Santos está preparada para o Pink Money?

Santos é uma cidade turística, certo? Errado! Não só tem dificuldade em aceitar o turismo em si, a cidade também não está preparada para lucrar com o Pink Money nem receber os turistas gays.

O poder de consumo dos homossexuais vem crescendo consideravelmente a cada ano. Essa tendência pode ser observada com o volume de dinheiro que circula nos municípios que promovem eventos que levam a bandeira da causa gay. No entanto, ainda há muita resistência da própria iniciativa privada em investir dinheiro e associar suas marcas a este estilo de vida.

Santos não esta preparada para lucrar com o Pink Money (dinheiro cor-de-rosa) porque oferece raras opções de lazer e entretenimento para este segmento, que, conforme pesquisas gasta mais que os heterossexuais.

Santos é vista, pelos próprios gays, como uma cidade conservadora, que não tolera estabelecimentos voltados para os homossexuais. Quando surge um bar novo, a vizinhança faz de tudo para fechar. Mas o mesmo cara que se incomoda com essas coisas, não seria o mesmo que entra em salas de bate papo com o nickname casado passivo?

Durante muitos anos, circulava um boato na cidade de que não era permitida a abertura de estabelecimentos gays na cidade. Em meados da década de 90 eu era colaborador do portal Mix Brasil e do site Santista A Balada e escrevi uma matéria publicada em ambos falando deste assunto. Foi nesse momento que descobri que isso não passava de um boato. Tentei achar a matéria no cache do Google mas não encontrei pra linkar aqui.

Nós gays também tivemos uma parcela de culpa nisso porque durante anos preferimos frequentar estabelecimentos nas cidades vizinhas como uma forma de parecer mais discretos.

As coisas mudaram um pouco aqui na cidade. Hoje somos muitos, graças a Deus!

Os gays santistas já não têm tanto medo de assumir sua sexualidade/idêentidade e fazem isso cada vez mais jovens. Tem a ver com os fenômenos de mídia e com o fato de que ser gay virou “TREND” (desde que não seja na minha família como muitos dizem por ai).

Hoje em dia a cidade conta apenas com dois estabelecimentos voltados ao pùublico LGBTT. A Tribal Club comandada com mãos de ferro pela Lívia Louzada que detectou um nicho de mercado e tratou de fazer o melhor para receber esse púublico e o Rosa Marinho comandado pela Ludmila com uma frequência feminina maior e que abriga algumas festas para um público mais jovem, ambos no Centro Histórico de Santos. Ainda acontecem festas mensais organizadas pelo promoter Wallace Ferreira na Capital Disco que também promoveu por anos uma noite no Internet Bar chamada 5ª Queen, ambas com sucesso de público.  Além disso, nos temos uma sauna voltada ao público masculino mais maduro no canal 1 chamada Sauna 1.

Não temos bares, não podemos ter uma Parada Gay (a prefeitura não permite) e por ai a coisa vai…

Temos uma pequena produção cultural voltada para o segmento com três espetáculos teatrais com temática LGBTT atualmente em cartaz na cidade, a SANSEX – Mostra de Cinema e da Cultura da Diversidade Sexual (sou um dos realizadores deste evento) que este ano fará sua 3a. edição este ano e agora contamos com a Semana da Diversidade Sexual como parte integrante do calendário oficial da cidade; este ano em sua 2a. edição. Grande parte destes espetáculos e eventos foram contemplados com incentivos do Governo do Estado de SP através da Secretaria de Cultura para que fossem viabilizados. Mas e a cidade, o que faz pelo segmento?

Não posso deixar de destacar também o trabalho da OAB Diversidade que tem a frente à querida Rosangela Novaes e que tem prestado um serviço brilhante esclarecendo dúvidas e lutando por nossos direitos.

Na alta temporada recebemos um número considerável de visitantes gays que, como nós, precisa se deslocar para as cidades vizinhas como São Vicente (que sempre foi à cidade mais friendly da Baixada) em busca de diversão.

Santos ainda não tem domínio de sua vocação turística. A maioria dos Santistas não gosta de receber turistas na cidade e reclama quando tudo fica cheio demais. O Governo acredita que não deve incentivar a abertura desses estabelecimentos alegando que a segmentação gera mais preconceito; algo que discordo totalmente. Não existem estabelecimentos com a bandeira LGBTT na cidade para que desta forma, as pessoas possam saber onde são bem recebidas e evitar constrangimentos, não existe um folder turístico voltado a este público para que as operadoras de turismo do segmento possam vender pacotes aumentando a demanda turística na região.

Ou seja, não estamos preparados para receber o Pink Money em nossa cidade e isso precisa mudar.

Segundo a Associação Brasileira de Turismo GLS e a EMBRATUR, o setor esta cada vez mais ligado e de olho nesse exigente segmento.

Mas só acompanhar o crescimento desse consumidor não basta, é preciso adequar os serviços e se preparar para receber esse público que só cresce e é conhecido por movimentar milhões em todo país. Derrubar velhos preconceitos e rótulos é necessário!

Atenção aos pequenos detalhes e um bom atendimento são primordiais e garantia de sucesso.

Tratar de forma simples, igual e natural.

No entanto, alguns cuidados devem ser tomados. Seja no primeiro atendimento, no momento da reserva ou até mesmo na hora dos pequenos detalhes. O preparo dos funcionários dos estabelecimentos, que devem estar aptos a tratar e atender esse público, é imprescindível.  Não que o tratamento seja diferente, na verdade é justamente ao contrário. O tratar deve ser rigorosamente igual, sempre.

Marcos Lomanto, diretor da EMBRATUR, ressaltou ainda que o publico LGBTT gasta, em média, cerca de 30% a mais que qualquer turista de outro segmento.

Resumindo, nossa cidade precisa prestar mais atenção no segmento LGBTT pois deixando de lado esse público, só tem a perder. 

Rapidinhas da Semana

Dia 04/02 (segunda-feira) às 22 horas acontece a apresentação do espetáculo teatral “Dama da Noite” de Caio Fernando Abreu, com Luiz Fernando Almeida (esse que vos escreve) e direção de André Leahun na Vila do Teatro (Praça dos Andradas, s/n – ao lado da Rodoviária). ENTRADA FRANCA. Mais informações sobre a peça aqui.

Dia 09/02 (sábado) acontece na The Club Litoral a festa a fantasia “La Isla Bonita” promovida pelo relações públicas Wanderley Mattos Barreira.

Dia 10/02 (domingo) acontece a edição NO BREAK da MAGIC SPACE na The Club Litoral com 22 horas de festa. Os produtores Marcello Raznieviskys e Raphael Luiz escalaram um time de peso para comandar a pista com nomes como: Jully Beats, Fabio Noveletto, Alessandro Kallero, Má Rodrigues e o vencedor do concurso de DJS promovido pela festa o DJ Eduh Nogueira só para citar alguns.

Dia 11/02 (segunda-feira), Wallace Ferreira comanda a edição de Carnaval de sua Liquid Love na Capital Disco e traz a cantora Nayala Brow que é sucesso nas pistas do mundo todo.

Silvio Carvalho da The Club Litoral avisa que o carnaval eletrônico da casa tem programação com 5 noites com atrações diversas. Maiores Informações no site.

Rosangela Novaes assume a Coordenadoria Nacional das Comissões da Diversidade Sexual.