Texto porSuzane G. Frutuoso

O fio invisível e forte da retribuição

Sempre que posso, tento retribuir toda a ajuda que recebi de muita gente pelo caminho. Nem sempre podemos retribuir exatamente a quem um dia nos estendeu a mão. Mas é possível manter o fio invisível mas forte da retribuição, do agradecimento e do ciclo de coisas boas também ajudando quem cruza nosso destino.

No mês de setembro, estive em dois encontros muito especiais em Praia Grande, cidade onde fui criada, meus pais moram e tenho grandes amigos. Foram exemplos bem bonitos do que considero “fazer a minha parte” e devolver ao mundo o que recebi.

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Comecei a manhã de uma sexta-feira facilitando uma roda de conversa com jovens aprendizes do Camp (Centro de Aprendizagem Metódica e Prática) sobre carreira, empreendedorismo, sonhos e que para alcançá-los é mesmo com transpiração e ação. O convite veio do meu amigo de infância, Thiago (Thiaguinho pra mim), que é voluntário lá e está sempre em busca de impactar a comunidade em que ele vive de uma maneira positiva.

O segundo encontro foi um bate-papo na escola estadual Alfredo Reis Viegas. A coordenadora – que, por acaso, é minha tia (risos) – colocou meu livro Tem Dia Que Dói – mas não precisa doer todo dia e nem o dia todo no que o colégio chama de Sala de Leitura. Mais do que uma biblioteca, é um espaço de descobertas, de debate e de pesquisa para o que lá eles chamam de projeto de vida

Cada aluno, com ajuda de um professor que tem papel de mentor, traça um projeto para os próximos passos que desejar. E, bem modéstia à parte e feliz, um dos elogios mais constantes que recebo em relação ao livro é justamente o de despertar essa capacidade de repensar rumos, de recomeços ou de finalmente começar. De levar a pensar “o que quero realmente pra mim?”

Com esses alunos, falei de escrita criativa e afetiva, de imaginação, de não desistir quando tudo parece ir contra, de ser organizado, disciplinado, saber que vai errar e estar sempre disposto a aprender. Nessa sala de leitura, além dos jovens estudantes, tinha uma jovem professora, a Cris, com olhos tão brilhantes quanto os deles. Ela é a responsável pelo espaço, faz mais do que o esperado de sua função, é apaixonada por despertar o gosto pela leitura na garotada e através das histórias levá-los a acreditar mais em suas possibilidades.

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Me peguei esses dias pensando que espero, de coração, que essas meninas e esses meninos se lembrem da Cris e do Thiago como alguém que se esforçou em ampliar os horizontes deles. E que, assim, também no futuro ampliem o de outras pessoas. Que mantenham o fio invisível mas forte da retribuição sem cortar. Multiplicando inspiração.

Suzane é santista e cofundadora da plataforma Mulheres Ágeis e da consultoria ComunicaMAG. É jornalista, mestre em sociologia, professora e escritora. É autora do livro “Tem Dia Que Dói – mas não precisa doer todo dia e nem o dia todo”. Mãe orgulhosa da vira-latinha Charlotte.