Texto porFlávia Saad
Santos (SP)

Santista viraliza no Facebook com textão sobre tolerância e humildade

Fui marcada várias vezes nessa foto e recebi no feed de diversos grupos dos quais participo.

Mas, perdida no algoritmo doido do Facebook, nem percebi que a autora de um dos textos mais tocantes dos últimos tempos na rede social era uma amiga minha.

Beatriz Franco escreveu um post sobre o fato de ser jornalista formada, falar 3 línguas, ter inúmeros cursos no currículo e, por necessidade, ter aceitado um trabalho atendendo clientes no café de uma amiga, que é doceira.

(pra quem ficou curioso, ela trabalha no Ateliê de Doces Verônica Frenkiel, que já apareceu aqui no Juicy Santos)

Leia um trecho do desabafo da jovem de 29 anos:

“Nos últimos meses, minha área de trabalho – como muitas – está muito ruim. Em quatro meses não consegui quase nada. Então, depois de meses me enterrando num sofá perdendo tempo, vida e dinheiro, surgiu a oportunidade de ajudar uma amiga atendendo clientes em sua loja de doces.

Quatro vezes por semana, período da tarde, remunerado. Uma boa forma de ocupar a cabeça, sair de casa e ter algum dinheiro.

Foi aí que veio o primeiro julgamento: Eu, balconista? Jornalista, três idiomas, currículo em comunicação, trabalhando de touquinha na cabeça servindo os outros? Foi difícil tomar essa decisão, mas aceitei, estou precisando.

Dias depois, a cena durante a tarde, limpando uma das mesas, ouvi dois clientes conversando: “Coloco acento em ‘tem’? Mudou com a nova ortografia?” “Não sei. Não entendo.”

E eu ali me remoendo pra dizer “eu sei, eu sei!!!”. Mas, eu era só uma atendente e eles não iriam acreditar que eu sabia. Depois a barreira seguinte: conhecidos e colegas antigos entrarem na loja e me verem nessa função. “O que eles vão pensar? Eles não sabem como cheguei até aqui, que a dona é minha amiga, vão pensar que não dei certo na vida.”

Dá pra entender como isso é errado???

Era com essa inferioridade que eu via os outros atendentes, balconistas e nunca tinha percebido! Sentia vergonha por estar em um trabalho honesto, justo, que traz alegria para as pessoas, que auxilia os outros? Eu deveria é ter vergonha de mim por pensar assim, por tanta falta de humildade e empatia”

Para ler o post completo, clique aqui.

the growing power of social media

O textão de Beatriz teve, em 2 dias, cerca de 3.900 compartilhamentos, mais de 80 comentários e 264 curtidas.

Meio surpresa com os números e com a repercussão da história, ela contou que está recebendo muitos pedidos de amizade e mensagens de desconhecidos que se identificaram com sua jornada e de admiradores do seu gesto.

“Eu realmente não esperava essa repercussão (…). É pra isso que escrevo, por isso fiz jornalismo, para que pudesse fazer diferença na vida de alguém”, escreveu, agradecendo, em seu Facebook.