Texto porFlávia Saad
Santos (SP)

Tem mais gente morando em apartamentos em Santos do que em casas

Onde fica o lugar que você chama de lar? Se a resposta foi “em um prédio”, então você faz parte da estatística. Cerca de 2/3 da população mora em apartamentos em Santos. 

Esse dado pertence ao Censo Demográfico 2022, divulgado em fevereiro de 2024.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), das 5.570 cidades do país, apenas Santos, Balneário Camboriú (SC) e São Caetano do Sul (SP) abrigam mais habitantes em apartamentos do que em casas.

Apenas três dos 5.570 municípios brasileiros têm mais pessoas morando em apartamentos do que em casas, de acordo com dados do Censo Demográfico 2022* divulgado hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esses municípios contrariam o índice nacional, já que 84,8% da população brasileira reside em casas. No entanto, 25,2 milhões de pessoas já vivem em apartamentos, o que mostra uma tendência que avança com o tempo.

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Esta matéria do UOL aponta que houve um aumento em comparação com o CENSO 2010: 8,5% para 12,5% da população total de lá pra cá. Se voltarmos para o ano 2000, a proporção quase dobrou no Brasil. No ano de 2010, Santos tinha 91.228 apartamentos e, em 2022, a quantidade subiu para 112.401. Ou seja, surgiram mais de 20 mil apartamentos em Santos em 12 anos.

Em Santos, a gente já vê isso desde o registro anterior do IBGE. Em 2010, a cidade mais vertical do Brasil foi, também, a única que tinha a maioria de sua população morando em apartamentos – de 57,8% para 63,4% em 2022.

Estes são os municípios com maior percentual de apartamentos no Brasil

1º lugar – Santos (SP)  – 63,45%
2º lugar – Balneário Camboriú (SC)-  57,22%
3º lugar – São Caetano do Sul (SP) – 50,77%
4º lugar – Vitória (ES) – 45,4%
5º lugar – Porto Alegre (RS) – 42,36%
6º lugar – Viçosa (MG) – 41,68%
7º lugar – São José (SC) – 41,05%
8º lugar – Niterói (RJ) – 40,2%
9º lugar – Itapema (SC) – 38,76%
10º lugar – Florianópolis (SC) – 38,64%

E por que há mais pessoas morando em apartamentos em Santos?

Por Santos ser 2/3 de uma ilha, sua parte urbana está quase que totalmente ocupada. Se alguma vez você já ouviu falar sobre a escassez de áreas “úteis” (entre muitas aspas) por aqui, os dois fatores estão relacionados. Antes, as construtoras buscavam terrenos e casas para adquirir e construir, agora não é raro ver prédios de três andares ou conjuntos de casas com mais de um pavimento indo abaixo para dar lugar a condomínios maiores.

E isso porque estamos falando, basicamente, da orla. Quando adentramos a área continental de Santos e as zonas periféricas, a configuração de casas ainda é mais comum.

Outra questão, apontada pelo arquiteto e urbanista Nabil Bonduki no Jornal da Usp, tem a ver com o aluguel de imóveis. Muitos proprietários preferem alugar apartamento em Santos de forma temporária ao invés de um residente permanente, porque teoricamente dá mais dinheiro.

“Esse fenômeno é inevitável que esteja acontecendo, o que nós precisamos é ter uma melhor regulamentação, para que isso não gere uma elevação excessiva dos valores de aluguéis, que está acontecendo, principalmente nos bairros mais centrais, melhor localizados da cidade”.

Vale mencionar que o Brasil tem 11 milhões de imóveis vazios e 6 milhões de famílias sem ter onde morar. Isso se chama crise habitacional.

Ou seja, sempre falamos sobre o lado bom de morar em Santos, mas precisamos o tempo todo lembrar que uma cidade justa e sustentável para todos e todas deve ter, no mínimo, espaço para a nossa gente viver, trabalhar e ter lazer.

*além de casas e apartamentos, o IBGE também lista entre os tipos de habitação casa de vila ou em condomínio, habitação em casa de cômodos ou cortiço, estrutura residencial permanente degradada ou inacabada e habitação indígena sem paredes ou maloca.