Marcela Souza, uma santista juíza de boxe
Tem gente por aí que ainda acredita no papo de sexo frágil e acha que ambientes de luta não são para mulheres – a não ser que estejam de biquíni como ring girls.
Caso contrário, espere por matérias com closes errados, como essa aqui.
Nomes como Bethe Correia, Ronda Rousey e Holly Holm são apenas alguns – entre milhares – que desmistificam essa lenda.
Mas, se alguém argumentar que lutas entre mulheres são mais leves e não têm o mesmo nível das masculinas, o Juicy Santos te ajuda a dar o nocaute: conte sobre Marcela Souza, uma santista juíza de boxe.
Formada em Educação Física, Marcela conheceu o mundo do boxe por meio do grupo de dança do qual fazia parte. Era bem comum eles participarem de lutas, durante a abertura ou intervalos.
“Participei de diversas lutas, do Popó e outros atletas. No meio disso, a Baixada Santista começou a montar uma liga de boxe e precisava de quadro de arbitragem. Eu fiquei sabendo e decidi fazer o curso”, lembra.
Foram 6 meses de aulas e provas para mostrar aptidão. E, então, ela começou a arbitrar na liga, em São Vicente.
O desempenho exemplar chamou a atenção da Confederação Brasileira. Marcela começou a viajar pelo Brasil para apitar lutas.
“Em 2004, fiz o curso para árbitro continental, passei na prova e comecei a viajar por toda a América”.
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Atualmente, o passaporte da santista tem carimbos de todas as partes do mundo, como Estados Unidos, China e Cazaquistão, por exemplo.
Machismo no ambiente de trabalho
Quando arruma as malas para uma viagem (quase todo fim de semana!), Marcela encarra ônibus, avião, hotéis e outros locais unanimemente masculinos. Ela conta que nunca teve problemas, mas que, indiretamente, percebe olhares diferentes.
“No início, era comum. Hoje em dia, não mais. As pessoas pensavam que uma moça não teria controle de uma luta de dois caras enormes. Mas a gente vai mostrando que pode, que é capaz, sim! Tanto é que, atualmente, só eu e mais um (juiz) temos o nível máximo da arbitragem no Brasil”.
De luta em luta, a santista conquistou respeito e admiração pelos ringues em que passou. Ela conta que não importa em que lugar do mundo está, sempre é parada por mulheres que a parabenizam por seu trabalho.
Tudo em casa
A família, claro, sente o maior orgulho. Antes de Marcela se tornar juíza, não era parte da rotina da casa assistir às lutas – agora, o cunhado atua como locutor da confederação e o pai (já falecido) também fez curso para ser árbitro.
As coisas só mudam um pouco quando perguntamos sobre relacionamentos.
“No começo, é motivo de orgulho, tipo namorado de miss que fala para todo mundo. Até que tem um casamento ou evento familiar e eu não posso comparecer, porque estarei viajando e também começa a rolar ciúmes. É complicado”.
Tocha olímpica
Quando a tocha olímpica passar por Santos, no dia 22 de julho, Marcela estará entre os escolhidos para carregá-la. O convite foi feito pela Nissan, uma das patrocinadoras do evento.
“Eu fiquei super orgulhosa, tantas pessoas queriam estar ali e até se inscreveram para isso e eu fui convidada. Estou ansiosa”, finaliza.