Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

Farmácia Brasília: uma farmácia vintage na Ponta da Praia

Farmácia.

Esta é a palavra que mais se lê ao observar as avenidas santistas ao se percorrer qualquer trajeto pelos bairros da cidade.

Elas estão em todas as esquinas, matam árvores, acabam com tradições e fazem analistas econômicos se questionarem: a cidade está doente?

Antes desse boom dos analgésicos, lá nos idos de 1957, o jovem Walter Henrique abria seu negócio para atender às necessidades dos moradores da Ponta da Praia.

farmacia brasilia

“O meu guarda-livros era o Álvaro Fontes, que foi presidente do Clube Caiçara, quando fui até ele fazer a papelada ele sugeriu dar o nome de Farmácia Brasília. Esse foi o ano em que o JK começou a construção da capital do país”, explica.

Quase seis décadas depois, o estabelecimento permanece intacto, com a mesma arquitetura e mobiliário de sua inauguração – fato que faz com que muitos curiosos visitem a drogaria e peçam para tirar fotos. Parece uma viagem no tempo. Só os produtos mudaram.

Aos 90 anos e com audição falha, o senhor Walter explica que o tempo passou muito rápido.

“Os anos voaram. Eu era jovem e, quando me dei conta, já estava assim, nunca pensei em reforma”.

Simpatia e tradição

Além do visual diferente das milhões de drogarias que surgem por Santos, a loja tem outro diferencial: nada de tecnologia.

As máquinas de cartão de crédito estão lá, mas o sistema de notas fiscais não mudou.

“Quando o cliente pede eu faço ali ó, naquele bloquinho, manual. Mas terei que mudar isso; Estou vendo como colocar um computador, porque a lei está me apertando”, continua.

Muitos investidores já fizeram propostas de compra, tamanho é o seu charme. Mas o senhor Walter garante: não há possibilidade de isso acontecer.

“Já perdi a minha esposa, se me tirarem isso aqui não vou sobreviver por muito tempo”, finaliza.

A simpática loja fica na Rua Dr. Egídio Martins, 234, Ponta da Praia. Caso você se perca pelas redondezas e peça informações, provavelmente vai ouvir “é a rua do seu Walter, né?”

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