Humanos de Santos
Alguma vez, você já olhou pra pessoa ao seu lado no ponto de ônibus e pensou que ela deveria ter uma história de vida incrível pra contar? Ou viu um morador de rua, invisível aos olhos de quem passa com pressa pelas ruas da cidade, e imaginou como ele chegou até ali?
Vinícius Alves de Souza, sim.
Ele é o criador do Humanos de Santos, projeto que surgiu no Instagram e agora chegou ao Facebook para mostrar narrativas biográficas por trás de retratos dos santistas que circulam entre nós.
O perfil Humans of New York, de Brandon Stanton, foi pioneiro em usar as redes sociais pra fazer esse tipo de “crônica urbana”. Desde 2010 no ar, virou livro e hoje contabiliza mais de 14 milhões de seguidores. Outras cidades do Brasil e do mundo ganharam versões similares, como o Humans of Curitiba, Humans of Paris e Humans of São Paulo. O estilo também gerou paródias, como o Humans of Humanas e Humans of PT.
Médico de formação, Souza se inspirou no HONY para criar o Humanos de Santos, mas quis implementar algumas diferenças.
No perfil americano, as fotos são sempre externas. Já as fotos santistas são feitas em locais internos também. Stanton usa equipamento fotográfico profissional para suas imagens, enquanto a versão caiçara lança mão de um iPhone para fazer os cliques. Selfies estão proibidas.
O gestor dos perfis contou para o Juicy Santos que não tem uma sistemática definida para escolher seus retratados. Às vezes, encontra alguém na rua e conversa com ele/ela para saber mais sobre seu passado, presente ou futuro. Em outras ocasiões, vai atrás de indicações de amigos e conhecidos, usando sua rede pra encontrar casos interessantes.
Foi assim, aliás, que tudo começou. Durante um plantão, em uma conversa com uma auxiliar de enfermagem, ouviu que sua filha, negra, já havia sido vítima de preconceito na escola. Essa profissional foi a primeira a ser fotografada para o HdS.
Depois dela, outros anônimos (e conhecidos) já passaram pelas lentes do fotógrafo amador – gente que venceu o câncer, que deu um outro rumo para a vida profissional, que superou uma deficiência ou que simplesmente trabalha nas ruas de Santos pintando quadros pra vender.
A princípio, o criador do perfil não tem objetivo de ganhar dinheiro com ele, pois trabalha em outra área. Seu intuito é seguir registrando quem topa contar sua história, qualquer que ela seja.