Christine Marote – uma santista na China
Lá do outro lado do mundo não tem água de coco nem Carnaval. Mas tem uma cultura milenar cheia de peculiaridades. A santista Christine Marote, leitora assídua do Juicy, mora na China há 4 anos e conta pra gente um pouco sobre a vida no Oriente.
O que chamou mais a sua atenção quando chegou no país, em relação às diferenças culturais?
Olha, são tantas coisas que deixam os ocidentais assustados quando chegam por aqui que nem sei escolher uma só. Principalmente porque, em 2004, tudo era muito diferente do que é hoje e também por ter entrado no país por uma cidade de interior, no norte da China, onde a quantidade de estrangeiros é insignificante e os hábitos são puramente chineses. Shanghai, onde vivo hoje, é uma cidade internacional. Aqui ninguém para um estrangeiro para pedir para tirar foto, por exemplo. Já não é mais novidade. Agora, experimenta ir para uma cidade a 1 hora de carro daqui… Se você for loiro então, se prepare para os flashes! Bom, mas para tentar ser sintética, o que mais me assustou foi ver o povo cuspindo (para ser educada) por todo o lado: na rua, no shopping, no restaurante. A comida também foi uma aventura, principalmente em Chang Chun. O que mais me encantou foram as construções, tanto as modernas e como as antigas, e a arte chinesa.
Com que frequência você volta para cá?
Teoricamente uma vez ao ano eu vou para o Brasil para ficar uns 30 dias. Mas depende muito: em 2009, não fomos e nesse ano já fui, mas fiquei somente 14 dias. Por isso, estou pensando em voltar mais uma vez em agosto, que é verão aqui (nota do Juicy: a gente quer conhecer você, Chris!!)
Definitivamente a praia. Até escrevi um post sobre isso há pouco tempo atrás. Não era de frequentar a areia, mas olhar o mar todos dias, o cheiro, a brisa… O engraçado é que isso é tão ‘normal’ para os santistas, para quem vive na praia, que não damos conta no dia a dia. Precisamos sair para notar.
Por que você quis montar um blog sobre a vida na China?
Essa história rola há muito tempo. Tenho amigos que sempre me cobraram escrever sobre qualquer coisa, por que acham que eu tenho um jeito divertido de contar as histórias. Depois que comecei a vir para a China, aí não parava de ouvir isso ao fim de cada conversa. Só que não me sentia preparada, sei lá, minha auto-crítica é muito dura. Um dia, depois de uma conversa sobre a China, claro, pensei: se eu decidir escrever um blog o nome será “China na minha vida”, simplesmente por que a China virou minha vida de cabeça para baixo, ou para cima… Depende do ângulo que você olhar…rs. Mas mudei muito, descobri outros valores para minha vida, passei a dar mais atenção às coisas que antes não ligava.
Depois de uma ano e meio na China, fomos ao Brasil. Meu irmão e meu pai organizaram uma reunião e chamaram todos os nossos amigos. Foi muito bom, rever todos de uma vez, eu não sabia nem com quem eu falava, recebi tantos abraços e carinho que voltei renovada. Aí consegui entender que amigo é amigo. Que minha familia sempre estará presente me apoiando. E isso distância nenhuma pode mudar. Percebi que tinha amadurecido, que havia assimilado essa passagem, que havia terminado meu luto. Veja bem, não que de vez em quando eu não me pegue de mal humor ou chorosa pela saudade…
Algumas semanas depois que voltei, abri o tal arquivo, apaguei um monte de coisas, escrevi outras, revi tudo. Fiz uma lista do que seria legal escrever e fui escrevendo. Acho que já tinha uns 12 textos prontos quando resolvi publicar, em setembro de 2010.