Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

Pagu e as histórias em quadrinhos: outro pioneirismo da mulher que nós amamos

Pagu mudou a economia do Brasil.

Escritora, poetisa, diretora, tradutora, desenhista, jornalista e militante política, ela iniciou a batalha pela construção do Teatro Municipal de Santos. Também criou a Associação dos Jornalistas Profissionais e a União do Teatro Amador de Santos. Além disso, o Festival de Teatro Amador de Santos (o FESTA), o mais antigo ainda existente no país, tem os dedos da musa do movimento modernista brasileiro.

Apesar de não ter nascido em Santos, foi na cidade que Pagu iniciou sua luta política, casou-se, teve filhos e faleceu, em 12 de dezembro de 1962.

Hoje, a gente quer te contar mais uma curiosidade sobre uma das mulheres brasileiras mais importantes de todos os tempos.

Você conhece a ligação da Pagu e as histórias em quadrinhos?

Essa é mais uma faceta de Patrícia Galvão. E, aliás, mais um de seus vários pioneirismos.

Rudá e Pagu na praia de Santos

Em resumo, durante o breve relacionamento com Oswald de Andrade, o casal fundou um jornal.

O Homem do Povo durou apenas oito edições, entre março e abril de 1931, pois foi censurado na Era Vargas. As poucas publicações foram mais do que suficientes para Pagu assinar uma coluna (intitulada A Mulher do Povo) e produzir tirinhas no periódico.

Os quadrinhos raramente figuram entre os trabalhos mais marcantes de Pagu. Prova disso é que muitas pessoas sequer conhecem essa faceta da pioneira, mas isso não tira a importância dos traços e deste feito.

Já que ela foi uma das primeiras mulheres brasileiras a atuar nesta área.

E sobre o que eram as HQs da Pagu?

De acordo com registros, a tirinha da Pagu se chamava Malakabeça, Fanika e Kbelluda.

juicysantos.com.br - Pagu e as histórias em quadrinho

Como não poderia ser diferente, a criação de HQs de Pagu era uma sátira aos costumes da época. E, mais do que isso, o cartum trazia como protagonista uma jovem revolucionária. Acredita-se que ela usou as próprias histórias como base das tirinhas.

Além disso, existem suposições de que uma das referências de Pagu, no que diz respeito aos desenhos, era Tarsila do Amaral – de quem ficou amiga antes do envolvimento com Oswald. Só para lembrar, o casamento de Tarsila e Oswald durou de 1926 a 1930.

As histórias eram apresentadas pela sequência de desenhos com legendas logo abaixo, como era comum na época. Após a extinção do jornal O Homem do Povo, há registros de que Pagu tenha desenhado para outros periódicos. Não se sabe o paradeiro destes desenhos, mas as oito edições iniciais com os trabalhos seminais de Pagu em HQs podem ser conferidas clicando aqui.