Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

David e o artesanato no terminal rodoviário de Praia Grande

Um casal de jovens conversa, enquanto espera o ônibus para o shopping.

Em outro canto, uma senhora se refresca com um picolé de uva.

Dentro do ônibus, um rapaz conta como o contato com Jesus o livrou das drogas e, entre as plataformas, um jovem com aparência de algo entre 23 e 25 anos, caminha com um arame nas mãos.

Ele analisa cada pessoa. Observa atento antes da abordagem.

– Com licença, desculpa te incomodar. Meu nome é David, eu trabalho com artesanato e estou divulgando o meu trabalho, você tem interesse em ver?

david

É assim que o baiano, que se mudou para Praia Grande há algum tempo, se apresenta.

David usa um par de luvas surradas, para não machucar as mãos, e carrega uma mochila com o material de trabalho.

O garoto começa a modelar o arame e naturalmente puxa assunto. Bem articulado, ele conta que trabalha na cozinha do Habbib’s da cidade e tem uma barraca de artesanatos na praia da Enseada, no Guarujá.

“Eu divulgo por aqui até umas 15 horas, depois vou trabalhar e um casal monta a barraca lá na praia, é tudo legalizado, consegui alvará da prefeitura”, explica.

Em poucos minutos – que renderam assuntos sobre a forma como muitos homens (ainda) tratam as mulheres, música e seu cotidiano –, ficou pronta uma clave de sol, que pode ser um chaveiro ou um marca página. E ele ainda me explicou a função da nota.

“É tão difícil encontrar pessoas que dão atenção. Quando acho, nem dou um valor fixo. Pode pagar quanto achar que vale ou o trocado que tiver aí no bolso, seu ônibus está chegando”.

Não deu tempo de tirar uma foto do David, ele precisava divulgar o trabalho e eu pegar o intermunicipal. Mas ele está sempre por lá, vendendo sua arte pra quem quiser comprar.