Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

A história e o pioneirismo da Ponte Pênsil em São Vicente

Um ícone. Essa é uma ótima maneira de definir a Ponte Pênsil.

Afinal, talvez você não saiba. Mas, mais do que um ponto turístico ou um lugar onde fotógrafos levam suas noivas para cliques pós-casamento, a construção tem uma história de pioneirismo. Isso porque foi a primeira ponte do gênero suspensa construída no país. Além disso, ela é considerada um patrimônio histórico pela Condephaat desde 1982.

Se você utiliza a ponte para chegar à Praia Grande ou então no caminho para o trabalho aqui em Santos, chegou o momento de descobrir a história deste cartão-postal vicentino.

Os 105 anos da Ponte Pênsil

A história da Ponte Pênsil começou em 1910. À época, o grande desafio lançado aos engenheiros Saturnino de Brito (o mesmo responsável pela construção dos canais de Santos) e Miguel Presgrave foi melhorar as condições sanitárias do local. E, consecutivamente, reduzir uma série de doenças causadas por conta da falta de saneamento.

No ano seguinte, as obras tiveram início de fato. Em resumo, a ideia central era que a ponte desse suporte à instalação de uma tubulação para conduzir o esgoto coletado em Santos e São Vicente para lançamento no Oceano Atlântico, na Ponta de Itaipu, onde hoje fica Praia Grande.

Para sua realização, todo o material teve de ser importado da Alemanha, pois a obra foi encomendada à Casa August Klonne, em Dortmund.

“Para os dias de hoje, a ponte não apresentaria dificuldades. Mas, tendo em vista a época da construção, dá pra afirmar que foi uma obra muito dificultosa. Principalmente porque não existiam aparatos tecnológicos.

Os cabos que dão sustentação à ponte são muito pesados. O trabalho certamente demandou muito esforço físico. O que hoje não seria necessário”, comenta Luiz Roberto Santine, professor de Engenharia.

Apesar do nível de dificuldade do projeto, a inauguração aconteceu pouco tempo depois. A obra foi entregue em 21 de maio de 1914.

Símbolo de desenvolvimento local

Assim como a entrega aconteceu rapidamente, também não demorou muito para perceber-se a relevância da Ponte Pênsil para o desenvolvimento de toda a Baixada Santista na época.

Primeiramente, a importância estava na diminuição de doenças, como era esperado. Em seguida, a construção se tornou um símbolo do avanço na mobilidade urbana. Naqueles dias, o acesso à Praia Grande, que ainda fazia parte de São Vicente, ocorria de maneira dificultosa.

Reformas na Ponte Pênsil

Tamanha a importância para a mobilidade, desde os anos 70 essa é a única função da ponte. Isso porque as tubulações de esgoto (que motivaram sua construção) foram removidas depois da construção do Emissário Submarino, aqui em Santos.

Sim, faz tempo que a ponte serve exclusivamente para ligar a Ilha de São Vicente ao continente.

Por conta desse trânsito intenso, várias reformas aconteceram ao longo dos anos. Então, se você confirmou presença em algum evento sobre a entrega da Ponte Pênsil durante a reforma mais recente, que aconteceu entre 2013 e 2015, saiba: essa não foi a primeira vez que ela foi interditada.

Imagem: Reprodução/IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas

Os primeiros reparos foram anos após a entrega. Há registros de novas pinturas e também de pequenos reforços nas bases. Na década de 90, uma grande reforma teve lugar, com a substituição do tabuleiro de madeira tão característico. O objetivo era habilitá-la para suportar o tráfego intenso de veículos.

Recentemente, entre os anos de 2013 e 2015, aconteceu a maior paralisação. Se acaso você nunca entendeu o motivo de a entrega ter atrasado tanto, eis aqui a explicação: além do piso, os cabos de aço também foram substituídos. E, mais uma vez, a Ponte Pênsil mostrou seu pioneirismo. Pela primeira vez, uma ponte brasileira passou por uma troca de cabos – apenas China, África e Escócia haviam feito esse trabalho até então.

Na época, os cabos trazidos da Alemanha foram trocados por um material trazido da Itália.

Vida e economia própria

De acordo com informações da Prefeitura de São Vicente, a ponte tem estrutura para aguentar até 540 toneladas. Mas o peso diário fica em torno 160 toneladas. O que não significa que são poucos carros passando por lá todos os dias.

juicysantos.com.br - Ponte Pênsil em São Vicente

Prova disso é que, para além da movimentação de veículos há também um microcosmo no entorno da ponte. São diversos vendedores ambulantes – que comercializam desde capas para volante até frutas frescas -, crianças pulando da ponte (o que não é permitido, hein?) e vários turistas que vão conhecer essa construção icônica.

“Quando eu me mudei para a Baixada Santista, foi um dos primeiros lugares que eu quis conhecer. Tinha visto no álbum de casamento de um prima que já estava aqui e achei a ponte lindíssima. Mesmo depois de anos, ainda adoro a ponte e sempre tiro fotos dela quando passo de carro”, comenta Marcus Almeida, um apaixonado pela construção.

Se você colocou esse local no automático, vale a pena passar por lá com um olhar de turista e apreciar a construção. E aqui vai a nossa última dica: a iluminação da ponte fica linda à noite e os bancos (que, aliás tem encosto da escultura da ponte) dão uma vista linda da ponte lá da Praia do Gonzaguinha.