Texto porPaulo Rogério

Vai ligar o carro no frio? Saiba como evitar o nhem-nhem-nhem-nhem

Foi-se o tempo em que a previsão do tempo indicava exatamente o contrário do que acontecia no dia seguinte. Foi-se o tempo em que a “moça do tempo” era ridicularizada.

Os profissionais da meteorologia passaram a estudar mais, a se inteirar mais e hoje a precisão é quase total. Se falam que vai chover, pega o guarda-chuva.

É, mas quase é apenas mais um detalhe, já dizia Roberto Carlos. E uma precisão quase total não é total. Vai vendo…

Nos últimos meses, tivemos trocentos anúncios de frentes frias, que iam entrar na região levando o que encontrassem pela frente, podendo dizimar a população muito mais que um vírus com nome de ducha de comercial famoso dos anos 80. Quando chegava a hora…sol, calor, e clima seco. Ok, acertaram pelo menos duas vezes nas últimas semanas. Quem viu os vendavais lembra.

Mas o fato é que estamos no inverno. E por mais que digam que neste ano a estação não será lá muito rigorosa (eita, 2020, em quem tudo acontece ao contrário), temos e teremos dias de temperaturas mais agradáveis. Isso quando não tivermos o frio de fato e de direito. E quem vem com ele é aquela velha questão que todos os anos atrapalha e atormenta quem tem carro flex e opta pelo álcool no tanque: ligar o carro no frio quando o motor está gelado.

Bom, primeiro vamos entender os motivos para quem tem carro a álcool correr o risco de passar perrengue ao ligar o carro no frio.

O que acontece ao ligar o carro no frio

Quem faz o carro dar partida são os vapores do combustível. Só que quando está frio o etanol não produz vapores suficientes para o motor funcionar. Então quem tem carro com o tanquinho auxiliar (procure saber se tem) deve (de-ve) mantê-lo com gasolina. Não se preocupe, vai uma quantidade bem pequena ali e você não irá gastar os tubos. Vale até colocar a gasolina mais top oferecida pela bandeira do posto e que custa uma barbaridade do litro. No tanquinho cabem, em média, dois litros, se muito. Então vai nessa sem medo.

Mas, atenção: depois de três ou quatro meses, a gasolina fica velha, então é bom dar uma renovada de tempos em tempos. E, por favor: jamais deixe o tanquinho vazio. Ele corre o risco de rachar e seu problema será maior do que simplesmente uma partida mal-sucedida.

Sistema elétrico sobrecarregado

Ok, a maioria dos carros está saindo das fábricas com o sistema que dispensa o tanquinho auxiliar, mas isso não quer dizer que você possa deitar eternamente em berço esplêndido ao som do mar e à luz do céu profundo. É que, quando o carro não tem tanquinho, exige-se mais do sistema elétrico, porque é ele quem vai aquecer os bicos injetores e tcharam!! Temos uma vaporização adequada do etanol e motor em funcionamento.

Sabe quem se dá bem nessa história? Quem tem carro com injeção direta de combustível. Não precisa aquecer nada. A alta pressão do sistema cuida de tudo.

E a bateria?

É bom se ligar também na bateria. Ela está para o carro como o cérebro para o corpo humano. Você consegue viver sem um rim, sem um pulmão, mas se o cérebro parar, já era. Assim acontece com a bateria.

A bateria funciona quando rola uma reação química dentro dela para que forneça energia. Ao ligar o carro no frio, é mais difícil essa reação acontecer. Lembrando ainda que, com as temperaturas baixas, o óleo demora para circular no sistema, o combustível demora para evaporar e tudo isso exige mais da bateria.

Isto posto, como diria um brilhante jornalista local em um extinto e muito bom programa de debates políticos na TV, confira se seu carro tem tanquinho auxiliar e mantenha a gasolina sempre renovada nele. Se não tiver, cuide do sistema elétrico e se seu carro tem injeção direta, seja muito feliz, mas fique de olho na bateria. Na dúvida, consulte um mecânico de confiança.

Aceleremos!