Manual ou automático: o que é melhor?

Essa é mais comum nas concessionárias do que a pergunta sobre a possibilidade de chuva levantada pela pessoa que quer puxar assunto no elevador.

Mas, no caso do mundo automotivo, ela faz todo o sentido. Envolve preferências, configuração do carro, manutenção e… preço. Sim, o tipo de transmissão influencia por completo a venda de um carro e sempre envolve preferências e bolsos.

Outro dia (que faz tempo) estava este jornalista dirigindo um JAC T6 na avenida 23 de Maio, em São Paulo e, entre elogios ao desempenho do modelo (o carro é bom mesmo) e as semelhanças físicas com o Hyundai ix35 (podem ver, parece mesmo), lamentei o fato de o modelo chinês ter vindo para o Brasil somente com transmissão manual.

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“Talvez se tivesse um câmbio automático venderia mais. Quem gosta de SUV normalmente prefere câmbio automático”, disse.

Qual não foi meu espanto quando uma ocupante respondeu.

“Ah, eu compraria. Gosto de SUV, mas prefiro o câmbio manual”.

Cada um no seu quadrado

Ok, é uma questão de preferência e, em uma democracia, todos os gostos são válidos. Mas o fato é que o câmbio automático ganhou um espaço bastante significativo no mercado.

Não fosse assim a Volkswagen não teria lançado, recentemente, Gol e Voyage com tal transmissão.

Em 2016, a Nissan levou o câmbio CVT para March e Versa. O Hyundai HB20 já tem essa transmissão há bastante tempo e os Fiat Argo e Cronos foram lançados com a opção automática.

Carro manual ou automático?

Se existem as possibilidades, há também as preferências.

Um dos argumentos de quem escolhe o câmbio manual é o costume com a embreagem. Há quem ache estranho não usar o pé esquerdo para dirigir. Pois é: no câmbio automático você tem até um descanso para o pé, justamente para esquecer que ele existe. Os movimentos de aceleração e frenagem se são apenas com o pé direito. Os ‘manualistas’ (inventei o termo agora) acreditam ter maior controle do carro na transmissão manual.

Já os ‘automatistas’ (essa foi forte) usam como argumentos algumas doses de preguiça de tirar a mão do volante a todo instante, principalmente quem dirige diariamente em São Paulo ou grandes capitais, onde o anda-e-para é comum no trânsito. “É só acelerar”, argumentam. Há também os mais inseguros, que não se acostumam com a embreagem, a marcha, acelera, freia e, na subida, diminuir a marcha ao invés de aumentá-la.

O que podemos dizer em termos técnicos: há boas opções com as duas transmissões.

Quem acertou bastante uma transmissão manual foi a Fiat com a dupla Argo e Cronos. Os modelos com motor 1.3 litro têm uma passada de marchas extremamente macia e a dirigibilidade torna-se bastante agradável. O mesmo podemos dizer do Volkswagen Up! com motor TSI. Trata-se de uma transmissão dinâmica, que ajuda no bom desempenho do compacto.

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A tabela de preços sofre alterações e não seria de outra maneira. Vamos dar como exemplo o HB20. No lançamento da linha 2019, o modelo, na carroceira hatch e versão Comfort Plus 1.6 litro tinha o preço de R$ 54.550. Já com o câmbio automático custava R$ 58.950.

Dentro das transmissões automáticas há dois universos: o CVT e o GSR. A transmissão CVT (sigla para transmissão continuamente variável) utiliza duas polias lisas interligadas por uma corrente metálica submersa em fluido de transmissão. A movimentação das polias determina o ponto em que estará a corrente de transmissão, algo que muda em instantes. Variáveis entre seus extremos, as relações criam uma marcha certa para cada momento. Ou seja, é a simulação das marchas. É essa transmissão que abastece modelos como Nissan March, Versa e Kicks, além de Honda HR-V, Fit e City, entre outros produtos.

O GSR é uma exclusividade da Fiat e chegou com o Mobi, no final de 2016. Veio substituir o malfadado Dualogic (pretensioso demais, demorava para reduzir a marcha quando necessário. Subir umas ladeiras em Belo Horizonte a bordo de um Linea deu essa ideia) e já aparece em Uno, Argo e Cronos.

Agora, a caixa inibe uma troca automática para cima quando a considera desnecessária. Houve, ainda, o aumento da rotação de marcha-lenta em saídas em aclive.

Enfim, a escolha está com os clientes, E com as contas bancárias deles.