Texto porLuiz Fernando Almeida

O Coletivo apresenta: “Projeto Bispo”

Uma grande novidade no teatro experimental estreia em 6 de outubro (domingo) em Santos. É o Projeto Bispo, com o espetáculo “Tratados como bicho, comportam-se como um”.

A obra traça um panorama que conduz a uma imersão na perspectiva do excluído e um mergulho no labirinto do artista. Onde o passado e o presente se fundem, assim como elementos da religião, do simbólico e questões sociais que se apresentam como um pano de fundo onde a realidade e a ficção se misturam.

O enredo utiliza a dicotomia loucura/liberdade, num sentido metafórico. A impermanência das coisas se estabelece como a própria estrutura dramatúrgica, em que os atores continuamente desconstroem uma realidade cênica para construir outra, criando uma atmosfera dual entre loucura e prisão, arte e liberdade de expressão.

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O espetáculo é resultado de um processo criativo/colaborativo que reuniu, durante um ano e meio de pesquisa, artistas de diversas áreas e oriundos de diversas cidades da Baixada Santista. Com direção de Kadu Verissimo, o trabalho, e resultado de muita pesquisa e experimentos realizado pelos atores-criadores que neste trabalho tem papel fundamental pois são responsáveis por toda a concepção do espetáculo.

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O ponto de partida é a Praça Mauá. A partir dali, varias cenas acontecem em diversos pontos do Centro Histórico de Santos, até que o público chega à Casa da Frontaria Azulejada, onde será convidado a entrar e assistir o desenrolar do espetáculo. Em cada rua, cada esquina, o espectador pode se deparar com personagens que estão todos os dias nas ruas e que muitas vezes passam desapercebidos por nossos olhares treinados e ignorar tudo o que não nos convém.

O ingresso é um kilo de alimento não perecível que será doado ao Fundo Social de Solidariedade de Santos e o público deve retirar senha para assistir meia hora antes na Praça Mauá com a produção do espetáculo. Encenações todos os domingos de outubro e novembro de 2013.

Este projeto foi contemplado com o FACULT/2012.( Fundo de Assistência a Cultura) e tem apoio da Prefeitura Municipal de Santos, Secretaria de Cultura, Secretaria de Turismo, Fundação Arquivo e Memoria, Vila do Teatro, Superbacana Produções e Casa 3 de Artes.

Sobre o espetáculo

“Desvio de percurso para a “Nau dos Insensatos” – um convite ao perder-se

O projeto, experimental por essência, foi concebido inicialmente como um processo de imersão na produção artística de Arthur Bispo do Rosário e de Stela do Patrocínio, mas ganhou dimensões maiores, transcendendo a proposta inicial.

Estabelecendo organicamente uma viagem profunda na chamada “loucura”, em seus vários momentos históricos, nuances e tratamentos sociais. O próprio processo é per si bastante denso e revelador, por estabelecer um caminho de vivências, que reuniu atores, não-atores, pesquisadores, interessados em geral, e vários “loucos”, que durante 15 meses se entregaram ao estudo e ao processo, percorrendo caminhos, experimentado desvãos, vazios e medos, arriscando mergulhos e múltiplos questionamentos e inquietações, numa intensidade transformadora.

O processo é a obra e não o seu resultado.

Buscou-se durante o percurso, o encontro com os abismos dos incompreendidos, sejam artistas, poetas, profetas, sábios, encarcerados, desfigurados, desordenados – mas libertos dos grilhões e conformações sociais. Essa imersão evoca em vários momentos a chamada “Nau dos Insensatos”, transportando os tipos sociais que a sociedade excluiu, encarcerou, evitou, maltratou e não quis (ou não conseguiu) entender. Lembrando que a loucura está bem ao lado de todos nós, como uma sombra, relacionando as fraquezas, ilusões e sonhos, e representando um sutil relacionamento que o homem mantém consigo mesmo. É um tênue fio que separa lucidez e sombra.

A loucura não diz respeito à verdade do mundo, mas sim ao homem e à verdade que ele distingue de si mesmo. Ela pode ser o refugio, a prisão, mas também a liberdade criativa. O que fazer com ela é que pode ser trágico e cruel e principalmente revelador dessas sombras. O percurso é um convite ao embarque em uma viagem simbólica em busca de histórias de seus destinos e verdades, de onde ninguém sairá indiferente.”
Adriana Gianvecchio.

A loucura das ruas é livre, assim como é livre o louco inserido no contexto urbano, ainda que prisioneiro de seus delírios e abandonado a própria sorte. O louco já foi o sábio de outrora, o que permeava universos desabitados e o excluído.

Abandonado ou encarcerado, o louco é a representação da liberdade, uma metáfora de que não é possível não se ajustar aos moldes da cultura, pois esse liberto será sempre rejeitado, “a alegoria da caverna de Platão” é muito reveladora desses contextos. No entanto, a loucura em cada época é compreendida como um espelhamento da forma como se lida com as diferenças e com os que seguem outras rotas, além das impostas pela cultura. Como diz Tom Zé: a tradição é composta por uma multiplicidade de medos. E analogamente a liberdade é composta da experimentação e do lançamento rumo ao desconhecido, aos desmoldes.

Esse percurso cênico, promove um encontro com Bispo do Rosário com Estela do Patrocínio e todo universo de abandonados que permeiam os centros de cidades, esquinas e ruas, portas de igrejas, marquises, bancos de jardins. Mesclando delírio, arquitetura e arte, A peça “Projeto Bispo” vai traçando um panorama que conduz a uma imersão na perspectiva do excluído e um mergulho no labirinto do artista. Onde o passado e o presente se fundem, assim como elementos da religião, do simbólico e questões sociais que se apresentam como um pano de fundo onde a realidade e a ficção se misturam. O enredo utiliza a dicotomia loucura/liberdade, num sentido metafórico. A impermanência das coisas se estabelece como a própria estrutura dramatúrgica, em que os atores continuamente desconstroem uma realidade cênica para construir outra, criando uma atmosfera dual entre loucura e prisão, arte e liberdade de expressão. O Manto da Apresentação, com seus símbolos e vai se desvelando em tramas e ritos e apresentando suas tramas de desenganos, auto-enganos e mascaramentos sociais. A peça é um convite ao abismo que todos carregam e que apenas alguns estartam…

Adriana Gianvechio

Serviço
PROJETO BISPO – Tratados como bicho, comportam-se como um
Estreia – Domingo 06/10 as 18h. Saida na Pça Maua
Temporada: Todos os domingos ate o final de Novembro sempre as 18h com saída da Pça Maua.
Ingresso: 1kg de alimento não perecível que devera ser trocado meia hora antes do espetáculo na Pça Maua
Lotação: 50 pessoas por sessão ( dentro da frontaria) o trajeto pelas ruas e livre.
Itinerário:

Ficha Técnica

Atores Criadores

Junior Brassalotti
Juliana Sucila
Vanuzia Moreira
Renata Carvalho
Rafael de Souza
Rony Magno
Wendell Medeiros
Lucas Oliveira
Malvina Costa
Cicero Santos

Assistência Geral
Junior Texaco

Direção
Kadu Veríssimo

Assessoria de Imprensa
Luiz Fernando Almeida ( Superbacana Produções )

Designer Gráfico
Betinho Neto

Fotos
Rodrigo M Morales

Apoio
Prefeitura Municipal de Santos
Secretaria de Cultura de Santos
Secretaria de Turismo de Santos
Fundaçao Arquivo e Memoria
Superbacana Producoes
Casa 3 de Artes
Vila do Teatro