Texto porLudmilla Rossi
Santos

A história linda de uma noiva resiliente

Maio, o tradicional mês das noivas está chegando ao fim. E para fechar o mês com chave de ouro, vou dividir uma história linda que achei pelas minhas andanças nos blogs. Sempre que ouço a palavra noiva associo às bridezillas e moças que enlouquecem acreditando que o universo gira ao seu redor na época do casamento. É um dia especial e nada pode dar errado, eu sei.

São muitas expectativas: foto, flores, bolo, buffet, convites, lembrancinhas e tudo mais, com muitos detalhes para se pensar e se preocupar. Só que imagine que nesse turbilhão de emoções, justamente enquanto os planos são traçados acontece algo não planejado: uma doença grave, com um tratamento pesado, cheio de efeitos colaterais. Isso seria suficiente para fazer muita gente desistir de um sonho, mas não para a Rúbia Menezes. Confira as fotos e a entrevista.

Juicy Santos – Quantos anos você tem?
Rúbia – Hoje tenho 26 anos, dia 21/05/2012 fiz 27.

JS – Quantos anos tinha na época do diagnóstico?
R – Descobri que estava com câncer com 24 anos. Fiz a biópsia dia 04/03/2010 e o resultado saiu no dia 08/03/2010, um grande presente de dia das mulheres, rs.

JS – Quanto tempo antes do casamento você descobriu a doença?
R – Exatamente 6 meses antes, meu casamento foi dia 04/09/2010.

JS – Foi câncer de mama, certo?
R – Sim, foi carcinoma ductal invasivo, hormônio dependente e positivo para a proteína HER-2

JS – E o cabelo? Soube que você deixou crescer por três anos para o casamento.
R – Isso mesmo. Eu tinha um cabelo impecável, não tinha uma pessoa que não elogiasse. Como toda mulher, imaginava que o dia do casamento seria o dia q eu deveria estar mais bonita e o cabelo fazia parte desse plano mirabolante. Arrumei os dentes (fiz clareamento), fiz regime, fiquei sem cortar o cabelo durante 3 anos para fazer um mega ultra super penteado e deixei as unhas crescerem… O engraçado é que Deus quis que fosse tudo diferente e assim foi: O dente da frente quebrou e acabei tendo q fazer uma prótese, engordei um monte, as unhas não ficaram tão fortes (mas pelo menos só caíram uma semana depois do casamento) e por fim casei careca… Literalmente CARECA, não aceitei por peruca e nada, simplesmente obedeci a vontade de Deus.

JS – Qual foi o primeiro pensamento que você teve quando recebeu o diagnóstico?
R – Quando tive o diagnóstico do câncer não tive medo de morrer, mas sabia que a batalha seria bem difícil, pois já tinha acompanhado minha mãe e outros parentes nessa mesma luta.

JS – Quais foram os tratamentos aos quais se submeteu?
R – Fiz quadrantectomia (retirada de quadrante do seio) e já coloquei prótese de silicone nas duas mamas na mesma cirurgia. Fiz 4 quimioterapias vermelhas, 4 brancas e mais um monte de Herceptin. Também fiz 33 sessões de radioterapia. E em março/2011 fiz uma pequena cirurgia pra colocar o porth-o-cath (acesso para facilitar as quimioterapias).

JS – Qual foi o momento mais difícil?
R – O momento mais difícil DURANTE o tratamento foi quando fiz a primeira quimio branca que tive neutropenia febril e herpes em todo sistema gastrointestinal (da boca ao reto) – efeito colateral do tratamento.

JS – Qual a sua profissão?
R – Sou bancária e fiquei de licença do serviço durante todo o tratamento (março/2010 à julho/2011).

JS – Qual foi a reação do seu noivo quando soube da doença?
R – A reação dele foi de tristeza e desespero. Choramos muito, mas em nenhuma momento achei q ele abandonaria o barco, muito pelo contrário. 😉

JS – Em algum momento você cogitou mudar a data do casamento?
R – Eu nunca pensei em mudar a data do casório, mas perguntei para o meu marido se ele queria esperar acabar tudo isso. Ele me respondeu o seguinte: “Amor, vou casar com você de qualquer jeito, então se você se sente bem careca, vamos casar no dia que a gente sempre quis porque eu nunca deixarei te amar.

Rubia comemorando
JS – O que você sente quando olha as fotos do seu casamento hoje?

R – Às vezes não acredito que foi eu quem passei por tudo. Meu casamento foi o dia mais feliz da minha, por causa de tudo que aconteceu foi espetacular e extraordinário. Quando vejo as fotos sinto que Deus enviou um anjo para mim: MEU MARIDO.

JS – Você passou por algum constrangimento?
R – Acho que não, até porque nunca me importei de ficar careca e sair mostrando a carequice pra todo mundo.

JS – É verdade que alguns convidados também rasparam a cabeça?
R – Meu marido foi o primeiro que raspou, mas foi antes do casamento. No casamento, quase todos os meus padrinhos rasparam. Foi um gesto de amor e carinho que jamais esquecerei. Pode imaginar o tanto que eu chorei, né? Até porque foi surpresa e só vi na Igreja.

JS – O que foi mais legal no dia do seu casamento?
R – Acho que foi um conjunto de coisas legais: casei com o homem da minha vida, reuni todos os familiares, chorei, dancei, enfim, eu consegui vencer e casar no intervalo das quimioterapias. Fiz quimio uma semana antes do casamento e na semana do casamento achei que teria que desmarcar porque estava muito ruim, mas graças às correntes de orações, tudo passou e eu consegui realizar o meu sonho. No dia em que a porta da Igreja abriu, nem acreditei que eu tinha conseguido e foi por isso que entrei na Igreja ao som de “força e vitória” da Eliana Ribeiro: “Nada poderá me abalar, nada poderá me derrotar, pois minha força e vitória tem um nome, é JESUS.”

Rúbia no casamento
JS – Qual foi a principal mudança que a doença trouxe para sua vida?

R – Acho que a doença não mudou muita coisa, só fiquei com o cabelo grenho e engordei bastante, mas o tratamento mudou muito a minha vida. Desde março/2011 estou tendo problemas com cistos hemorrágicos no ovário, infecções de urina e doença inflamatória pélvica. Antes de ter câncer, tinha uma saúde perfeita e agora preciso conviver com as sequelas desse tratamento agressivo.

JS – Qual dica que você dá para quem está passando por um momento difícil?
R – Creia em Deus e seja feliz. Acho que posso resumir minha dica com um refrão de uma música: “E ainda se tiver noites traiçoeiras, se a cruz pesada for, Cristo estará contigo. O mundo pode até fazer você chorar, mas Deus te quer sorrindo.”

JS – O que você define como felicidade depois dessa grande superação?
R – Felicidade é você ficar doente e ter o amor da família, dos amigos e de pessoas que nem te conhecem. O AMOR é TUDO!

JS – E o seu blog?
R – Meu blog me fez muito bem durante o tratamento mas infelizmente faz mais de um ano q não posto nada. Voltei a trabalhar e tudo fica difícil, ainda mais porque ocasionalmente tenho um probleminha de saúde, mas prometo atualizar logo mais.

Casamento Rubia Menezes

Mãe, Rúbia e sogra

Padrinho e Rubia