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Estação do Valongo: uma joia da arquitetura de Santos

Imagine a viagem de subida e descida da serra entre Santos e São Paulo de trem. O “fretado” do século 20 era assim. Por mais de 100 anos, o trem que saía da Estação do Valongo funcionou como o principal meio de transporte dos paulistanos para Santos (e vice-versa). E essa construção e suas fundações ajudam a recontar as narrativas de período muito bem-sucedido da história do Brasil – e de Santos.

É praticamente impossível passar pela Estação do Valongo, no bairro em Santos de mesmo nome, e não pensar em uma viagem no tempo.

Com seu telhado característico e cheia de detalhes, esse edifício em estilo neoclássico com influências vitorianas foi a primeira estação de trem do estado de São Paulo e fez parte de uma das primeiras ferrovias do Brasil.

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Atualmente, temos em Santos uma das estações de trem mais bem preservadas do Brasil.

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A história por trás da construção da Estação do Valongo

Uma obra de engenharia ferroviária que conta um pouco da história de prosperidade do Brasil e da cidade de Santos. E esse empreendimento teve início graças à ousadia do Barão de Mauá. Foi dele a ideia de construir a Estação Santos da São Paulo Railway – apesar de o financiamento ter vindo dos cofres ingleses.

Irineu Evangelista de Sousa, industrial e político brasileiro, representa o pioneirismo da industrialização no Brasil e um símbolo dos empreendedores brasileiros do século XIX. Liberal, abolicionista e um homem à frente de seu tempo, investiu em obras de infraestrutura, fundou um banco e foi até ministro da Fazenda do Brasil.

Imagine caminhar pelos corredores de um edifício que ouviu pela primeira vez o apito de um trem em 1867.

Transformação e desenvolvimento chegaram de trem

No século XIX, Santos já figurava como uma cidade inovadora por conta de seu porto estratégico. Para facilitar a conexão entre interior e litoral e estabelecer uma rota de transporte de café e outras mercadorias, a ferrovia ligava Jundiaí a Santos, sendo que, por 8 km, esse trecho incluía a Serra do Mar. Só de pensar na beleza desse trajeto a gente já fica arrepiada…

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Embora o Barão de Mauá tenha enfrentado desafios financeiros, a estrada de ferro continuou sua operação e desempenhou um papel crucial no escoamento do café. E esse pedaço da história você talvez já conheça: essa riqueza do “ouro negro” ajudou a construir São Paulo e o Brasil. E a ferrovia também atuou como meio de transporte de imigrantes vindos da Europa para trabalhar no Brasil.

A presença da estação na paisagem urbana até hoje serve para nos contar sobre o momento de transformação urbana ocorrida nas áreas central e portuária da cidade de Santos.

Este post do blog Estações Ferroviárias tem ótimos depoimentos e recortes de jornais que retratam a importância do equipamento, um símbolo do desenvolvimento socioeconômico do estado de São Paulo.

Com o passar dos anos, a estrada de ferro recebeu novos nomes e transferiu-se para diferentes administrações. Por fim, deu lugar à atual concessionária MRS.

O telhado da Estação do Valongo

Esse é um detalhe arquitetônico que chama muito a atenção de quem olha para o prédio. Trata-se de um telhado de duas águas, com uma torre central. A cobertura em declive é um traço tipicamente europeu para lidar com a neve, o que torna tudo ainda mais curioso em se tratando de uma construção em Santos.

As mansardas elegantes que coroam a edificação se estendem pelas varandas de ferro, cuja função era oferecer abrigo aos viajantes, independentemente das condições climáticas.

Ao observar a torre da estação, dá pra ver os leões que simbolizam o poder do império britânico. Faz todo sentido, já que os ingleses fizeram o projeto da Estação do Valongo. Vale lembrar que, nessa época, essa nação dominava o cenário econômico global.

Além disso, o sino e o relógio da estação lembram a precisão britânica nas chegadas e partidas. O relógio estava sem funcionar até 2017, no centenário da estação, quando voltou a marcar as horas.

A arquitetura da Estação do Valongo

Desde sua inauguração, o imóvel passou por algumas mudanças e reformas, incluindo a adição de um segundo andar, torreões e detalhes em ferro, que enriquecem ainda mais sua estética.

Quando surgiu, em 1865, a estação apresentava um estilo neoclássico, empregando materiais como ferro, tijolos e vidros industrializados. Pode parecer banal atualmente, mas, até então, esses itens eram utilizados de forma basicamente artesanal.

Em 1895, a SP Railway modificou o imóvel, aplicando estilo neorrenascentista de influência francesa.

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A estação foi desativada em 1996 e parou de transportar passageiros e, em 2004, passou por uma minuciosa restauração. Seis anos mais tarde, o CONDEPHAAT tombou o prédio.

Para informações técnicas sobre a arquitetura e o tombamento, recomendamos este conteúdo no site iPatrimônio.

Rolê gastronômico

Hoje, a estação abriga a Secretaria Municipal de Turismo de Santos. Desde 2012, no térreo, está o restaurante-escola Estação Bistrô, lugar imperdível para comer bem e ajudar uma boa causa.

Isso porque o local, uma parceria entre a prefeitura da cidade e a UniSantos, fornece capacitação para alunos de Gastronomia e para pessoas em situação de vulnerabilidade social, para que elas aprendam sobre o setor de alimentação e serviços e possam iniciar uma carreira nesse ramo.

E vamos de bonde…

Para completar a visita ao passado, não deixe de conhecer a rota do bonde turístico de Santos. Ele parte da Estação do Valongo e circula pelo Centro Histórico com um guia. E, em frente, você encontra o Museu Pelé em outro casarão histórico.

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Aos fins de semana, a feira de artesanato Feito em Santos ocupa a parte da frente da rua, com produtos de pequenos empreendedores locais. Além disso, eventos como festivais culturais, encontro de carros antigos e shows costumam movimentar esse espaço ao longo do ano.

Não importa se você é santista ou está fazendo turismo em Santos, essa relíquia da arquitetura de Santos deve estar no seu roteiro de coisas para fazer na cidade.

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