Não tenho nada contra, mas não quero perto de mim

“Não tenho nada contra, mas não quero perto de mim”.

Vai me dizer que você nunca ouviu um amigo, conhecido, parente ou colega de trabalho dizer isso?  Eu já ouvi inúmeras vezes e ainda ouço com frequência. Obviamente, não ouço calado.

O problema está sempre no “mas”: nada contra, MAS, não queria incomodar, MAS,eu sei que você não pediu minha opinião, MAS, PREGUIÇA de gente que nega o que realmente quer dizer.

beijaço

Na ultima pesquisa sobre tolerância social à violência contra mulheres, realizada pelo Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), metade dos 3.810 entrevistados pelo instituto (50,1%) afirma que casais de pessoas do mesmo sexo devem ter os mesmos direitos de outros casais – contra 40% dos que veem a ampliação desses direitos como inaceitáveis.

Quando a afirmação é mais incisiva, no entanto, a questão muda de figura. Para a maioria da população (52%), o casamento de homem com homem ou de mulher com mulher deve ser proibido no Brasil. Para 60%, incomoda ver dois homens, ou duas mulheres, se beijando na boca em público (44,9% dizem concordar “totalmente” com a afirmação).

Temos um avanço da aceitação do princípio da igualdade de direitos de casais heterossexuais e homossexuais. No entanto, há uma tendência em se observar um nível mais alto de intolerância quando o teste recai sobre situações concretas, como a explicitação de uma relação entre gays em público.

Sobre esta questão, aponta a pesquisa, os jovens apresentam uma tolerância maior à homossexualidade. Os idosos mostram-se mais intolerantes. A intolerância também é maior entre religiosos. A maioria dos católicos, por exemplo, diz não aceitar a ideia de casamento entre pessoas do mesmo sexo. Já os evangélicos são mais intolerantes ainda em relação à homossexualidade.

Santos

E aqui em Santos, as coisas não mudam muito de figura. Vivemos em uma cidade onde a população da terceira idade é dominante, logo determinados comportamentos não são aceitáveis em publico. Uma cidade que nao permite fazer shows na praia para nao incomodar os mais velhos. E por ai, vai….

Alguém saberia me dizer, um lugar que não seja estritamente gay, onde casais gays possam de repente, se beijar sem serem hostilizados?  Se alguém conhecer me avise porque já favorito no foursquare e ainda recomendo e começo a frequentar djá!

Eu não conheço ainda. Até porque, volto a repetir: Santos é a cidade do gay enrustido. Daria pra encher todas as boates gays da cidade com a quantidade de homens casados que levam vida dupla em Santos. Muitos deles devem inclusive engordar os percentuais dessa pesquisa que comprova que a sociedade prefere que os gays vivam no armário.

Uai, se podemos ter os mesmos direitos, por que temos que viver escondidos? Por que não podemos mostrar afeto em publico? Por que o afeto incomoda tanto as pessoas? A mesma senhora que torceu pelo beijo gay da novela, que não ligou para o beijo lésbico no BBB, se incomoda em ver um beijo entre pessoas do mesmo sexo em local público?

Acho triste perceber que a população, de uma maneira geral, ainda vive presa a esses preconceitos e valores ultrapassados sem perceber que desta forma, estão impedindo a felicidade de muitas pessoas.

Um beijo minha gente, um beijo e apenas uma demonstração de afeto. Que mal há nisso? A maldade não esta no ato em si, mas sim, na cabeça de quem vê. Isso precisa ficar claro.

Precisamos nos posicionar e lutar pelo nosso espaço. Obviamente, sem ser agressivos e tentar empurrar nosso jeito goela abaixo das pessoas, mas e importante agirmos com naturalidade e deixarmos o medo de lado. Se vivermos de forma natural, acredito que as pessoas a nossa volta comecem a enxergar uma relação gay dessa forma e a partir daí, e só multiplicar. É importante lembrar sempre que qualquer mudança acontece de dentro pra fora. Então, se você quer mudar o seu entorno, comece dando o primeiro passo.

Sejamos felizes e sigamos confiantes de que daqui a algum tempo, quem sabe a próxima geração, possa viver num pais igualitário onde eles possam ser respeitados como indivíduos. É pedir demais? Acho que não…