Texto porAmanda Pitta

Tiktok, o algoritmo que lê mentes e seu impacto na cultura digital

O TikTok é a rede social do momento.

Milhões de usuários e visualizações diárias nos induzem a acreditar que ele é inevitável: tudo acontece e tudo está ali. Seja qual for o seu interesse, provavelmente alguém já fez um vídeo sobre o assunto lá.

Mas o TikTok é revolucionário ou ele só repaginou uma fórmula que deu muito certo para a Amazon e nem tanto para o Facebook?

Será que ele vai ser o novo Google?

“É assim que plataformas digitais morrem: primeiro, elas são boas para seus usuários; depois elas se aproveitam desses usuários para deixar seus parceiros comerciais felizes; No fim, elas se aproveitam desses parceiros comerciais e ficam com todos os benefícios só para elas. E aí, elas morrem.” – Cory Doctorow

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Tiktok vidente

Um dos grandes atrativos é o algoritmo do Tiktok, que parece “ler” a mente dos usuários para recomendar vídeos que dão a crer que foram feitos especialmente para quem está assistindo.

Como toda boa isca, ele funciona justamente ao chamar a atenção e trazer os usuários para o aplicativo.

E está funcionando. Pois o vice-presidente do Google já disse que, hoje, 40% das pessoas que procuram um restaurante na internet vão ao TikTok buscar recomendações. Foi assim com o Facebook, foi assim com a Amazon e é assim com o Google.

  • TikTok = algoritmo “que lê mentes”.
  • Amazon = produtos com preços abaixo do mercado.
  • Google = facilitou achar qualquer coisa na Internet.

Portanto, a estratégia de crescimento das grandes empresas da Internet funciona atraindo os usuários e se tornando a referência do mercado.

Efeito influência

É nessa parte que você conta para os seus amigos como a nova rede social é legal e fala para eles criarem contas lá também. Por um tempo, tudo é muito maravilhoso e inovador. Você gosta de consumir postagens dos outros e todo mundo vê as suas. Cria-se uma comunidade.

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Quando os usuários já estão fidelizados, o jogo muda. Aí é hora de atrair as empresas e anunciantes para o campo.

Como fazer isso? Sendo irresistível!

Oferecendo suporte e entregando o conteúdo produzido por eles para todos os usuários. Sabe quando você reclama que só tem publicidade ou conteúdo pago na timeline? É essa fase.

Foi assim que o Facebook mudou a forma como as pessoas consomem notícias. Antes elas iam até os sites. Agora, elas esperam o link aparecer na timeline. Ou seja, com isso as grandes empresas também precisam das redes sociais para chegar ao seu público. Entendeu a armadilha?

As marcas e os usuários se tornam reféns das redes sociais. Esses aplicativos viram o novo “ponto de encontro” da internet. Quer saber como está seu amigo e o que está acontecendo no mundo? É só logar.

É sobre isso – e sera que tá tudo bem?

O começo do declínio começa quando elas passam a dar as cartas do jogo e decidir quem é visto e quem é deixado nas sombras. Quer aparecer mais? É só pagar mais.

No Twitter, Elon Musk decidiu que se você desembolsar 8 dólares por mês, seus tuítes ganham mais alcance.

No TikTok, existe uma funcionalidade que consegue viralizar qualquer vídeo. O conteúdo é para você, mas quem escolhe o que você vai ver são eles.

Isso vira um ciclo sem fim em que cada vez menos os usuários têm autonomia. Eles vão aonde todo mundo está indo.

Afinal, redes sociais são redes sociais, e é assim que as pessoas continuam fazendo parte da comunidade. Sair delas significa perder o contato diário com essas pessoas. As empresas sabem bem disso, e se aproveitam disso.

Mas o sucesso de uma rede social não é está nela, está nos seus usuários. São eles que vão povoar, manter viva e encher ela de bons conteúdos.

É o fim de uma era?

Então, qual será o impacto do TikTok na cultura digital?

O Google listou a internet e deixou tudo mais fácil de ser encontrado.

A Amazon mudou o mercado online.

O Facebook criou o que a gente entende hoje como rede social, além de mudar a forma como consumimos informações.

Mas o TikTok? O jornalista americano Cal Newport, em um artigo para a revista New Yorker, diz que o TikTok pode marcar o fim de uma era da internet.

Hoje, para uma rede social ser grande, ela depende da rede de contatos do usuário. Você está no Instagram porque seus amigos também estão. O TikTok acabou com isso. Você até pode seguir os seus conhecidos lá, mas isso não é essencial para uma experiência satisfatória. O algoritmo se encarrega de fazer as conexões.

Talvez, no futuro, não teremos mais redes sociais enormes como o Instagram ou o Twitter, elas serão nichadas. Quem sabe não voltaremos aos blogs, e-mails e newsletters?