Salão do Hilário, no Centro Histórico
No auge de seus 80 anos, seu Hilário observa o movimento da Rua Martim Afonso como fazia há décadas atrás.
Ele lê o jornal do dia e acena para algumas pessoas que, apressadas, passam pela calçada e dizem seu nome.
O riso fácil e olhar cativante mostram: o Salão do Hilário, no Centro Histórico, é um daqueles pontos que não está na rota turística, mas tem histórias para contar.
“Eu estou nesse pedaço há 55 anos”, conta, orgulhoso, Hilário Garcia Carvalho.
Sugestões para você“Essa loja existe há 10 anos, mas já trabalhei nos números 8 e 9 antes, todos aqui nesse quarteirão”.
Nas paredes, estão fotos de clientes ilustres, jogos do Jabaquara (seu grande amor) e outros momentos de sua vida. Um registro que precisa de longas conversas para ser desvendado.
Nascido em um sítio em Jaú, interior de São Paulo, seu Hilário conta que por muitos anos puxou enxada com seu pai, mas precisou se mudar para a ‘cidade grande’ depois que a casa foi vendida.
Já no primeiro dia em novo território, arrumou um emprego em uma barbearia, como engraxate. Mas a curiosidade fez com que fosse promovido depois de apenas 3 meses.
Fez barbas em Barra Bonita, Jaú, Araraquara, Jaú (novamente), Rio de Janeiro, São Paulo e, finalmente, chegou a Santos, de onde nunca mais saiu.
“Há alguns anos atrás, eu me acidentei, fui ao médico com a minha filha e esposa. Chegando lá a pequena [forma como se refere a filha] falou para o médico que achava que estava na hora de eu me aposentar. Ele parou, olhou pra ela e disse ‘você quer que o seu pai morra daqui 6 meses?’. Nunca mais tocaram no assunto lá em casa”, diz, risonho.
Tantos anos renderam ao seu Hilário muitos aprendizados, que ele faz questão de passar pra frente.
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Ele começa dizendo que não há nada melhor do que estar entre os clientes amigos.
“A gente conversa e trabalha. Se não tem cliente, também está bom. Sou um privilegiado”.
E ressalta a necessidade de cuidar da sua imagem, fazer as coisas corretas e da melhor maneira possível.
O rei da selva da Caneleira
Por falar em imagem, o título de torcedor-símbolo do Jabuca é um dos quais ele se orgulha. O nome do time está na fachada da loja, em bandeiras e diversas fotos.
“Durante todos os anos que vivi em Santos, eu só faltei em um jogo, porque estava hospitalizado. Eu brinco que se eu não aparecer, não tem jogo”, finaliza.
O Salão do Hilário, que é barbeiro e, não cabeleireiro (como ressaltou várias vezes), fica na Rua Martim Afonso, 20, Centro.