Novembro Azul: precisamos falar sobre autocuidado masculino
Chegou novembro e, com ele, a cor azul começa a aparecer nos prédios públicos, nas redes sociais e até nos perfis dos amigos por aí. Não é à toa: novembro é o mês de atenção à saúde masculina. O alerta está ligado em Santos. A cidade já deu início a mais uma campanha de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata. As policlínicas estão de portas abertas para exames e orientações.
O assunto é importante para todo mundo, porque o câncer de próstata ainda é um dos campeões de incidência entre os homens brasileiros. A campanha do Novembro Azul em Santos traz novidades. Ela reforça o convite para moradores, especialmente a partir dos 45 anos, buscarem os exames preventivos – tudo com acesso facilitado nas unidades de saúde da cidade.
Por que falar sobre câncer de próstata agora?
Os números mostram. Câncer de próstata é o tipo de câncer mais frequente entre homens no Brasil, atrás apenas do de pele não-melanoma. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima, só para 2024, mais de 70 mil novos casos no país.
A boa notícia é que, quanto antes for descoberto, maiores as chances de tratamento e cura. A má notícia é que muita gente ainda adia o check-up por medo, desinformação ou preconceito. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, cerca de 20% dos homens nunca realizaram o exame de PSA ou o toque retal, mesmo em faixas etárias de maior risco.
A campanha Novembro Azul aproveita o mês para tentar virar esse jogo. Além de lembrar da importância de identificar o câncer de próstata cedo, o período também ajuda a quebrar tabus que afastam os homens dos consultórios. A campanha incentiva conversas mais abertas não só sobre exames, mas sobre saúde em geral. Por aqui, há um foco especial em envolver familiares, parceiros e amigos nessa rede de apoio.
Como funciona a campanha em Santos este ano
Em 2025, a cidade já viu uma redução considerável no número de óbitos ligados ao câncer de próstata: foram 32 registros, metade dos registros em 2024. Isso só reforça a importância de campanhas como a do Novembro Azul e o impacto das ações de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata.
E a principal mensagem da campanha em Santos é direta: não precisa esperar sentir nada estranho para procurar atendimento. Moradores a partir de 45 anos, incluindo homens cis, mulheres trans e travestis, podem ir até a policlínica de referência no bairro para agendar, com o pessoal da enfermagem, a coleta dos exames de sangue. Não é necessário passar por consulta médica antes desse agendamento.
Entre os exames oferecidos está o famoso PSA (antígeno prostático específico): um marcador sanguíneo que pode indicar alterações na próstata. Caso o resultado mostre algo fora do esperado, o paciente já é encaminhado ao urologista para investigação detalhada. E, já que o check-up está na mão, a coleta inclui ainda hemograma completo, colesterol, função renal, função do fígado e até hormônios da tireoide. São oportunidades para colocar a saúde em dia, de verdade.
O secretário de Saúde, Fábio Lopez, reforça que:
“Os homens costumam procurar menos o serviço de saúde, e a campanha é um lembrete de que isso pode (e deve) mudar”.
Além da consulta médica
Vale lembrar que saúde masculina não é só física.
Masculinidade, autoconhecimento e a saúde mental têm um papel fundamental no bem-estar do homem.
Segundo a psicóloga clínica Andrea Beltran, não se pode deixar de envolver questões de saúde emocional no cuidado masculino. Ela explica que, muitas vezes, o tabu sobre o exame não tem só a ver com o procedimento em si, mas sim com as dificuldades enfrentadas pela maioria dos homens para lidar com vulnerabilidade. Eles enfrentam dificuldades para admitir fragilidades e trabalhar o autoconhecimento. Sentimentos como medo do diagnóstico, receio de perder potência sexual ou mesmo de admitir incertezas são comuns nesse universo.
O tema volta com força nesta campanha em 2025. A mensagem é para os homens encararem o autocuidado como um gesto de coragem e não como sinal de fraqueza. Buscar acompanhamento psicológico, conversar sobre emoções ou, simplesmente, permitir-se tempo para cuidar de si mesmo agora faz parte do pacote do Novembro Azul. A expectativa é que a discussão ajude a quebrar estigmas que atravessam gerações e crie um ambiente mais acolhedor para todos.
Em paralelo ao olhar médico, muitos espaços de saúde e grupos terapêuticos passaram a oferecer acolhimento psicológico. Eles promovem encontros sobre masculinidades e troca de experiências sobre autocuidado. Essas iniciativas vêm se tornando mais comuns em ambulatórios, consultórios e associações de bairro da Baixada Santista.
Ao ampliar a conversa e ter novos olhares sobre o que é ser homem atualmente, toda a sociedade dá um passo importante para uma vida com mais qualidade, menos estigma e mais autocuidado.
