Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

Ela estava na UTI e se recuperou depois da visita de seu jabuti de estimação

Os olhos de Maria do Socorro Sampaio estão cheios d’água.

Há 60 dias internada no Hospital de Cubatão, após ter três infartos e passar por um cateterismo, ela perdeu a noção do tempo. A senhora de 62 anos sentia como se estivesse longe de sua casa há muito mais tempo e a saudade apertava o peito.

Cada pequeno detalhe de sua rotina fazia falta. Dois deles, no entanto, são os que ela mais se importa.

“Minha filha e a Nina, meu jabuti de estimação”

Na última quinta-feira, o inimaginável aconteceu: recebeu a visita de ambos no hospital. Automaticamente, um sorriso se abriu e pode ser percebido mesmo com a máscara cobrindo metade do rosto. Enquanto isso, os olhos ficaram cheios de lágrimas. Apesar de ainda estar debilitada, ela se sentiu em casa naquela manhã de quinta-feira.

O que importa para você?

Ângela, filha da Maria do Socorro, e Nina, o jabuti, puderam visitá-la graças ao movimento “O que importa para você?”. Que, em resumo, busca humanizar a relação entre pacientes e equipe do hospital, ao identificar quais são os desejos dos pacientes e, na medida do possível, tentar realizá-los.

A iniciativa existe desde 2010 nos Estados Unidos. No Brasil, o Hospital de Cubatão foi o primeiro administrado pela Fundação São Francisco Xavier a implementá-la – em agosto de 2020.

“Esse foi o dia mais feliz, que eu não vou esquecer. A Nina faz parte da minha vida, meu bichinho que eu amo. E a minha filha é tudo o que eu tenho, meu porto seguro”, conta com os olhos cheios de lágrimas.

juicysantos.com.br - visita de seu jabuti na UTI de hospitalImagem: Divulgação

Outros pacientes também puderam dizer o que desejavam. O principal pedido foi por comida caseira preparada por alguém que amam. O que também ajuda a matar a saudade da rotina.

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A professora Elizângela Sales da Silva, por exemplo, estava internada há nove dias e pediu para tomar uma vitamina que preparava em casa.

Pode parecer pouco, mas faz diferença

Para além da emoção de ver a filha e seu bichinho de estimação, Maria do Socorro sentiu sede de viver novamente. Em outras palavras, a melhora no seu humor foi perceptível. Quem observou e nos conta é a supervisora das UTIs e Pronto Atendimento, Samandha Gagliardi Iannuzzi.

“Nós vimos isso no processo de cura dela. Porque, durante o dia, depois que a filha e o animalzinho de estimação foram vê-la, ela aceitou melhor a alimentação, que vinha rejeitando. Foi muito emocionante e gostoso para nós que prestamos assistência diariamente”,

Como resultado, no período da tarde da mesma quinta-feira ela teve alta da UTI e foi levada para um dos quartos do hospital. Onde está muito mais próxima de conseguir voltar para sua casa e ficar perto do que mais importa para ela.