Felipe Saad, um zagueiro santista no Evian TG FC
Desde que futebol era esporte praticado com a barra do shortinho a três palmos do joelho e camiseta colada de gola pólo, Santos – o time ou a cidade – é conhecida pelos craques. Alguns ficam por aqui, outros a cidade exporta para o mundo e a história do menino talentoso que recebeu uma boa proposta para deixar a Praça das Bandeiras para trás e tentar a vida na Europa, Ásia ou Oriente Médio se repete com frequência.
Não foi diferente com Felipe Saad, irmão da lhinda Flavia Saad que escreve para o blog que você está lendo neste momento. Aos 27 anos, o zagueiro já passou pelo Vitória, Paysandu, Botafogo, Guingamp (da França) e atualmente joga no Évian, time daquela cidade cuja água é famosa e o primeiro colocado da Ligue 2 do campeonato francês.
Hoje (22 de abril) tem jogo do Évian contra o Le Havre, sexto colocado da Ligue, e a gente pode torcer e saber mais sobre a vida do santista que já apertou a mão do Sarkozy*.
JS – Como você se diverte por aí?
FS – Gosto muito de cinema (fui ver Rio recententemente, por indicação da minha irmã, pra matar a saudade do Rio e do Brasil), festivais de música, sou convidado frequentemente para jantar na casa das pessoas e, nos fins de semana, às vezes viajo para lugares um pouco mais distantes, como Milão, Turim, Lyon, Annecy…
JS – Quais são os pontos positivos de morar aí?
FS- A segurança, o suporte dado pelo governo, a qualidade de vida, a possibilidade de aprender uma nova língua e uma cultura diferente, o acesso a uma cultura ampla e de qualidade. Sem falar que as cidades são muito bem cuidadas e têm prédios bem antigos mas com uma manutenção impecável.
JS – Tô sabendo que você é famoso e tem até camiseta na parede de uma kebaberia… Mas não vou dizer quem me contou isso!
FS – HAHAHA se você considera ser famoso por causa disso… Foi no Guingamp, mas é uma cidade tão pequena (8 mil habitantes!) que talvez o marroquino do kebab seja mais famoso do que eu! Rs
(Felipe ia a uma kebaberia depois que saía dos jogos e, um dia, deu uma camiseta para a dona do lugar como agradecimento pelo bom atendimento. Tempos depois, chegou na kebaberia e o presente estava enquadrado e pendurado na janela, virado para a rua)
JS – Do que você sente saudade?
FS – Da praia de Santos, da vista da serra quando eu tô descendo do aeroporto pra chegar em casa, da lasagna da Nonna, dos meus amigos de infância, da minha familia, do meu quarto… E talvez pareça bizarro, mas de poder andar de sunga no meio da rua pra ir à praia! Hehehe
JS – Quais são as suas melhores recordações de Santos? E de quais características ou lugares da cidade você sente falta?
FS – Então, não tenho essa saudade de comer feijão e arroz todo dia, mas é verdade que uma vez a cada 2 meses, sei lá, dá uma vontade… Principalmente quando é domingo e faz sol… Aí coloco uma rádio de Santos na internet pra subir o clima! Hahaha! Sempre entram aqueles jingles à la Benny Coquito que me lembram minha infância, aí não tem jeito… Mas sinto falta também de um pouco mais de calor, pois aqui o inverno é rigoroso, principalmente neste lugar novo que moro (Évian), que é no pé dos Alpes… Faz 10 graus negativos em fevereiro…
JS – Com que frequência você visita a cidade e o que faz questão de fazer quando está por aqui?
FS – Vou rapidinho no Natal e fico um pouco mais de tempo em junho. Faço questão de passar muito tempo com minha familia, não perco uma oportunidade de ir a praia, e nas últimas vezes que voltei pra Santos tive o prazer de poder reencontrar alguns amigos de infância com quem tinha perdido um pouco (muito) o contato. E sempre tem espaço praquelas pequenas coisas basicas de Santos, como tomar um sorvete do Rochinha, sentar na Ponta da Praia pra ver o sol se pôr e tomar um caldo de cana, jogar frescobol… Sem esquecer que eu sou o baixista oficial da banda de Guitar Hero que rola na casa da minha irmã (guitarrista e vocalista) e do marido dela (baterista)!
*Felipe apertou a mão de Nicolas Sarkozy em 2009, quando o Guingamp conquistou a Coup de France.