue contando histórias, como a do Michel e seu cachorro (que ilustraram essa matéria). O objetivo é ter postagens diárias, ou, no máximo, em dias alternados.

Ajude

Para manter o ritmo das publicações, e encontrar relatos emocionantes em todos os cantos da cidade, Felipe e Márcio contam com a ajuda dos entusiastas do projeto. Para ajuda-los e fortalecer esse movimento, basta entrar em contato através do próprio Facebook. As histórias precisam ser verdadeiras e ter conteúdo.

“É um trabalho com importância tanto jornalística quanto antropológica, afinal são as histórias das nossas pessoas que estão sendo contadas”, finalizam.

Quem sabe assim a gente tira a capa de invisibilidade das ruas, mesmo que através dos mesmos filtros que embelezam e ocultam os detalhes mais importantes do nosso dia a dia…

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Jornalista,