Texto porJuicy Santos
Santos

Titãs comemoram 30 anos batendo a Cabeça Dinossauro

Comemorando 30 anos de carreira, os Titãs resolveram prestar um tributo ao álbum mais emblemático gravado nessa sua trajetória no rock nacional.

Titãs Cabeça Dinossauro 2012

A turnê atual da banda, que o público da Baixada Santista confere neste fim de semana, reproduz na íntegra o disco Cabeça Dinossauro, de 1986, uma espécie de divisor de águas no conceito musical do grupo.

Antes, os Titãs haviam gravado dois discos, com temáticas pop que misturavam várias influências, mas sem uma direção definida. Uma sucessão de fatos que resultaram na prisão de dois integrantes (Tony Belloto e Arnaldo Antunes) no final de 1985, por porte de entorpecente, e a vontade dos músicos de dar uma roupagem mais forte, pesada, ao som do grupo, acabaram por definir a estética do terceiro álbum.

Outro fator importante foi a parceria com o produtor musical Liminha, que ajudou a dar uma estética radiofônica para o álbum. Não por acaso, o disco teve 11 das 13 faixas tocadas nas rádios. O fato é que Liminha era (e ainda é) um produtor competente, que sabia bem como moldar o som dos grupos que chegavam ainda em estado bruto ao estúdio nos anos 80.

O disco tem canções com mensagens diretas, em uma espécie de estética artística similar a do punk. As faixas AAUU, Polícia, To Cansado, Porrada e Bichos Escrotos seguiam por essa linha de protesto contra o sistema e contra tudo o que sugerisse repressão para a sociedade. E na faixa O Que, Arnaldo Antunes exercitava seus dotes poéticos concretistas com genialidade.

Ouça Cabeça Dinossauro na íntegra:

A letra de Polícia, aliás, era um claro grito de revolta contra a prisão de Arnaldo e Belloto, com um a letra que até hoje provoca polêmica no refrão. (Polícia para quem precisa/ Polícia para quem precisa de Polícia).

Há momentos de flerte com pop mais suave, mas com letras de tempero polêmico, como o reggae Igreja, o funk Estadio Violência e o genial pop rock de Homem Primata, que fez um baita sucesso nas rádios com uma letra bem humorada, fazendo uma analogia entre o homem das cavernas e o homem dos tempos atuais. Afinal de contas, se na pré-história o Homem de Neanderthal tinha que enfrentar a mata selvagem, o homem moderno convive com um capitalismo selvagem e cada vez mais globalizado.

O grupo hoje conta com apenas quatros dos oito integrantes daquela formação – Branco Melo, Tony Belloto, Paulo Miklos e Sérgio Britto. Arnaldo Antunes, Nando Reis, Charles Gavin saíram do grupo, e Marcelo Fromer faleceu vítima de um atropelamento. Mas isso não tira o brilho do resgate de um dos discos mais importantes da história do rock nacional.

By: Luiz Otero