Yasmin Rocha, a atleta da Baixada Santista que está brilhando no karatê
Se você acompanha o cenário esportivo da Baixada Santista, talvez já tenha ouvido falar o nome de Yasmin Rocha. Mas, se ainda não conhece, prepare-se para saber mais sobre a trajetória dessa jovem carateca que vem quebrando barreiras e conquistando medalhas. E tudo isso com muita garra, fé e uma paixão gigante pelo karatê.
De projeto social à elite dos tatames
Yasmin não nasceu em berço esportivo. Pelo contrário: o karatê entrou em sua vida graças a um projeto social, quando seus pais buscavam alternativas para mantê-la ocupada fora do horário escolar.
“Meus pais não tinham condições de me colocar numa escola particular ou me deixar com alguém. Então, meio período eu estudava e o outro ficava numa ONG”, relembra.
Foi ali, entre várias atividades, que ela descobriu o karatê – e foi amor à primeira vista.
Pois é, o talento logo apareceu. Em menos de um mês, Yasmin já estava em sua primeira competição, surpreendendo com um desempenho acima da média.
“O que começou como hobby virou minha paixão e, depois, minha profissão”, conta.
Não demorou para que ela se destacasse, sendo a única do projeto a seguir no esporte e já conquistando resultados expressivos.
Promessa que fala?
Hoje, ela treina pelo SESI-Cubatão. E, entre suas principais conquistas, estão:
- Bicampeã Paulista nas categorias Sub-21 e Sênior do Campeonato Paulista de Karatê, consolidando-se como uma das principais atletas do estado em 2025;
- Medalhista Pan-Americana em 2025 aos 20 anos. Essa foi sua primeira medalha em um Campeonato Pan-Americano;
- Convocação para a Seleção Brasileira de Karatê por três anos consecutivos, sendo destaque na categoria kumite feminino Sub-21 e, mais recentemente, buscando a vaga na seleção sênior/adulta;
- Representou o Brasil no Campeonato Sul-Americano de Karatê em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, em 2024, após classificação na Seletiva Nacional;
- Figura entre as primeiras colocadas no ranking nacional de karatê.
Superação: outras lutas
Quem pensa que a trajetória foi fácil se engana. Yasmin faz questão de lembrar dos desafios diários, principalmente a falta de apoio financeiro.
“Sempre tive muita dificuldade para conseguir patrocinador ou qualquer tipo de apoio desde o início. Essa foi a parte mais difícil e continua sendo até hoje”, desabafa.
Ela explica que, por não ter tanta visibilidade na mídia, o karatê acaba não recebendo o suporte que outros esportes têm – o que torna cada conquista ainda mais significativa.
Mas o brilho de Yasmin chamou a atenção de uma grande empresa da região, o Grupo Yamam. Eduardo Freire, diretor financeiro, conheceu a jovem por meio do treinador dela. Foi assim que, em um grupo de Whatsapp, um pedido de um amigo virou patrocínio para que a atleta chegasse ao Panamericano de Karatê, em Monterey, no México. Do contrário, ela não teria ido ao campeonato.
“Infelizmente, é um esporte que não tem tanta visibilidade no Brasil. Então, quando surgiu a oportunidade de ajudarmos a Yasmin a viajar para a competição, abraçamos essa causa”, explica Freire.
Referências que inspiram
Yasmin se inspira em grandes nomes do esporte e, principalmente, em sua família.
“Meus pais são minha maior referência de determinação e caráter”, afirma.
No tatame, Yasmin admira a colega Brenda Padilha, campeã internacional com quem treina diariamente, e o tricampeão mundial Douglas Brown.
“Almejo chegar onde ele chegou e conquistar os títulos que ele conquistou”, revela.
2025: o ano do salto de Yasmin Rocha
Se a caminhada foi marcada por desafios, 2025 está sendo o ano de virada para Yasmin Rocha. Ela celebra, com orgulho, sua evolução na categoria adulta e o fato de ter conquistado sua primeira medalha em um Pan-Americano, feito inédito em sua carreira, mesmo já integrando a seleção brasileira há três anos consecutivos.
“O ponto alto da minha carreira está sendo neste momento”, comemora.
E ela quer mais: o objetivo agora é terminar o ano como a número 1 do ranking nacional para garantir a vaga na seleção sênior/adulta.
“Quero correr o ranking internacional, ter resultados expressivos e chegar a um Mundial adulto”, planeja.
Apoio que faz diferença
Em meio a tantas dificuldades, Yasmin faz questão de agradecer quem acredita em seu potencial. O apoio da empresa Yaman foi fundamental para que ela pudesse disputar o Pan-Americano.
“É inspirador saber que existem pessoas como o Eduardo e todos na Yaman, que vibram conosco e apoiam o esporte”, diz.
Ela reforça a importância de mais empresas e pessoas físicas se engajarem no apoio ao esporte brasileiro. E faz, ainda, um apelo para que o poder público também olhe para todas as modalidades, inclusive as paralímpicas, com mais atenção.
Fé que move montanhas
Além de toda a dedicação nos treinos e competições, ela leva consigo uma fé inabalável. Cristã evangélica, ela faz questão de dar crédito a Deus por cada conquista.
“Tudo o que conquistei e tenho conquistado não foi somente pela minha capacidade. Deus tem me capacitado todos os dias e me dado força para estar onde estou”, afirma.
Yasmin é, sem dúvida, um nome para ficar de olho. E, mais do que medalhas, ela conquista corações e mostra que persistência, amor e fé tornam sonhos realidade.