SOS Só Riso completa 10 anos de trabalho em Santos
Pálidos e gelados, os corredores dos hospitais carregam consigo um ar de desolação, especialmente na ala infantil.
O cenário só muda aos sábados, por volta das 14 horas, quando os palhaços do grupo SOS Só Riso começam a sua jornada de trabalho pelas clínicas santistas.
Há 10 anos, os pacientes dos hospitais Guilherme Álvaro, Santa Casa da Misericórdia de Santos, Ana Costa e Infantil Gonzaga recebem as coloridas visitas.
De jaleco, maquiagem, nariz de palhaço e outros acessórios para divertir a criançada e, por alguns minutos, faze-las esquecer daquele cenário, os voluntários vão de quarto em quarto.
A ideia de prestar esse tipo de serviço foi inspirada nos Doutores da Alegria.
Atualmente, a ONG conta com 35 voluntários que, diferente do primeiro grupo formado, não têm nenhum custo ou lucro.
Do nariz vermelho a bolinha de sabão, tudo é fornecido gratuitamente.
A única coisa que precisam levar são os sorrisos e a vontade de fazer à tarde de sábado daquelas crianças mais felizes.
Logística
Cada palhaço precisa participar de, no mínimo, metade das ações em cada mês.
A turma se reúne na sede da SOS Só Riso para se arrumar e dividir as duplas que vão trabalhar em cada hospital. No fim do dia, todos se encontraram para irem à Santa Casa, local que concentra o maior número de pacientes.
O transporte é feito de van, graças à Executiva (uma das empresas que apoia o projeto). Mas já houve um tempo em que todos iam andando até os hospitais.
“Quando conseguimos a van deu um ânimo a mais para a galera, por não chegar lá molhado de suor ou da chuva”.
Agora que os figurinos desembarcam em perfeito estado, o único problema é que algumas crianças ou mães têm medo de palhaços. Mas, segundo o grupo, a aceitação é praticamente unanime.
“As crianças absorvem muito o que a gente fala. É diferente de uma enfermeira que vai lá, fura o braço dela e manda ela tomar aqueles remédios. Eles vem como se fossemos do mesmo time, por que a gente entra brincando”.
Um dos casos lembrados com sorrisos é do pequeno garoto que recebeu uma cirurgia do chulé, com direito a bexigas e bolinhas de sabão.
Os palhaços o orientaram a não mexer o pé operado nos dias seguintes.
E não é que o menino levou a sério?! A mãe dele precisou procurar os voluntários e pedir para que eles dessem alta antes de irem embora.
Mas nem todas as histórias têm esse final feliz. Há casos de voluntários que se apegam à crianças e não conseguem continuar o trabalho quando o desfecho hospitalar foi negativo; outros passam mal ao entrar no ambiente da UTI e se emocionam a cada ação.
É por isso que, para ser um voluntário, existe um processo seletivo.
“Não exigimos que seja ator ou palhaço, até porque damos a preparação necessária. O que queremos saber é se a pessoa sabe trabalhar em grupo e se tem preparo emocional para fazer parte disso”.
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Quem quer ajudar pode ficar de olho no site da ONG: sempre que abrem inscrições, eles alertam por lá e pelo Facebook.
Outra forma de ajudar é sendo uma empresa apoiadora ou indo aos eventos que são organizados quando há necessidade de arrecadar dinheiro para reformas ou compras que não fazem parte do orçamento normal.
Evento
No dia 15 de julho (sexta-feira), por exemplo, acontece a Pizza Besteirológica.
O jantar, com pizza brotinho à vontade (R$ 25 + 1kg de alimento), comemora os 10 anos da ONG e irá arrecadar fundos para a reforma da sede.
“Dessa maneira, a comunidade nos ajuda. Nós não aceitamos dinheiro, temos cotas de patrocínio que cobrem apenas as necessidades. Em casos que precisamos de dinheiro extra. fazemos eventos ou rifas. As pessoas também podem colaborar divulgando o nosso trabalho, é bem importante”.
Se você quiser ajudar a colorir os corredores pálidos e gelados dos hospitais santista, participe do evento.
Para essa turma, cada sábado significa uma nova produção de sorrisos; é um tempinho em que levam calor e esperança para famílias que anseiam pela melhora das crianças.
E estudos já comprovaram que sorrir é o melhor remédio.